Sítio do Piropo

B. Piropo

< Ele E Ela >
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08/1992


Você é estudante - não importa de que. Ou já é profissional - de qualquer profissão. E, não mais que de repente, percebeu que estão invadindo sua praia. No começo, achou exótico. Depois, olhou com algum interesse. E acabou por descobrir que, cada vez mais, os trabalhos que você costuma fazer na mão e na marra começaram a ser "feitos por computador". Mas nem ligou. Afinal, não seria aquela máquina besta que iria mudar seus sagrados hábitos de trabalho. Mesmo porque você nem precisava dela: sabia fazer as coisas tão direitinho sem essas complicações, para que perder tempo com bobagem?

Depois, começou a perceber que os caras que "mexiam com computador" estavam fazendo um trabalho mais bem apresentado que o seu. E mais depressa. E começavam a ser mais valorizados no mercado profissional. Foi então que você tomou consciência de que, cedo ou tarde, aquela tralha iria dominar seu campo de trabalho. Como deseja ser um bom profissional, percebeu que não poderia mais ignorá-la. E começou a se interessar pelo assunto. Sem muito entusiamo, é claro. Mas, de vez em quando, perguntava para um daqueles seres místicos que pilotavam aquelas máquinas estranhas como é que a coisa funcionava.

E tropeçou nas reações mais estapafúrdias. Havia os que faziam mistério: enchiam a boca de bits, bytes, interfaces, ROMs e RAMs, e diziam que aquilo tudo era muito complicado para mortais comuns: aqueles supremos mistérios só estavam ao alcance de almas superiores como as deles. E você não entendia nada.

Havia ainda os amistosos. Cheios de entusiamo, tentavam convencer que tudo aquilo era muito fácil, uma bobagem, qualquer criança pode usar. Aliás, o filho do vizinho tinha só doze anos e já era fera. Quer ver? Carrega-se o sistema operacional, joga-se uns tantos residentes na memória alta, chama-se uma interface gráfica, usa-se um ou dois utilitários e pronto. Ah, antes não pode esquecer de carregar o driver do mouse. Mas é tudo muito simples. E você também não entendia nada...

Aquilo começou a incomodar. Se tinha tanta gente mexendo com o troço, não deveria ser assim tão complicado. Ainda outro dia você viu aquele colega, que é uma toupeira, aparecer com um relatório bem feitinho, com aquela letra que só o computador sabe fazer. Se ele fez, por que não você? E resolveu apelar para o amigo que entende de computador. Afinal, todo mundo tem um amigo desses (os meus amigos acham que sou eu...)

O amigo não ajudou muito. Não que quisesse complicar: afinal, é amigo. O problema é que também não consegue usar uma linguagem que se compreenda. E você continuou sem entender nada. E agora? Você não quer se tornar uma autoridade em informática, mas se convenceu que precisa, pelo menos, saber como um computador pode ajudar no seu campo profissional. Não sabe como começar e não acha quem ajude. E começou a se preocupar...

Relaxe: a coisa não é assim tão complicada. Garanto e vou provar: a partir desse mês vamos, aqui mesmo, desmistificar os segredos da informática desbravando a golpes de linguagem simples, a dos mortais comuns, a selva dos falsos mitos dos computadores. Afinal, eu sei exatamente como você se sente. Pois, não há muito tempo, eu me sentia igualzinho. A única diferença é que, comigo, aconteceu um pouco antes. Mas só porque sou engenheiro. E eles invadiram primeiro a minha praia...

B. Piropo