Micro Cosmo
Volte
22/07/96

< Ajustando o Gate A20 >


Quando os fabricantes de hardware perceberam a importância da vigésima-primeira linha de endereçamento, a A20, buscaram um meio de incluir em suas placas-mãe uma forma de acioná-la mesmo quando a CPU operava em modo real. Em essência, a coisa era simples: bastava usar um microprocessador que “tomasse conta” da linha A20, tornando-a ativa ou não de acordo com comandos enviados pelo sistema operacional.

Isto, evidentemente, somente seria possível em máquinas com CPUs 286 ou mais avançadas, as únicas que admitiam os modos real e protegido. Ou seja: do AT em diante. Mas foi justamente a partir do AT que a IBM incluiu um microprocessador adicional para controlar o teclado (sim, tecnicamente o chip 8042 que controla o teclado dos micros da linha AT é uma CPU independente, com seus próprios registradores, memória ROM e portas de entrada e saída). E já que ele estava lá, porque não aliviar o trabalho da CPU e aproveitá-lo para outras coisas além de controlar o teclado?

Pois assim foi feito. E incorporaram ao chip controlador do teclado duas funções adicionais: o controle da reinicialização por hardware (mais conhecida por “reset do micro”) e da vigésima-primeira linha de endereçamento. Ou do “Gate A20”, já que a coisa funcionava como uma comporta (“gate”) que controlava a A20.

Mas com a evolução tecnológica as CPUs se tornaram muito mais rápidas e poderosas que os velhos 286 com seus meros 8MHz. E passou a ser mais eficaz controlar o acesso à A20 diretamente pela CPU ao invés de usar o controlador do teclado. A este controle via CPU, por ser mais rápido, deu-se o nome de “Fast Gate A20” (ou “Gate A20 Emulation” já que, para controlar a A20, a CPU emula o controlador do teclado). E, nas máquinas que o suportam, incluiu-se a opção correspondente no setup.

Pronto. Agora ficou fácil. Se no setup de sua máquina existe o ajuste “Fast Gate A20” ou “Gate A20 Emulation”, habilite-o para fazer com que o controle da linha A20 seja feito de forma mais rápida e eficiente diretamente pela CPU e reinicialize a máquina. Se tudo correr bem, mantenha o ajuste habilitado. Se algo der errado (a máquina se recusar a dar o boot, travar durante a carga do sistema operacional ou passar emitir freqüentes mensagens mencionando “erro de paridade”), desabilite-o e devolva a A20 ao controlador do teclado - mais lento, porém seguro. A coisa é simples assim.

E nesta altura dos acontecimentos, eu sei, alguns de vocês perguntarão: mas Piropo, precisava gastar dois meses de coluna para explicar um negócio besta destes? Será que não dava para matar logo de primeira, dizendo logo o que foi dito hoje?

Dava. Claro que dava. Mas então teríamos perdido toda aquela interessante discussão dos modos real e protegido. Sem falar no esquema de endereçamento do 8088.

Não valeu a pena?

B. Piropo