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B. Piropo

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09/02/2009

< Windows 7 Beta III: Ajustes e aplicativos >


Na coluna anterior discutimos algumas das diferenças entre as interfaces com o usuário de Windows 7 e Vista, particularmente aquelas que afetaram a barra de tarefas e o menu Iniciar. Mas as mudanças vão muito além disso.

Uma delas, que a MS batizou de "Aero Snaps", é o tipo da coisa boba (no sentido de "simples") mas útil: arraste a barra título de uma janela até o topo da tela e o aplicativo imediatamente passará a rodar em tela cheia. Arraste a barra título de um programa que roda em tela cheia para baixo e ele imediatamente passa a rodar em uma janela. Neste caso, trata-se meramente de uma forma nova de fazer a mesma coisa, já que o velho truque de passar de tela cheia para janela e vice-versa com um clique duplo na barra título ainda funciona. Mas o Aero Snap cumpre uma segunda função, que é a que realmente vale a pena: arraste uma janela pela barra título até um dos lados da tela e ela se "ajeitará" de tal forma que passará a ocupar uma das metades verticais da tela (aquela correspondente ao lado para o qual foi arrastada). Parece bobagem? Talvez sim. Mas para efetuar comparações não conheço coisa melhor. Por exemplo: quer comparar o conteúdo de duas pastas? Pois abra duas instâncias do Windows Explorer, cada uma com o foco em uma delas, arraste-as para laterais opostas da tela e veja como a comparação fica mais fácil. Veja um exemplo na Figura 1 - e se você notou diferenças entre o Windows Explorer de Vista e o de Windows 7 é porque a interface do programa realmente mudou (para melhor) e esconde uma das diferenças mais revolucionárias e, paradoxalmente, menos comentadas entre as duas versões (provavelmente porque os analistas não se deram conta de sua importância e do que ela representa: mais um passo na direção da adoção do novo sistema de arquivos WinFS; voltaremos a falar nisso adiante).

Clique e amplie...

Figura 1: Aero Snap – Janelas colaterais.

Incidentalmente: também na coluna anterior comentei a nova forma de exibir a Área de Trabalho abaixo (melhor dizendo, atrás) das janelas abertas: um pequeno ícone situado na extremidade direita da Área de Notificação que, quando se pousa o cursor do mause sobre ele, faz com que todas as janelas se tornem transparentes, mostrando apenas suas molduras (se não lembra, veja a Figura 7 da coluna anterior). E mencionei também que quando se clica em um botão da barra de tarefas que corresponde a um aplicativo do qual há várias janelas abertas, aparecem lado a lado miniaturas destas janelas (veja a Figura 1 da mesma coluna). Ora, quem trabalha com uma versão beta volta e meia descobre alguma coisa nova. Pois bem: recentemente me dei conta que Windows 7 esconde um novo recurso que combina os dois acima descritos: quando a barra de tarefas mostra as miniaturas de diversas janelas de um único aplicativo, pousando-se o mause sobre uma destas miniaturas e mantendo-o lá por alguns segundos, a Área de Trabalho passa a mostrar apenas as janelas do aplicativo correspondente, destacando aquela que corresponde à miniatura onde está o mause, exibindo apenas as molduras das demais janelas do mesmo aplicativo e “escondendo” todas as demais. Um recurso interessante quando se tem a Área de Trabalho congestionada de janelas e se deseja descobrir onde se esconde uma delas em especial.

Mas não foi apenas a interface que sofreu alterações. Por exemplo: a tão malvista e incompreendida central de segurança, odiada pela maioria dos usuários presumivelmente por incorporar o controle das contas de usuário (ou UAC, "User´s Account Control") que tanto incomoda com suas frequentes solicitações de autorização, foi-se para sempre. Em seu lugar entra o "Action Center", que engloba todo o sistema de notificações do Windows 7, incluindo não apenas as antes emitidas pela Central de Segurança como também as eventualmente oriundas de qualquer outro ponto que demande alguma ação (daí o nome) por parte do usuário. O Action Center centralizará notificações emitidas pelo UAC (conforme o ajuste de nível efetuado pelo usuário), Windows Defender, Firewall, Programa Antivírus, Windows Update (atualizações), Proteção de Acesso à Rede (NAP, ou "Network Access Protection"), Central de Cópias de Segurança ("Backup and Restore"), Relato e Soluções de Problemas ("Problem Reports and Solutions") e mais seja lá o que possa vir a emitir qualquer tipo de notificação. Na prática isto corresponde a uniformizar e centralizar em um único ponto aquilo que antes era feito individualmente por diferentes componentes do sistema. E mais: o Action Center (mostrado na Figura 2 e que pode ser aberto acionando o Control Panel >> System and Security >> Action Center) somente exibe aquilo que efetivamente demanda atenção naquele momento. E avisa o usuário de forma discreta exibindo um "x" sobre fundo vermelho ao lado de seu ícone, uma bandeirola de sinalização, sempre presente na Área de Notificação (veja-o na Figura 5 da coluna anterior).

Figura 2: Action Center pedindo atenção para dois problemas.

Sabe aquela despretensiosa entradinha "Impressoras" do menu Iniciar do velho XP que havia desaparecido no Vista (mas que poderia ser exibida se o usuário assim o desejasse)? Voltou no Windows 7. E voltou em alto estilo. Além de mudar de nome: agora se chama "Devices and Printers" (provavelmente "Dispositivos e Impressoras" na versão em português). Clique nela e, como o nome deixa entrever, abre-se um painel que passou a incorporar não apenas as impressoras como também todo e qualquer tipo de dispositivo conectado ao computador, fornecendo ao usuário um meio único, padronizado e consistente de lidar com os ajustes de todos os seus periféricos. Note que o "Devices and Printers" não se destina a substituir o bom e velho "Gerenciador de Dispositivos", que continua, como sempre, no Painel de Controle. Ele apenas propicia uma forma centralizada, ao alcance de um par de cliques, de interagir e efetuar ajustes ("settings") nos dispositivos. Veja, na Figura 3, o aspecto do "Devices and Printers" desta máquina que vos fala

Figura 3: Painel “Devices and Printers”.

Se Vista tem uma característica que, tanto quanto eu saiba, jamais provocou reclamações dos usuários é sua flexibilidade e facilidade de personalização: o usuário pode dar à sua máquina a "cara" que melhor lhe aprouver e as possibilidades de ajustes são quase infinitas. Pois bem: mesmo assim a MS resolveu incrementar ainda mais a coisa e arrumou um jeito de juntar todas as "customizações" em um objeto denominado "tema" (que, talvez, na versão final venha a se chamar "estilo") que engloba a cor ou imagem do fundo, as cores do "Aero Glass", esquemas de sons e protetor de telas. E cujas características, como no Vista, podem ser gravadas em um arquivo. O que permite transportar as preferências do usuário para qualquer máquina. Veja, na Figura 4, o novo painel "Personalization" de Windows 7 e repare no atalho "Save Theme", logo abaixo do painel principal, assinalado com a seta vermelha.

Figura 4: Painel “Personalization” e seu atalho “Save Theme”.

No que toca aos aplicativos incluídos no sistema, muita coisa mudou. Para começar, seu número reduziu-se drasticamente. Foram eliminados o gerenciador de correio eletrônico (Windows Mail), o Messenger, a Galeria de Fotos e o Movie Maker. O mesmo ocorreu com o Calendário e Contatos do Windows. Mas isto me parece mais um reflexo da estratégia da MS de dar destaque ao Windows Live que a um desejo de simplificar o Windows 7, já que tudo isto (e mais alguma coisa) pode ser obtido gratuitamente através do "Windows Live Essentials" (o Calendário e os Contatos agora fazem parte do novo Windows Live Mail).

Pouca coisa entrou no lugar do que saiu. Uma delas foi a velha entrada "Executar" do menu Iniciar que havia no XP e foi "limada" no Vista. É bem verdade que ela não é mais uma entrada do menu Iniciar, mas sim aparentemente um aplicativo incluído entre os acessórios. Mas o certo é que quem clicar no menu Iniciar, abrir a entrada "Todos os programas" e acionar a opção "Acessórios" encontrará lá a tão querida entrada "Executar" (   "Run") que, ao ser acionada, funciona exatamente como a velha entrada "Executar" do menu Iniciar do XP: abre uma janela com uma caixa de dados onde se pode entrar com o nome do programa e clicar em OK para rodá-lo. É claro que a caixa "Iniciar Pesquisa" do menu Iniciar de Vista continua no seu lugar (agora com o nome alterado para "search program and files") e continua sendo possível entrar nela com o nome do programa, esperar que seu arquivo executável seja exibido acima da janela e clicar nele para executar o programa, o que é infinitamente mais simples e continua perfeitamente funcional. Mas como o precoce desaparecimento da entrada "Executar" foi um dos fatos mais lamentados pela tribo do XP, a MS a ressuscitou para atender os reclamos dos usuários.

Como comentado na primeira coluna desta série, a Barra Lateral de Vista finou-se. Mas isso não significa que você terá que dizer adeus aos seus amados "Gadgets". É fato que não mais poderá agrupá-los na Barra, mas nada impede de usá-los diretamente na Área de Trabalho. Para isto basta descobrir onde encontrá-los e arrastar os que desejar para lá. E aquela mesma Galeria de Gadgets (ver Figura 5) do Vista pode ser encontrada como uma das entradas de "Todos os programas" do menu Iniciar (além de uma seção inteiramente dedicada aos Gadgets no grupo "Aparência e Personalização" do Painel de Controle). Ora, como Windows 7 permite escolher entre dois tamanhos para os Gadgets e forçar que permaneçam sempre em primeiro plano, nada impede que eles sejam mantidos no tamanho menor (aquele usado pela extinta Barra Lateral), empilhados em um dos lados da tela e forçados a permanecerem "Allways on top". Eis aí sua barra lateral de volta, só que meio enrustida...

Figura 5: Galeria de Gadgets.

Incidentalmente: se por acaso, na galeria de Gadgets do Windows 7, você deu por falta daquele "Gadget" denominado "Anotações" ("Sticky Notes") que simulava estes papeis adesivos amarelos que se pode espalhar pela tela com anotações temporárias (ver Figura 6), não se preocupe. Ele continua vivo como nunca. Acontece que, por razões que só a MS sabe explicar (ou, talvez, quem sabe, para atender ao clamor dos usuários), ele foi promovido. Agora ganhou status de aplicativo independente, deixou a galeria dos Gadgets e figura em destaque, ao lado do Windows Media Center, no alto do menu Iniciar...

Figura 6: Sticky Notes.

Outro dos pequenos aplicativos que não somente foi mantido como melhorou (e muito) foi a boa, velha e fiel calculadora. Que, aliás, bem que mereceu. Ela agora pode ser usada em quatro "modos" (Padrão, Científico, Programador e Estatístico; os dois últimos são novos), incorporou um painel lateral (opcional) para efetuar conversões de unidades, permite agregar gabaritos ("Templates") para efetuar conjuntos de cálculos repetitivos e exibir um painel com o histórico das últimas operações. Veja, na Figura 7, a calculadora no modo científico efetuando a conversão de pés cúbicos para metros cúbicos após haver calculado uma equação do segundo grau, a área de um círculo e o volume de um prisma, cujos cálculos aparecem no histórico e podem ser selecionados a qualquer momento para que seu resultado entre como parâmetro na operação seguinte.

Figura 7: Calculadora.

Ainda no que toca a aplicativos, ao que parece a MS pretende tornar de uso universal o "Ribbon" (Faixa de Opções) introduzido com o Office 2007. Tanto assim que o incluiu em dois dos aplicativos mantidos no Windows 7: o programa gráfico Paint e o editor de textos WordPad.

Este último vem melhorando com o tempo, mas continua meio chinfrim. Quebra um galho quando não se tem coisa melhor à mão, mas para tornar-se um editor de textos de respeito ainda precisa agregar um bocado de recursos. Já o Paint melhorou bastante. Incorporou recursos como redimensionar e girar a imagem, permite obter imagens diretamente de escâneres e câmaras digitais e trabalha com diversos formatos de arquivos. Não chega a ser uma maravilha, mas na falta de coisa melhor bem que pode tirar o usuário de um aperto quando se trata de edição de gráficos. A figura 8 mostra ambos os programas e suas Faixas de Opções ("Ribbons").

Figura 8: Paint e WordPad com seus Ribbons.

No mais, o Windows Media Center permaneceu praticamente inalterado. Já seu primo, o Windows Media Player, ao que dizem, mudou e mudou bastante. Eu raramente o uso exceto para exibir um ou outro desses filmetes que trafegam pela Internet, portanto não sou a pessoa mais indicada para comentar as mudanças. Mas, segundo as análises que consultei, parece que foram significativas e para melhor.

No que toca a aplicativos, sobrou a nova versão do Internet Explorer, o IE8. Mas o IE8 pouco tem a ver com Windows 7: ele já está disponível ao público em geral no sítio da MS há meses, muito antes da liberação da versão beta do Windows 7. Portanto, quem estiver interessado nele pode perfeitamente fazer uma visita à < http://www.microsoft.com/windows/Internet-explorer/beta/default.aspx > página do próprio IE8, baixá-lo e testar por si mesmo. Provavelmente descobrirá, como eu, que o navegador continua correndo atrás do Firefox, adotando os mesmos recursos com alguns meses de atraso.

E basta por hoje. Na próxima coluna vamos discutir aquela que me parece a mudança mais importante e revolucionária: as bibliotecas ("libraries") do Windows Explorer.

Até lá.

 

B. Piropo