Sítio do Piropo

B. Piropo

< Coluna em Fórum PCs >
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10/11/2008

< Injeção na Vista >


Tenho um amigo que, sempre que ouve alguém mencionar a possibilidade de se conseguir alguma coisa gratuitamente, costuma repetir um velho refrão: “de graça, até injeção no olho”. Lembrei-me dele agora porque resolvi escrever sobre alguns pequenos utilitários que, além de cumprirem sua missão de forma eficiente e elegante, nada custam além de uma eventual contribuição voluntária. E rodam sob Vista sem o menor problema de compatibilidade. Daí o título.

Todos (com uma única exceção que será mencionada adiante) são programas aos quais recorro regularmente com alguma freqüência e que, pelo menos até hoje, não me decepcionaram. Além de sua utilidade, eficiência e do fato de serem gratuitos, os escolhi baseado em dois critérios: são fáceis de usar e não são muito conhecidos (pelo menos, tanto quanto eu saiba). Programas como o formidável “Google Earth” e o não menos formidável “Spybot Search and Destroy” nada custam mas são tão “manjados” que mencioná-los aqui seria mera perda de tempo (mas se você vive neste planeta e ainda não os conhece, sugiro que se informe sobre eles; uma rápida pesquisa no Google o guiará até aonde obtê-los).

Então, mãos à obra.

O primeiro deles é o excelente “MV RegClean”. MV são as iniciais de Marcos Velasco, meu amigo virtual (não nos conhecemos pessoalmente, mas eventualmente trocamos mensagens) e excelente programador. E RegClean é a abreviação de “Registry Cleaner”, ou “limpador do Registro”. Que é exatamente o que o programa faz: destrincha o Registro de Windows, examina cada valor de cada chave, verifica sua validade e, quando encontra “lixo”, se oferece para removê-lo.

Figura 1: Marcos Velasco Registry Cleaner.

A figura 1 mostra um aspecto da janela do programa (e, no que toca à linha que menciona “Uso Gratuito. Cópia não registrada...”, uma observação: minha cópia já foi devidamente registrada mediante o envio da contribuição voluntária e usei a que gerou a figura apenas para demonstrar que o programa funciona mesmo sem registro; como o valor da contribuição depende apenas da vontade do usuário, cabe em qualquer bolso; e, por mais que Mestre Velasco se proponha a ajudar a quem precisa, uma graninha sempre cai bem e incentiva o programador a atualizar versões e desenvolver novos projetos, portanto se você experimentar o programa e decidir usá-lo regularmente, como eu, sugiro veementemente que faça a contribuição que estiver a seu alcance).

Na figura aparecem apenas 51 problemas (no caso, todos referentes a arquivos temporários que são criados e removidos pelo próprio sistema operacional) porque eu havia rodado o programa recentemente e feito uma limpeza decente no Registro de minha cópia de Vista. Limpeza que revelou a existência de quase 1,2 milhões de valores distribuídos em cerca de seiscentas mil chaves dos quais mais de cinco mil eram puro lixo. Que foi removido.

A utilização do programa é de uma simplicidade franciscana: aberta a janela inicial, clica-se no botão “Iniciar” e aguarda-se que todo o Registro seja varrido em busca de entradas desnecessárias (os mais cautelosos clicarão antes no botão “Backup” da referida janela inicial para efetuar uma cópia de segurança do Registro para ser reconstituída caso algo venha a dar errado). Isto feito, aparece a janela da figura indicando a quantidade de problemas encontrados, número de chaves e valores examinados e oferecendo opções para desmarcar todas as entradas, marcar todas, exportar lista de entradas, retornar à janela de abertura ou, simplesmente, limpar o registro. Clicando-se sobre cada entrada do painel superior faz-se aparecer, no painel inferior, informações sobre a natureza do problema, o que permite ao usuário decidir se a entrada correspondente será ou não removida de seu Registro. Isto feito, basta clicar no botão “Remover” que todas as entradas marcadas serão eliminadas. Considerando a facilidade e rapidez com que o Registro de Windows acumula porcarias e a conseqüente redução no desempenho do sistema, efetuar regularmente uma limpeza é uma providência que se impõe. E dói menos que uma injeção na vista – mesmo fazendo a contribuição (segundo informações obtidas no sítio do Marcos Velasco, dos milhões de usuários que transferiram o programa para suas máquinas, “poucos contribuíram”).

O RegClean é o programa mais popular do Marcos Velasco (já foram efetuados mais de cinco milhões de transferências) mas não o único. Uma lista de todos eles pode ser encontrada na página “Softwares” do sítio < http://www.velasco.com.br/ > Marcos Velasco Security, onde podem ser obtidos. Sugiro uma visita. Talvez você encontre mais alguma coisa de interesse. Na última que fiz, por exemplo, encontrei aquela exceção que mencionei lá em cima: o “MV RegCompact”.

Figura 2: Marcos Velasco Registry Compactor.

RegCompact é a abreviação de “Registry Compactor”, ou compactador de registro. Que faz exatamente o que promete: reduz o tamanho (compacta) o Registro de Windows (mais informações na própria janela do programa exibida na figura). E o faz sem qualquer lenga-lenga: basta clicar no botão “Iniciar”, esperar alguns instantes até o programa anunciar que a compactação foi efetuada e reinicializar o sistema. Simples assim – portanto, não há muito o que comentar. Como acima mencionado, este é o único programa que cito aqui e com o qual não tenho qualquer experiência anterior. Mas, considerando o tamanho gigantesco do Registro desta máquina que vos fala e, levando em conta que, no que me diz respeito, tendo sido desenvolvido pelo Marcos Velasco merece confiança, não vacilei: assim que terminei a varredura com o RegClean, baixei, instalei e, como aconselha Velasco, rodei o RegCompact. Como se vê, pelo menos até agora, a máquina passa muito bem, obrigado.

E vamos adiante.

Os que acompanham os já vacilantes passos deste velho escrevinhador talvez ainda lembrem que, não há muito tempo, escrevi algumas colunas sobre Vista nas quais, entre outras coisas, discuti o poderoso sistema de indexação de arquivos que vem “embutido” no sistema operacional e que viria a ser a espinha dorsal do revolucionário sistema de arquivos WinFS que, como a batalha de Itararé, não aconteceu.

Não aconteceu, é verdade, mas rendeu um bocado de discussão e troca de argumentos contundentes na seção de comentários das respectivas colunas. Entre os quais se destacava o problema dos nomes de arquivos. Pois ocorre que aparentemente o WinFS acaba com o conceito de hierarquia de pastas, dando a impressão de enfiar todos os arquivos “no mesmo saco”. Então, como fazer para, ao mesmo tempo, distinguir arquivos de nomes parecidos e conseguir nomes suficientes para batizá-los todos? E, sobretudo: como agir com os milhares, talvez dezenas de milhares de arquivos com nomes crípticos como “DSC00319.jpg” gerados pelas câmaras digitais e congêneres que se acumulam em nossos discos rígidos e, depois de algum tempo, não fazemos a menor idéia do que vêm a ser? Sem a ajuda das pastas (que seriam virtualmente eliminadas com o novo sistema), como achar aquele de que se precisa?

Em princípio a solução é simples: renomeando os arquivos com nomes sugestivos de modo a que seus novos nomes venham a dar uma idéia do que efetivamente contêm.

O que nos leva a uma outra questão: como renomear coletivamente dezenas de milhares de arquivos?

Pois é aí que entra o “ReNamer”. O programa serve justamente para o que seu nome indica (em inglês, mas fácil de traduzir): renomear arquivos. Seu desenvolvedor é o “den4b” e o programa pode ser encontrado no sítio do autor, < http://www.den4b.com/ > [den4b], cujo lema é uma profissão de fé: “Everything always ends well; if it's not well by now, it's not ended by now” (Tudo sempre acaba bem; se agora não está bem é porque ainda não acabou),

O “ReNamer” também é gratuito mas, como os anteriores, o autor pede uma contribuição voluntária. Portanto convém repetir: quem transferir o programa e decidir usá-lo regularmente deve visitar a página “Donations” do sítio do autor e contribuir com “algum”.

Figura 3: Janela do ReNamer.

A idéia em que se baseia o programa é simples: permitir alterar em bloco os nomes de qualquer número de arquivos previamente selecionados usando para isto critérios estabelecidos livremente pelo usuário. O segredo da coisa está justamente na forma simples usada pelo programa para facilitar a escolha e formação desses critérios. Senão vejamos.

Repare no painel inferior esquerdo da janela exibida na figura 3. Ele mostra os nomes de um conjunto de arquivos selecionado por mim. Que correspondem ao conteúdo de uma pasta na qual os arquivos foram previamente renomeados usando a funcionalidade de Windows que permite alterar nomes de arquivos em bloco.

Em Windows, a coisa é simples e direta mas, por isso mesmo, pouco flexível: seleciona-se o grupo de arquivos, clica-se com o botão direito do mause sobre qualquer um deles, aciona-se a opção “Renomear” do menu de contexto e entra-se com um nome qualquer. Windows usa aquele nome para todos os arquivos e, a partir do segundo (inexplicavelmente não a partir do primeiro), acrescenta um espaço, seguido de um número entre parênteses que aumenta seqüencialmente. Funciona. Mas não é de meu agrado. Em nomes de arquivos não costumo usar espaços e me incomoda o uso de parênteses. Então vamos apelar para o “ReNamer” e resolver o problema.

Repare no painel superior da janela. Ali ficam as regras. Para adicionar uma regra, basta clicar no sinal de adição da barra de ferramentas (e, caso se crie uma e se resolva desistir dela, sempre se pode removê-la clicando no sinal de subtração). Ao solicitar a adição de uma regra abre-se a janela “Add Rule” mostrada na Figura 4.

Figura 4: janela de criação de regras do ReNamer.

Repare no painel esquerdo da janela “Add Rule”: ele permite fazer praticamente o que se quiser com os nomes de arquivos. Desde operações simples como inserir, apagar, substituir, serializar (acrescentar números seqüenciais) até criar scripts usando a sintaxe da linguagem Pascal para criar regras extremamente sofisticadas que aceitam o uso de expressões regulares (a ajuda do programa vem com um pequeno manual em PDF – infelizmente, apenas em inglês – que ensina como fazê-lo). Além disso, no painel direito, você pode escolher a posição, nos nomes, onde a regra será aplicada, inclusive usando como referência o texto do próprio nome do arquivo. E oferece ainda um botão que permite inserir rótulos (“meta tags”) no arquivo. Só falta fazer chover.

Mas, embora dotado de um sistema poderoso que permite criar regras e scripts extremamente complexos para atender a necessidades específicas, para tarefas mais singelas o programa permite criar regras de forma muito simples. Repare novamente na figura 3. Eu criei apenas duas regras: substituir toda seqüência “espaço/abre parêntese” por um sinal de sublinhado e remover todo caractere de “fecha parêntese” encontrado nos nomes. Fazer isso usando a janela da figura 4 é moleza: basta clicar no painel da esquerda sobre a ação desejada e entrar na caixa “what” o objeto da ação. O resultado é mostrado imediatamente no painel superior da janela da figura 3.

Para evitar problemas irreversíveis, depois de introduzidas as regras convém clicar no botão “Preview”, o que faz aparecer os novos nomes já modificados no lado direito do painel inferior (repare, no painel direito da figura 3, como o espaço e os parênteses desapareceram e surgiu o caractere de sublinhado como separador). Conferiu? Tudo nos conformes? Então clique no botão “Rename” e todos os arquivos mudarão de nome imediatamente. Uma mão na roda...

Incidentalmente: Brenno e Julia, que constam nos nomes da maioria dos arquivos, são meus netos. O primeiro, bravo mancebo com seus oito anos recém completados, dá mostras que em breve virá a ser a mente mais privilegiada do planeta. A segunda, prestes a completar seis meses de vida, já é a mais bela donzela desta galáxia e das vizinhas, que enfeita com seus fulgurantes olhos azuis. E informo que todos os fatos e opiniões expressos nesta coluna podem ser contestados e discutidos na seção de comentários exceto, definitivamente, os contidos neste parágrafo.

Até agora esta coluna vem sendo ilustrada apenas com janelas capturadas diretamente do vídeo desta máquina que vos fala. Mas capturadas como?

Bem, há diversos programas que fazem isso. O próprio Windows Vista traz um, simplesinho, o “Snipping Tools”. Mas o que eu venho usando nestes últimos anos é justamente o quarto e último utilitário a ser mencionado aqui. Trata-se do “ScreenShot Pilot”, este totalmente gratuito já que é desenvolvido por uma empresa e empresas não costumam solicitar contribuições como fazem (com justa razão) os programadores autônomos.

A empresa é a < http://www.colorpilot.com/ >Two Pilots, com sede na Rússia e escritórios nos EUA e Alemanha. Seu campo de atuação é o desenvolvimento de programas para manejo de imagens e sons digitalizados, em sua maioria programas comerciais cujos preços variam na faixa de US$ 15 a US$ 299. A página < http://www.colorpilot.com/products.html > “Products” de seu sítio lista todos eles. São dezenas, inclusive um bom punhado de programas gratuitos.

Destes, há desde um programa para correção de cores de fotos digitalizadas desenvolvido para ser usado por crianças (“Color Pilot Junior”) até aplicativos bastante mais complexos. Dentre eles o que nos interessa: o “Screenshot Pilot”, já na versão 1.46, que pode ser obtida gratuitamente na seção “Useful utilities” da referida página (Incidentalmente: vale a pena dar uma boa olhada no resto da seção).

Figura 5: Janela do ScreenShot Pilot.

Veja na figura 5 (capturada com o “Snipping Tools”, já que o único defeito que encontrei no “Screenshot Pilot” foi não ser capaz de capturar a si mesmo) a janela do programa. Note, logo acima da parte central da janela, a lista daquilo que ele pode ser ajustado para capturar: áreas múltiplas em uma única captura, janela ativa, tela inteira, cliente (que pode ser uma janela cliente, um menu ou um submenu), janela sob o cursor e menu sob o cursor. Além disso o programa pode ser ajustado para capturar ou não o cursor do mause, fazer capturas em série a intervalos determinados, o diabo. Capturada a imagem, ela pode ser gravada em diversos formatos, entre os quais JPEG, TIFF, mapa de bits e o utilíssimo PNG.

Além disso o programa oferece ferramentas elementares para manipulação das imagens (como girar, inverter, ajustar brilho e contraste e coisas que tais) que podem ser usados quando não se precisa de uma edição muito sofisticada.

Venho usando “Screenshot Pilot” há pelo menos dois anos e todas as imagens de telas que uso para ilustrar minhas colunas e artigos têm sido capturadas com ele.

Por hoje, é isso. E, por favor, nos comentários, informem se este tipo de coluna agrada para quebrar um pouco a monotonia de temas muito técnicos ou se devo deixar isso de lado para me dedicar a coisas mais sérias.

Como por exemplo o Windows Seven que vem por aí...

www.forumpcs.com.

 

B. Piropo