Sítio do Piropo

B. Piropo

< Jornal Estado de Minas >
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26/09/2002

< Migração indolor >


Artigo publicado no suplemento Informátic@ do Estado de Minas em 26/09/2002

Oba! Você acabou de receber sua máquina recém comprada, a última palavra em tecnologia, CPU rápida como um raio, placa de vídeo de última geração, quaquilhões de Mb de RAM e disco rígido de capacidade infinita. Um foguete comparada com a velha, que jaz ali ao lado meio encabulada. Agora, basta ligar a nova na tomada e começar a desfrutar do brinquedo novo. Ou não?

Na verdade, seus preciosos arquivos de dados ainda estão na velha, juntamente com os documentos criados durante os últimos anos, catálogo de endereços, mensagens de correio eletrônico enviadas e recebidas, extratos bancários, o diabo. Isso sem falar nos programas. Dezenas deles, instalados pouco a pouco na medida que iam sendo necessários. E nas centenas de objetos espalhados pela Área de Trabalho, nas pastas e mais pastas criadas para organizá-los. Cada um deles ocupa a mesma posição há tanto tempo que quando você quer abri-los o ponteiro do mouse vai até lá quase inconscientemente. Uma facilidade...

E os ajustes dos programas? Centenas, se não milhares deles, alterados durante anos para satisfazer suas preferências: elementos das barras de ferramentas e menus, cores e posições de objetos, tipos e tamanho de fontes, estilos, ajustes, opções. Ah, Deus, quanto tempo levará para que tudo isso tenha sido transferido para a máquina nova? Horas? Dias? E quanto trabalho dará? Quantos itens serão esquecidos e você somente dará por falta deles quando a máquina antiga já não mais estiver a seu alcance e o velho disco rígido, quem sabe, já houver sido reformatado? Quando se pensa nisso bate um desânimo que quase dá vontade de devolver a máquina nova.

Segundo a Intel (veja em
<http://www.intel.com/pressroom/archive/releases/20020904corp.htm>,
a maior parte dos computadores vendidos atualmente destina-se a substituir máquinas que se tornaram obsoletas. Portanto a migração costuma ser inevitável. Dados e documentos são os mais fáceis de migrar. O que  realmente dá trabalho e consome tempo é a reinstalação de programas e, sobretudo, o restabelecimento de configurações e ajustes. Para o usuário comum, é apenas uma chateação a mais. Para grandes corporações, é prejuízo certo: a nova máquina só começa a contribuir para o faturamento depois da migração e um estudo do Grupo Gartner feito em 2000 estima que seu custo é de cerca de US$ 250 por máquina. Imagine o tamanho da economia que uma migração "indolor" representa para uma grande empresa que está renovando algumas centenas de micros de seu parque instalado.

O assunto é tão sério que semana passada alguns gigantes da informática se juntaram a empresas menos conhecidas e criaram um grupo de trabalho especificamente para facilitar a migração. Denomina-se PC Migration Work Group e seu mantra é "criar, na indústria de computadores, consciência e confiança em tecnologias baseadas na migração" (o mantra, classificado assim mesmo, pode ser encontrado na página de abertura do sítio do Grupo de Trabalho em <www.pc-migration-wg.com>, mas não espere colher ali muita informação: o grupo foi recém criado e a maioria das seções ainda estão vazias)

Os gigantes são os de sempre, aqueles que estão em todas: Intel, Microsoft e IBM. Que juntaram-se a algumas empresas conhecidas, como a Symantec (que comercializa o Ghost, programa que cria "imagens" de discos) e Laplink (do PCSynch, produto voltado para a "sincronização" de micros) e outras menos badaladas (porém que desenvolvem pelo menos um produto voltado para a migração ou transferência de dados), como Altiris, Detto, Eisenworld, Miramar Systems e Tranxition, para formar o grupo de trabalho. A idéia de juntar esforços partiu da Intel e nasceu em seu programa "Ease to use", que patrocina o Grupo de Trabalho e por isso indicou seu "chairman", Alec Gefrides, não por acaso o gerente do programa "Ease to use". A própria Intel já vem utilizando software de suporte a migração para suas novas máquinas e tem colhido bons resultados. Segundo John N. Johnson, Diretor de Tecnologia e Gerente Geral da Intel, "usar esses produtos implica economia em uma larga faixa de custos, que vão desde tempo ocioso do usuário, tempo de trabalho do pessoal técnico e tempo gasto pelo usuário para restaurar suas preferências pessoais depois da migração". 

O objetivo imediato do grupo é divulgar as tecnologias de migração existentes, além de incentivar seus desenvolvedores a melhorá-las e gerar novos produtos que facilitem ainda mais a tarefa. A médio prazo, pretendem desenvolver um conjunto de padrões que ajude os desenvolvedores de aplicativos a criarem produtos concebidos para facilitar a migração e permita aos desenvolvedores de utilitários produzirem ferramentas para inspecionar o micro, catalogar e ordenar dados, programas e configurações e transferi-los automaticamente para outra máquina. O objetivo final do grupo de trabalho é criar ferramentas e procedimentos que tornem o processo de migração totalmente transparente, apenas mais uma das tarefas simples a serem executadas quando se tira a máquina da caixa para instalá-la na mesa de trabalho. Em suma: migração sem dor.

As coisas estão ficando cada vez mais fáceis. Com o plug-and-play instalar um novo periférico tornou-se brincadeira de criança. O USB acabou com os conflitos de interrupções e endereços de E/S. Agora vão facilitar a migração. Quer dizer: o tempo dos gurus está acabando. Se não fossem as falhas gerais de proteção de Windows, não sei o que seria de nós...

(Os atalhos ("links") incluídos neste artigo podem ser encontrados na seção Escritos desta semana do Sítio do B.Piropo, em <www.bpiropo.com.br>).

 

B. Piropo