Sítio do Piropo

B. Piropo

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03/1993

< Afinal, chegou o Pentium >


Tudo começou em 1971 quando a japonesa Busicomp encomendou à Intel doze circuitos integrados para uma calculadora e os engenheiros da Intel preferiram associar os doze chips em um único CI. Nascia assim o primeiro microprocessador, o patriarca da família Intel.

Chamava-se 4004 e era um chip de 4 bits. Um ano depois foi sucedido pelo 8008, de 8 bits e pouco mais tarde, em 73, pelo 8080, o neto do 4004. Era ainda um processador de 8 bits, porém dez vezes mais rápido que o 8008 e capaz de endereçar 64K de memória. Exatamente o que a então inexistente indústria dos computadores pessoais precisava para nascer.

Depois, uma avalanche. Que tomou impulso em 81, quando a IBM lançou o primeiro PC baseado no 8088, o mais novo descendente da família, também de 8 bits, mas capaz de endereçar todo um megabyte de memória. Dois anos mais tarde, o primeiro chip de 16 bits, o 80286, ensejou o lançamento do AT. E em 87 a Intel mantinha a liderança tecnológica com o 80386, já de 32 bits e capaz de rodar diversos programas ao mesmo tempo sem que um pudesse interferir com o outro. Uma façanha denominada "multitarefa", que viria a revolucionar o mundo dos microcomputadores. Também suportada pelo i486, o novo microprocessador da Intel que pouco trazia de novidade em relação a seu antecessor: além de trocar o "80" do início do nome pelo "i" de Intel, embutia no próprio chip um coprocessador matemático e um cache de memória de 8K para acelerar o desempenho da máquina.

E, descontando pequenas variações denominadas SX, SL ou algo semelhante, esta era toda a família Intel. Pelo menos até o dia 22 de março passado, quando a Intel convocou a imprensa mundial para anunciar seu mais novo rebento. Era de se esperar que fosse chamado i586. Mas, como a Intel perdeu uma longa batalha judicial para usar com exclusividade as marcas 386 e 486, não quis arriscar e, abandonando a tradição, decidiu batizá-lo de Pentium. Um nome estranho, porém exclusivo.

E o que ele tem de exclusivo não se esgota no nome. O chip é um portento. A Intel, cuja liderança na venda de microprocessadores vinha sendo ameaçada por outros fabricantes que vendiam clones mais baratos de seus próprios chips, não quis facilitar. E caprichou. Dobrou o cache interno para 16K e dividiu-o em duas metades, uma para dados e outra para instruções. Otimizou o microcódigo do coprocessador matemático. E adicionou ao Pentium a capacidade de "prever" os próximos desvios nas instruções de um programa baseando-se nos desvios anteriores (uma tecnologia denominada dinamic branch prediction que melhora muito o desempenho).

Mas a grande novidade do Pentium chama-se pairing. Algo absolutamente novo nos microprocessadores de sua classe: a possibilidade de processar duas instruções simultaneamente, o que faz do Pentium o primeiro processador CISC superescalar. Isto foi conseguido fazendo com que o chip tenha dois "dutos" internos paralelos. Quando ele recebe duas instruções que não sejam interdependentes, cada uma é encaminhada a um duto e ambas são processadas ao mesmo tempo. O efeito disto, na prática, é dobrar a velocidade de processamento. Como o Pentium será lançado inicialmente em duas versões, uma de 60MHz, outra de 66MHz, a mais rápida se comportará quase como um 486 funcionando a 132MHz. Para avaliar o que isto significa, basta lembrar que a máquina mais rápida das baseadas na linha Intel é hoje o 486DX2 50MHz. Do novo Pentium espera-se um desempenho quase três vezes superior.

Gostou? Mas tenha calma: não adianta largar a revista e sair correndo para comprar sua máquina Pentium. Primeiro porque, por enquanto, houve apenas o lançamento: os fabricantes pediram à Intel que somente coloque o chip no mercado no final de maio, para que eles tenham tempo de produzir as novas máquinas. Segundo, porque um brinquedo destes não vai sair barato: um micro que ostente um Pentium na placa mãe vai custar algo entre cinco e dez mil dólares. Por enquanto, melhor ficar com o 486 mesmo. Pelo menos até a poeira baixar, o Pentium perder o sabor de novidade e os preços cairem.

B. Piropo