Sítio do Piropo

B. Piropo

< Ele E Ela >
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01/1993

< Sem Título - Configuração >


Tem gente que gosta de micro. Tem gente que não. Os que não, têm lá suas razões. Em geral, fruto de muito sofrimento e incontáveis horas buscando um meio de obrigar o micro a executar o que se deseja que ele execute, e não o que ele insiste teimosamente em fazer. Como por exemplo conseguir que a impressora imprima um singelo a-til ao invés de um sigma ou seja lá o que lhe der na telha.

Um dia, a custa de muita leitura de manuais ou da ajuda daquele amigo-que-entende-de-computador que todo micreiro tem, o cara acaba por descobrir, consternado, que as coisas não são tão simples como deveriam ser: que cada programa usa seus próprios códigos para letras acentuadas. Que nem todas as impressoras aceitam os mesmos códigos. E que é preciso informar ao programa que tipo de impressora está se usando. Ou, no jargão dos iniciados, "configurar" a impressora para o programa. Uma imensa chateação. Mas sujeito acaba por descobrir como fazê-lo. E ele e seu micro viverão felizes para sempre. Ou quase: pois um dia ele vai instalar um novo programa que também terá que ser configurado. Se tiver sorte, encontrará a impressora na lista das que são suportadas pelo novo programa. Se não, mais sofrimento. E este tipo de coisa não se esgota nas impressoras: vale também para os demais periféricos. Mudou o tipo ou instalou um novo? Tome configuração...

Pois bem: uma das grandes vantagens das interfaces gráficas é que são elas que se entendem com os periféricos, não os programas. A partir do momento que se instalou a interface, ela atua como intermediária entre os programas e os periféricos. Complicou? Que nada: tomemos como exemplo ainda a impressora. Quando não se usa uma interface gráfica e ordena-se a um programa que imprima um texto, quem se entende diretamente com o sistema operacional e envia o texto para a impressora é o próprio programa. Que, por isto, tem que saber o tipo de impressora e ser configurado para ela. Já quando se usa Windows, por exemplo, e um editor de textos feito para Windows, a coisa é diferente: o programa não imprime nada. Ele simplesmente avisa a Windows que deseja imprimir o texto. A partir daí, quem assume o controle é Windows, que cuida do trabalho sujo de lidar diretamente com o hardware.

À primeira vista parece que se introduziu uma complicação a mais, incluindo um intermediário desnecessário entre o programa e o sistema operacional. Mas não é bem assim: na verdade conseguiu-se uma enorme simplificação. Pois, quando se instala Windows - ou qualquer outra interface gráfica, como a Shell do OS/2 - informa-se à interface qual é a impressora, teclado e toda a sorte de periféricos. E acabou-se. Deste ponto em diante, nunca mais será preciso se aporrinhar com configurações (exceto, é claro, quando se trocar um destes periféricos). Pois como é a interface quem se entende com os periféricos, todos os programas estão automaticamente configurados. E temos conversado.

Talvez não pareça, mas só isto pode ser razão suficiente para se migrar para uma interface gráfica. Mas tem mais. Pois por se tratar de uma interface gráfica, tudo fica automaticamente WYSIWYG. Palavrinha enjoada, mas de valor inestimável. Que será nosso próximo assunto.

B. Piropo