Micro Cosmo
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10/04/95

< Diretórios >


Dê uma olhada em volta de seu micro e pegue um qualquer desses discos de 3”1/2 e alta densidade que estão espalhados por aí (e não me venha dizer que não há discos espalhados em volta de seu computador, que não acredito). Provavelmente, nele há diversos arquivos. Como saber quantos e quais são?

Nesso ponto, impossível não abrir um parênteses. Que é o seguinte: há cinco ou seis anos eu não teria a menor dúvida sobre o que lhe dizer para fazer agora. Pois, mesmo que você não fizesse a menor idéia sobre o que fosse um “sistema operacional”, eu poderia afirmar com certeza quase absoluta que estaria usando o DOS. Mas hoje tudo está muito mais complicado. E para evitar uma longa digressão que, no momento, só serviria para complicar ainda mais as coisas, vamos estabelecer o seguinte: “sistema operacional” é um programa muito importante. Tanto, que micro algum funciona sem ele, pois é o sistema operacional que controla a máquina. E tão importante que, mais adiante, dedicaremos colunas e mais colunas apenas a ele. E, mesmo antes disso, freqüentemente nos referiremos a ele como se fosse nosso velho conhecido. Mas, por enquanto, isso é tudo que será dito sobre o assunto. Além de constatar que, se você usa um micro da linha PC, é quase certo que esteja usando um dentre quatro sistemas operacionais: DOS, Windows (que não é exatamente um sistema operacional, mas para todos os fins práticos se comporta exatamente como se fosse), OS/2 ou Windows NT.

Se ainda está usando o DOS puro eu diria que, além de ser um exemplar de uma espécie em extinção, você: a) tem um micro “devagar-quase-parando”, tipo XT ou 286; b) é um saudosista; c) está mais perdido que cégo em tiroteio ou d) todas as respostas anteriores. Em compensação, para acompanhar a coluna de hoje não vai precisar de mais nada. Já se usa Windows, OS/2 ou Windows NT, então vai ter que abrir uma sessão DOS. O resultado será o mesmo: você se verá diante de uma tela (ou janela) vazia, com um cursor piscando, através da qual pode controlar o computador entrando com comandos via teclado e premindo a tecla ENTER para finalizar a linha na qual o comando foi digitado. A essa forma de interagir com o micro (ao invés de mover o cursor do mouse e clicar sobre ícones ou opções em menus) chama-se “linha de comando”. Ela era a única forma de se entender com a máquina há cinco ou seis anos atrás, na era do byte lascado. Mas não se assuste: vamos usá-la apenas um momento para entender a anatomia dos discos e logo você estará de volta à segurança de sua tela gráfica. Portanto, abra sua sessão DOS que eu fecho meu parênteses.

Então, vamos lá: introduza o disquete no drive correspondente (que vamos aqui supor ser o drive “B”), digite “DIR B:” em sua linha de comando e tecle ENTER. Se você reparar no drive, vai notar que seu led (aquela luzinha verde ou vermelha que indica que o drive está funcionando) vai piscar rapidamente e, na tela (ou janela da sessão DOS) aparecerão algumas linhas contendo informações. Nas primeiras encontram-se dados genéricos sobre o disco, como nome do volume e seu número de série, que discutiremos adiante. As seguintes correspondem, cada uma, a um arquivo contido no disco e informam o nome completo do arquivo (ou seja: nome propriamente dito e extensão, cujas regras de formação serão discutidas mais tarde) e seu tamanho em bytes, além da data e hora da criação (ou última modificação). A penúltima informa o número total de arquivos contidos no disquete e o total de bytes usados por eles. E a última mostra o total de bytes livres (ou disponíveis para gravar arquivos) no disco.

Você acabou de efetuar uma ação das mais simples: executou um dos comandos mais elementares do sistema operacional. Mas, aqui em nosso MicroCosmo, ela vai dar muito pano pra manga. Destrinchê-mo-la, pois.

“DIR” é a abreviação de “directory”, ou diretório. Que nada mais é que, justamente, aquele conjunto de informações que lhe foi fornecido, ou seja, a lista do conteúdo do disquete (o nome parece estranho até você lembrar que “directory” é o nome que se dá, em inglês, à lista telefônica). E, se seu disquete contiver um número muito grande de arquivos, o comando DIR vai resultar em uma chusma de linhas que correm rapidamente pela tela e desaparecem na parte de cima, podendo se estender por diversas telas (se isso acontecer e você quiser que a lista “pare” quando cada tela for inteiramente preenchida, digite “DIR /P”). Não obstante, para buscar no disco todas essas informações antes de exibi-las, o led do drive deu apenas sua costumeira - e rapidíssima - piscadinha. Será que o micro esquadrinhou todo o disco em busca dos arquivos, “mediu” seu tamanho e somou o tamanho dos setores livres do disco em tão pouco tempo? E as informações sobre data e hora de criação, onde foram encontradas?

Sendo você uma pessoa esperta como é (senão não estaria lendo essas mal traçadas...) já deve ter percebido que não. Todas essas informações foram previamente processadas e estão disponíveis, no próprio disquete, à disposição do comando DIR. Que tudo o que tem que fazer é consultá-las e exibi-las.

O local e forma pela qual elas foram armazenadas, juntamente com outras informações sobre a localização de cada arquivo no disquete, serão nosso assunto das próximas semanas.

B. Piropo