Sítio do Piropo

B. Piropo

< Jornal Estado de Minas >
Volte
05/12/2002

< OneNote >


A família Office espera um novo membro para meados de 2003. Trata-se do OneNote, o mais novo produto da Microsoft cuja apresentação foi feita pelo próprio Bill Gates em sua palestra de abertura da Comdex Fall, Las Vegas, em 17 de novembro último.

O nome, "uma nota" em inglês, não se refere ao custo - como deixa entrever a nova política de fixação de preços da MS - mas à finalidade do produto. Trata-se de um aplicativo destinado a capturar e ordenar anotações. Os caracteres que constituem as anotações podem ser introduzidos via teclado nos micros de mesa e notebooks, ou manuscritos diretamente na tela dos novos "tablets" (computadores sem teclado que podem ser ligados a uma rede local através de conexões sem fio, nos quais os dados são introduzidos através de um estilete em uma tela de cristal líquido sensível ao toque). As anotações podem ser organizadas em projetos ou pastas e inseridas nos demais aplicativos do pacote Office, como Word, Excel, Power Point ou Outlook. É certo que OneNote fará parte da família Office. O que a Microsoft ainda não decidiu é se ele será integrado ao produto ou vendido separadamente, como o Visio e Project. E, neste caso, a que preço.

Segundo Bill Gates, OneNote foi concebido para preencher uma lacuna entre os aplicativos que visam aumentar a produtividade. Embora usuários já tenham se habituado há anos a escrever em processadores de texto e efetuar cálculos em planilhas, continuam tomando notas com caneta e papel. Por isso o objetivo do novo aplicativo não é criar documentos, tarefa que ainda permanecerá nas mãos dos irmãos maiores da família Office. Ele apenas toma notas. Mas como foi otimizado para esse fim, faz isso como gente grande.

Para cumprir sua missão, OneNote usa como paradigma o caderno de notas comum, esse de papel com grupos de páginas separadas por abas. Mas as semelhanças param por aí. Porque, além do teclado e do estilete, você pode entrar com notas via microfone, que ficarão gravadas sob a forma de um arquivo de áudio "embutido" na anotação. Ou com uma figura. Ou com um endereço de página da internet. Ou com um esboço à mão livre feito com o estilete. Tudo isso é retido, organizado e classificado pelo programa, que depois devolve as anotações seja em sua forma original, seja formatadas e inseridas em documentos criados pelos demais aplicativos do Office. Ou ainda as envia como mensagens de correio eletrônico através do Outlook.

A interface com o usuário simula um caderno de notas com abas separando grupos de folhas. Ao contrário dos editores de texto convencionais, nos quais só se pode introduzir texto onde está o cursor, OneNote simula a forma natural e não estruturada com que se toma notas, permitindo manejar diversas anotações em diferentes pontos da mesma "folha" como quem trabalha com papel e caneta: clique em um ponto qualquer da tela, comece a digitar e o texto permanecerá naquele local. Os micros tipo "tablet", dotados da capacidade de reconhecimento de caracteres, podem digitalizar o texto manuscrito. Uma mesma anotação pode misturar caracteres manuscritos com os digitados via teclado e pode conter texto e desenhos, tanto esboços feitos à mão quanto figuras capturadas de outros aplicativos na base do "arrastar e soltar", inclusive de sítios da internet. E a qualquer momento é possível enriquecer a nota com áudio gravado através do microfone (para ouvir o áudio, basta clicar em um ponto da nota).

O programa inclui uma rica coleção de ferramentas de navegação e um sistema de indexação para facilitar a localização de notas. Segundo a MS, o OneNote "permite que você capture, organize e reuse suas notas em qualquer computador portátil, de mesa ou tablet, fornecendo um local único para armazenar suas notas e liberdade para trabalhar com elas da forma que desejar".

A clientela do OneNote abrange desde o estudante que toma notas durante uma aula até o executivo que participa de uma reunião de negócios. Sem contar as pessoas que rabiscam anotações em pedaços de papel avulsos que espalham pelos bolsos e depois não conseguem encontrar. Ou seja: todos nós. O OneNote integrado aos novos micros tipo "tablet" foi concebido para ser o substituto eletrônico do velho caderninho de anotações.

Embora possa ser usado em notebooks e micros de mesa, OneNote brilha mesmo é nos "tablets". Segundo David Berlind, em artigo publicado na ZDNet Tech Update, em
<http://techupdate.zdnet.com/techupdate/stories/main/0,14179,2897895,00.html>,
talvez OneNote seja a "killer application" que esses micrinhos precisavam para ganhar mercado.

É esperar para ver.

Em tempo: embora o produto somente venha a ser lançado em meados de 2003, as cópias beta começarão a circular no início do ano. Se você deseja se inscrever como possível "beta tester" do OneNote, vá até sua página, em <www.microsoft.com/office/onenote/>, clique no atalho "Sign Up for OneNote Beta Information" e forneça os dados solicitados.

B. Piropo