Sítio do Piropo

B. Piropo

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06/1996

< Sobre Multimídia >


Até recentemente um microcomputador era uma máquina que servia para executar tediosas e burocráticas tarefas silenciosamente: o único som que emitia era um furibundo bip quando o incauto usuário cometia algum engano. Mas as coisas mudaram. E o nome da mudança é multimídia, ou a integração de sons e imagens em movimento à informática pessoal.

Tudo começou com as placas de som, que abriram as portas de um barulhento mundo novo. O miserável bip é substituído por um bimbalhar de sinos ou pela nona sinfonia. Coloque uma delas em seu micro e transforme-o em uma incrível fábrica de sons.

Depois, vieram os monitores de vídeo coloridos de alta resolução. Com um destes, sua máquina é capaz de exibir imagens infinitamente mais ricas que qualquer televisão: não somente o número de pontos na tela é muito maior como o número de cores chega a limites incrivelmente altos.

Mas não parou aí: circuitos e programas especiais tornaram possível trazer para a tela imagens em movimento. Tanto capturadas diretamente por uma câmara de vídeo como previamente gravadas e editadas em fita ou disco. Tudo isto adicionou audio e vídeo à capacidade de processamento dos micros, transformando-os em uma ferramenta inteiramente nova, integrando novos meios de comunicação. Uma ferramenta multimídia.

Dito assim, parece bobagem. Afinal, para que serve essa coisa? Será multimídia a arte de transformar um honesto computador em um brinquedo de luxo? Ledo engano: ela tem aplicações práticas fascinantes. Duvida? Pois vou citar apenas as que já vi funcionar.

No museu de História Natural, em New York, há inúmeros computadores à disposição do público. Operados pelo toque de um dedo na tela, fornecem informações sobre diversos temas. Por exemplo: acompanhei fascinado a história da fala humana através de gráficos, audio e filmes mostrando as diferenças entre a nossa cavidade craniana e a dos demais primatas e a forma como isso afeta a capacidade de produzir e articular sons. E tudo isso de forma totalmente interativa: se um determinado tópico não me interessava, interrompia e saltava para qualquer outro, em qualquer ordem. Percebeu o potencial deste tipo de aplicativo para a educação?

Na IBM em Boca Raton, na Flórida, acompanhei a demonstração de um programa onde se simulou uma situação real: o gerente de produção de uma fábrica consultando o projetista, no escritório, sobre um problema relativo à montagem de uma peça. Na tela de cada um apareciam os desenhos de execução da peça. Em uma janela, a imagem do interlocutor e no alto-falante, sua voz. Discutiam o problema em tempo real. Ambos podiam apontar detalhes - e modificá-los - nos desenhos, que eram atualizados em ambas as telas. Você faz ideia do potencial deste tipo de programa para prestação de assistência técnica?

Ao longo do Turnpike, a principal autoestrada da Flórida, há diversos locais onde pode-se reabastecer o tanque e o estômago. Em cada um, um micro à disposição dos viajantes para fornecer informações turísticas. Toque no ponto desejado da tela e acompanhe um vídeo mostrando a localização e principais características dos parques e locais de interesse turístico. Se desejar, toque novamente no ponto certo da tela e obtenha um resumo impresso, orientando-o como chegar até lá. Percebe como isso facilita a divulgação de informações dirigidas?

Achou tudo isso muito distante e inacessível? Pois cheguemos mais perto. Aqui mesmo, nesse micro que vos fala, roda um programa da Microsoft chamado Bookshelf. Em um único disco ótico estão armazenados um thesaurus, um dicionário, dois livros de citações, um atlas, um almanaque e uma enciclopédia. Consulte o atlas, exiba o mapa de um país qualquer, peça o hino e ouça-o. Na enciclopédia, consulte o tópico sobre o sistema solar. Leia a descrição detalhada de cada planeta enquanto um vídeo os exibe girando preguiçosamente em volta do sol. Ou veja movendo-se em sua tela os componentes de um motor à explosão.

Mas o melhor mesmo são os tópicos relativos à música: alguma vez você imaginou consultar uma enciclopédia que toca os exemplos?

B. Piropo