Sítio do Piropo

B. Piropo

< Jornal Estado de Minas >
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08/12/2005

< Micro ou celular? >


Você está, digamos, em um café, aeroporto, ou em qalquer outro local público, sabe que tem pela frente uma hora de espera até seu próximo compromisso e repara que o cavalheiro a seu lado navega alegremente pela Internet com seu micro portátil. Deduz, então, que ele está no raio de alcance de um “ponto de presença” (ou “hot spot”) de uma rede sem fio tipo Wi-Fi. E, como ele está a seu lado, se a rede alcança a ele, alcançará também a você. Então por que não aproveitar o tempo para pôr em dia o correio eletrônico? E, juntando intenção ao gesto, desembainha seu reluzente notebook e procura localizar a rede Wi-Fi para tentar o acesso. Mas seu micro não acusa rede alguma nas vizinhanças. Você olha novamente para o do cavalheiro ao lado em busca de uma conexão qualquer, um cabo de rede, uma linha telefônica, sei lá. Levanta-se discretamente fingindo ir ao balcão e procura por qualquer tipo de conexão, até mesmo um telefone celular ligado nas proximidades do micro do vizinho. Nada. Volta a seu lugar e, de esguelha, olha novamente para a tela do indivíduo. Sim, não resta dúvida, ele está mesmo navegando na Internet. Mas como, se o micro não está ligado a nada e você acabou de confirmar que não há rede Wi-Fi nas proximidades?
Fácil: ele está acessando a Internet através da rede de telefonia celular. E para isto sequer precisa de um telefone: o próprio micro contém tudo o que é necessário para efetuar a conexão, ou seja, um aparelho celular embutido e a respectiva antena. No caso, o tipo do celular que se aproxima da máquina perfeita: só falta falar.
No Brasil uma cena como esta ainda vai demorar um pouco a ocorrer, posto que não basta ter o micro com o celular embutido, é preciso também um contrato com uma operadora (se bem que exista algo parecido, o serviço Zap da Vivo, sobre o qual falaremos adiante). Mas nos EUA foram lançados recentemente dois modelos desse tipo, cada um conectado à sua operadora. E espera-se que outros sejam lançados em breve: HP e Dell já anunciaram seus lançamentos em conjunto com a operadora Verizon.
Um deles é o ThinkPad Z60t da LeNovo, que agora fabrica os modelos da linha de micros pessoais da IBM. O bichinho vem com uma tela TFT de 14”, processador Pentium M 740, 512 MB de memória RAM (podendo receber até 2 GB), disco rígido SATA de 80 GB, leitor/gravador de DVD e áudio integrado (veja especificações completas em
< http://www-131.ibm.com/webapp/wcs/stores/servlet/[Mesma linha. N.doW.M.]
ProductDisplay?catalogId=-840&langId=-1&partNumber=2511FEU&storeId=10000001
>).

Pedra de Roseta
Figura 1

Com tudo isso, pesa pouco mais de 2 Kg e custa pouco menos de 2 mil dólares. Porém o mais impressionante é sua capacidade de comunicação: traz integrados um modem convencional de 56 Kbps, uma placa de rede Ethernet Gigabit, sensores infravermelho e bluetooth, acesso a rede Wi-Fi (802.22 b/g) e, além de tudo isso, seu próprio “telefone celular”: um dispositivo tipo WWAN capaz de se comunicar com uma rede de telefonia celular CDMA 1x EVDO que permite, através da operadora Verizon, acesso à Internet de praticamente qualquer ponto dos EUA em uma taxa de transferência de dados de 2,4 Gbps, compatível com a chamada “banda larga”. Quer dizer: de onde um telefone celular da Verizon “falar” o micro poderá acessar a rede. Sem ponto de presença, sem rede local, sem nada. A única condição é estar dentro da área de cobertura da rede de telefonia celular EVDO da Verizon.
O outro modelo é o Sony Vaio VGN-T360P, um Pentium M 753 com 1 GB de memória RAM, disco rígido PATA de 60 GB, tela de 11”, leitor/gravador de DVD dupla camada e áudio integrado, pesando 1,2 kg e custando US$ 2,6 mil dólares
(< http://smb.sony.com/webapp/wcs/stores/servlet/[Mesma linha. N.doW.M.]
ProductDisplay?storeId=10054&contractId=[Mesma linha. N.doW.M.]
21504&jspStoreDir=SMB&productId=32673&accountId=5005&langId=-1&catalogId=10001
>).

Pedra de Roseta
Figura 2

É também um gigante das comunicações: além do modem convencional, controladora de rede Ethernet, Bluetooth e suporte integrado à rede Wi-Fi (802.11 b/g), traz seu próprio “telefone”, desta vez capaz de se comunicar com a rede celular GSM EDGE da operadora Cingular. A tecnologia EDGE (Enhanced Data for Global Evolution) é a “banda larga” da Cingular e já está disponível em 14 mil cidades americanas.
Esses dois micros oferecem todo o necessário para ter acesso à Internet em alta taxa em praticamente qualquer ponto dos EUA que disponha de sinal para telefone celular.
Mas para quem não tem um micro destes e deseja dar a seu computador acesso à rede de telefonia celular há uma solução alternativa. Basta que o micro aceite uma placa controladora tipo PC Card (antigo PCMCIA). Trata-se das placas PC Card denominadas “modem celular sem fio” (“wireless modem”). Que na verdade são telefones celulares quase completos (não têm teclado e não “falam”, apenas conectam o computador com a rede de telefonia celular).
Nos EUA há diversos modelos, todos eles usando a tecnologia CDMA/EVDO (EVolution Data Only) e acessando a rede da Verizon, que cobra 79,99 dólares mensais pelo acesso ilimitado e 39,99 dólares mensais por um plano alternativo que permite transferir mensalmente apenas 20 MB de dados. Entre eles o Kyocera KPC650, o Novatel V620 e o Sierra Air Card 580. O custo destas controladoras é relativamente baixo, menos de cem dólares americanos, mas o preço do serviço é salgado.
No Brasil a Telemar oferece um serviço semelhante, porém apenas a empresas. Chama-se Vivo Zap e funciona em qualquer ponto onde haja cobertura da rede de telefonia celular da Vivo, seja CDMA simples, seja CDMA 1xRTT (veja mais em < www.vivo.com.br/portal/o_que_e_o_vivo_zap_empresas.php >). As taxas de transferência dependem da rede, naturalmente, o que faz com que na região sem cobertura 1xRTT o serviço seja tão lento que só faz sentido recorrer a ele em caso de extrema necessidade. Porém, nas áreas de cobertura da rede de alta taxa 1xRTT a rapidez é perfeitamente satisfatória. A placa controladora pode ser fornecida pela própria Vivo em comodato e as tarifas, sempre baseadas na quantidade de dados transferidos, variam de acordo com o “pacote” contratado.
Como diria Chacrinha, o Velho Guerreiro, quem não se comunica se trumbica. E hoje, com tantas facilidades oferecidas, só não se comunica quem não quer...

B. Piropo