Sítio do Piropo

B. Piropo

< Coluna em Fórum PCs >
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27/09/2010

< IE9, Primeiras impressões II: Fechando >


 

Então vamos adiante discutindo as novidades do IE9. Antes, porém, permitam-me dar um passo atrás e retornar a um ponto abordado na coluna anterior que mereceu reparos de alguns leitores na seção de comentários e uma contribuição do Richard Cameron, da NVIDIA.
Trata-se da melhoria do desempenho do IE9 no que toca à exibição de gráficos via aceleração de hardware. Sobre ela, escrevi: “Bem, eu tenho usado apenas o IE9 ultimamente e, para ser franco, não percebi nenhuma diferença mensurável. Nem para melhor nem para pior”.
Sobre o assunto diz o Richard: “Acredito que não tenha tido equipamento ou metodologia para fazer os testes adequados para sentir o real beneficio da GPU para o IE9. Para que se sinta realmente o poder da GPU no IE9, recomendamos ... rodar os mesmos demos, benchmarks e sites em um PC com placa de vídeo, comparando a performance destes com IE9 contra outros navegadores rodando os mesmos demos, benchmarks e sites...”
E, nos comentários à coluna anterior, diz o leitor Kaolin: “Para sentir a aceleração por hardware, primeiro é preciso hardware compatível. Segundo, um site que faz uso do recurso ...”
Ambos têm razão. E apesar de eu ter deixado claro no início da coluna anterior que seu objetivo não era efetuar uma análise de produto (o que requereria testes, aferições e medições de desempenho que eu me absteria de fazer) mas meramente um conjunto de impressões iniciais, não custa nada dar uma espiada nos sítios recomendados e fazer as comparações.
Fazendo a imprescindível observação que tanto um sítio quanto o outro foram criados pela MS e equipe de desenvolvimento do IE9 e, portanto, é de se esperar que, como dizia o saudoso Dr. Theodoro, marido de D. Eulina, eles “puxem a brasa para sua sardinha”, a diferença de desempenho que mostram é gritante.
Os sítios são < http://www.beautyoftheweb.com > “Beauty of the Web” e < http://ie.microsoft.com/testdrive/ > “MS IE9 Test Drive”. O primeiro é apenas uma coleção de páginas da web, algumas desenvolvidas com o objetivo de tirar proveito das características de aceleração do IE9, outras não, que podem ser visitadas usando o IE9 e qualquer outro navegador. Mas que, quando acessada com outro, avisa: que “para apreciá-lo tão bonito quanto possível, favor baixar o IE9”. E, de fato, rodando lado a lado, percebe-se que no IE9 as páginas ficam bem mais rápidas. Mas como são sítios existentes, não é feita qualquer medição. Há que compará-los “no olho”.
O segundo oferece alguns testes que podem ser rodados no IE9 e em qualquer outro navegador e permite efetuar comparações quantitativas. Repito: evidentemente eles foram desenvolvidos pela MS com o objetivo de explorar todos os novos recursos do IE9 e portanto não há de ser surpresa para ninguém que, neles, o IE9 se comporte melhor. O que surpreende é o quanto melhor ele se comporta.
Então vamos ver como os navegadores se comportaram nesta máquina que vos fala, com um Intel Core Quad Q9400 @ 2,67 GHz e uma controladora de vídeo Nvidia GeForce 9800 GT, nenhum deles a última palavra em tecnologia, mas seguramente um pouco acima da média do parque instalado de computadores domésticos no Brasil (e como os testes estão disponíveis nos sítios citados, sugiro a cada um de vocês que estiver interessado que os repitam com suas próprias máquinas e comparem o desempenho dos navegadores, obedecidas todas as ressalvas feitas acima).

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Figura 1: “FishIE Tank” no Firefox e no IE9

Reparem na Figura 1 que usa a facilidade do Windows 7 para manter duas janelas abertas lado a lado, cada uma ocupando meia tela. A da direita mostra o teste “FishIE Tank” do segundo dos sítios acima citados rodando no IE9 e a da esquerda o mesmo teste rodando no Firefox. Trata-se de uma tela que emula um aquário onde peixes nadam rapidamente de um lado para outro em trajetórias aleatórias. O teste permite escolher o número de peixes de um até mil e mostra o número de quadros por segundo que está sendo exibido. No IE9, seja qual for o número de peixes, exceto mil, a taxa se mantém sempre no máximo, 60 quadros por segundo. Apenas quando se ajusta o número de peixes para mil a taxa cai para cerca de 40 quadros por segundo e fica oscilando em torno deste valor (veja, no alto do retângulo azul à direita da tela: 41 fps, de “frames per second”). Já no Firefox a taxa só se mantém no valor máximo quando um solitário peixe nada desoladamente de um lado para outro no “aquário”. Aumente para dez e a taxa oscila entre 33 e 41 quadros por segundo. Com cem peixes, varia entre 25 e 29 quadros por segundo. Aumente para quinhentos e os peixes passam a se mover aos saltos, com uma taxa de dois quadros por segundo. A mesma que se obtém com mil peixes e que aparece no lado esquerdo da Figura 1.

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Figura 2: “Video Kaleidoscope” no Chrome e no IE9

Já a figura 2 mostra o teste “Video Kaleidoscope”, do “MS IE9 Test Drive”. As janelas mostram um caleidoscópio virtual se movimentando, a da direita no IE9, a da esquerda no Chrome. Quer dizer: a do IE9 mostra um caleidoscópio virtual se movimentando a 60 quadros por segundo. A do Chrome mostra o mesmo caleidoscópio saltando mui preguiçosamente de um quadro para outro em uma taxa de um quadro por segundo (a taxa também pode ser vista no alto da faixa azul situada à direita de ambas as imagens).
Tudo isto significa que o IE9 é mais rápido e temos conversado? Honestamente, não sei. Mas sei que significa que, rodando estes testes e no hardware acima citado, o IE9 é mais rápido. E bota mais rápido nisso.
Isto posto, vamos adiante.

Sítios fixos
Ao que parece a MS continua encarando o IE como parte integrante de Windows (não esqueça que as primeiras versões faziam parte do sistema operacional e a MS somente não continua a distribui-lo assim porque foi impedida por decisões judiciais). E cada nova versão do IE é concebida para ser usada com a última versão do SO. Um exemplo é o que a MS chama de “sítios fixos”, ou seja, a possibilidade de “fixar” (ou seja, deixá-lo por lá para sempre ou até que se deseje removê-lo) o ícone de um sítio da Internet na Barra de Tarefas de Windows 7, que já não mais mostra apenas os ícones dos programas abertos, como o XP, mas daqueles que se deseja manter ao alcance de um clique.
Para “fixar” um sítio na barra de tarefas basta arrastar seu ícone para ela. Explicando melhor: abra o IE9, carregue o sítio desejado e arraste o pequeno ícone que aparece à esquerda de seu URL na caixa de endereços (ou melhor, na nova “One Box”) para a Barra de Tarefas, na base da Área de Trabalho de Windows. Pronto. É o que basta.
Deste ponto em diante, toda vez que você quiser visitar o sítio, basta clicar diretamente em seu ícone da barra de tarefas, esteja o IE9 carregado ou não. O resultado é o mesmo: abre-se uma janela do IE9 exibindo o conteúdo (atualizado, naturalmente), do sítio.

Figura 3: FPCs fixo

Note que o mesmo ocorre quando se “fixa” um sítio no menu Iniciar, como descrito quando discutimos a página “Nova Guia” (abra uma nova guia, clique com o botão direito sobre o quadrado de um dos sítios que lá aparece e acione a entrada “Adicionar o site ao menu Iniciar”). A diferença é que a Barra de Tarefas permanece sempre visível, ao alcance de um clique, ao passo que o menu Iniciar tem que ser aberto para dar acesso aos ícones nele fixados. Mas tanto em um caso quanto em outro fica bem mais fácil o acesso direto ao sítio sem a necessidade de, antes, abrir o programa navegador. Veja, na Figura 3, o ícone do brioso Forum PCs fixado tanto na barra de tarefas de Windows 7 quanto no meu menu Iniciar.
Nem todo o sítio tem seu ícone próprio. Se este for o caso, o ícone que aparece na barra de tarefas é o do próprio IE9. Mas basta pousar o ponteiro do mause sobre ele que aparece uma pequena caixa com o nome do sítio. E quando não mais se desejar que o ícone permaneça na barra, basta clicar com o botão direito sobre ele e acionar a entrada “Desafixar este programa da barra de tarefas” (o verbo é estranho, mas existe). 

Guias avançadas
O que a MS chama de “Guias avançadas” são, basicamente, as mesmas boas e velhas guias, com duas pequenas novidades (para o IE9, bem entendido; outros navegadores já as adotam há um bom tempo): as janelas subordinadas a cada guia são destacáveis e as guias agora são codificadas com cores de acordo com a ordem com que são abertas.
Explicando: no novo IE9, clicar sobre a guia e arrastá-la para fora da janela do navegador faz com que ela permaneça aberta, mas em uma nova – e independente – janela.
Trata-se de um recurso bastante útil em algumas circunstâncias.
Por exemplo: se você deseja comparar o conteúdo de dois sítios, fica difícil fazê-lo saltando de uma guia para outra na mesma janela. No IE8 você poderia resolver este problema abrindo uma nova instância do programa navegador, carregando nela um dos sítios desejados enquanto o outro permanecia na janela original. Para comparar bastaria dispor as janelas uma ao lado da outra (ou, para quem usa mais de um monitor, uma em cada monitor). Agora esta tarefa ficou muito mais simples: basta arrastar a guia de um dos sítios para fora da janela original e o resultado será o mesmo que abrir uma nova instância do programa e carregá-la nela (isto é mais fácil de entender vendo do que lendo; se você instalou o IE9 em sua máquina, experimente reduzir o tamanho de sua janela para que ela não ocupe a tela inteira, mova o ícone do mause até sobre uma das guias na faixa superior, arraste-a para fora da janela e veja se abrir uma nova instância do IE9 exibindo o conteúdo da guia).
Incidentalmente: combinar isto com a facilidade oferecida por Windows 7 para organizar janelas torna a comparação ainda mais fácil (por exemplo: carregue duas páginas, cada uma em sua janela como acima descrito, selecione uma delas e acione a combinação de teclas “Windows+SetaDireita”, depois selecione a outra a acione “Windows+SetaEsquerda” e veja como fica fácil compará-las com cada uma ocupando a exata metade da tela).
Outra situação em que isto me parece de grande utilidade é quando se deseja agrupar diversas guias correlatas em uma mesma janela que se pretende abrir mais tarde com as mesmas guias. Tarefa agora muito facilitada pelo fato de que, no IE9, é possível mover guias de uma janela para outra. Explicando: imagine que você esteja trabalhando em uma janela repleta de guias e tenha seguido as instruções do parágrafo anterior, arrastando uma delas para fora, o que cria uma nova janela só para ela. Pois bem: se você arrastar mais uma guia da primeira janela para cima da nova, ela se acomodará ali sem reclamar. E arrastando todas as guias de mesma cor as agrupará em uma única janela
O resultado disso é que você pode organizar em uma única janela um subconjunto de guias correlatas que estão abertas em outra, misturadas com outras tantas guias que nada têm a ver com elas. Agrupe-as arrastando para uma única janela e, se desejar consultá-las em uma futura sessão de trabalho, pode aproveitar mais uma novidade do IE9 (que o Firefox já apresenta há tempos e me tem sido muito útil): a possibilidade de “salvar” um conjunto de guias e reabri-las todas juntas em uma futura sessão de trabalho (no IE9 basta clicar no ícone “Favoritos”, na seta para baixo do lado direito do botão “Adicionar a Favoritos” e escolher a entrada “Adicionar guias atuais aos favoritos”; abre-se uma janela solicitando um nome para a pasta e a partir de então todo o conjunto de guias abertas será incorporado aos favoritos no interior da pasta especificada, uma bênção para quem precisa voltar seguidas vezes ao mesmo conjunto de páginas).

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Figura 4: O IE9 e as guias codificadas

É claro que a codificação das guias com cores, mencionada no início deste item, vem facilitar ainda mais a tarefa de correlacionar guias para agrupá-las. Esta codificação consiste meramente em aplicar as mesmas cores a guias abertas a partir de atalhos da mesma guia “mãe” (veja Figura 4). Por exemplo: imagine que agora mesmo você clique < http://windows.microsoft.com/pt-BR/internet-explorer/help/ie-9/whats-new-in-internet-explorer-9#section_2 > neste atalho para a página “O que há de novo no Internet Explorer 9” e tenha o cuidado de fazê-lo enquanto mantém premida a tecla Ctrl, o que obriga a que a página alvo seja aberta em nova guia. Se você fizer isto no IE9 irá reparar que as duas guias (a que exibe esta coluna e a que exibirá a página da MS) se tingirão da mesma cor. E se você abrir uma terceira guia a partir de um atalho situado em qualquer uma destas duas, a nova guia também apresentará a mesma cor. O que é muito útil quando se abre um mundo de guias a partir de um pequeno conjunto de guias originais e se quer saber o que foi aberto a partir do que. Pois bem: esta função aparentemente simples, combinada com a possibilidade de reunir guias correlatas na mesma janela e depois salvá-las em conjunto para serem reabertas em uma futura sessão de trabalho opera milagres no que toca à organização de tarefas.

Controle de arquivos transferidos e complementos
Aqui mais duas “novidades” que só são novas para quem usava o IE8, posto que os demais navegadores já as adotaram há um bom tempo: o controle de arquivos transferidos (ou “downloads”) e o gerenciador de complementos.
Quanto ao primeiro: afinal a MS decidiu integrar a seu navegador uma facilidade que os demais já estavam cansados de usar: o controle de arquivos transferidos (ou “Gerenciador de Downloads”, como ela prefere chamar). Que permite verificar o estado de cada arquivo que está sendo – ou já foi – transferido para sua máquina, fornece informações sobre seu eventual grau de periculosidade, faz um monte de verificações de segurança e – a grande sacada deste tipo de recurso – mostra o local de seu(s) disco(s) no qual o arquivo foi armazenado. E faz tudo isto a partir de uma única janela.

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Figura 5: Janela de controle de arquivos transferidos

Confortavelmente, esta função do IE9 se integra ao sistema operacional e, portanto, à pasta “Downloads” de Windows. A janela do Gerenciador de Downloads permite gerenciar todas as transferências simultâneas em um mesmo local, pausando ou cancelando as que estão em andamento, localizando, abrindo ou executando os arquivos já transferidos e tudo o mais que for necessário para organizar as transferências, tudo isto sem interromper a navegação.
Por exemplo: se você estiver transferindo um arquivo muito grande e precisar interromper a sessão de trabalho ou sua conexão com a Internet cair, pode interromper a transferência e retomá-la do ponto em que parou quando religar a máquina.
Nada de muito revolucionário, naturalmente. Mas era o tipo do recurso que o IE8 não tinha e que faz uma falta danada.
Já o supervisor de desempenho e complementos permite não apenas gerenciar os complementos como também receber notificações sobre aqueles que de alguma maneira podem afetar o desempenho do programa. E, se for o caso (ou seja, se o complemento, por mais útil que seja, está atrapalhando mais que ajudando), pode-se simplesmente desativá-lo. Basta clicar no ícone “Ferramentas” (aquele em forma de uma pequena engrenagem, um dos poucos que restaram na resumida barra de ferramentas do IE9) e na entrada “Gerenciar complementos” para abrir a janela correspondente.

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Figura 6 – Gerenciador de complementos

Ela mostra os complementos agrupados por tipo. Selecionado um deles, informações adicionais aparecem no painel inferior. A janela oferece ferramentas para desabilitar ou remover complementos indesejados, além de atalhos no canto inferior esquerdo com os quais se pode procurar complementos adicionais na Internet ou obter informações adicionais sobre eles.

Conclusão
Mas, ao fim e ao cabo, valeu a pena?
Bem, a julgar pelo que os analistas escreveram sobre o IE9, a MS fez um bom trabalho.
Ed Bott, respeitável colunista da ZDNet, fecha seu artigo sobre o programa < http://www.zdnet.com/blog/bott/internet-explorer-9-beta-review-microsoft-reinvents-the-browser/2430 > “Internet Explorer 9 beta review: Microsoft reinvents the browser” afirmando que “Internet Explorer 9 represents a nearly complete break with the past for Microsoft. It is the most standards-compliant browser Microsoft has ever created, with nearly complete support for the CSS3 and HTML5 standards” (“O IE9 representa um quase completo rompimento da MS com o passado. É o navegador mais compatível com padrões jamais criado pela MS, com suporte quase completo para os padrões CSS3 e HTML5”). E acrescenta: “Personally, I find the performance and usability improvements in IE9 nearly irresistible.” (“Pessoalmente, achei o desempenho e os melhoramentos na usabilidade do IE9 quase irresistíveis”).
O sítio TechSpot, em seu noticiário de 21/09/2010, afirma “Microsoft released the IE9 beta last week and even we noticed that users were particularly interested: it was one our most highly-trafficked and most-commented articles. Readers had mixed opinions: some complained that the beta crashes often and is completely unusable while others were surprised at its sheer speed and simplified interface”. (“A MS liberou a versão beta do IE9 semana passada e até nós percebemos que os usuários estão particularmente interessados: foi um dos artigos mais visitados e mais comentados. Os leitores têm opiniões diferentes: alguns reclamam que o beta trava frequentemente e é completamente inútil enquanto outros se mostram surpreendidos com a rapidez e interface simplificada”).
E por aí vai. De um modo geral, mesmo ressaltando que se trata de uma versão beta, a maioria das opiniões têm sido favoráveis.
Quanto a mim, indiscutivelmente, o IE9 pareceu um navegador bastante interessante sobretudo devido à sua forte integração com o Windows 7 (li alguns comentários que afirmam que ele não pode ser instalado no XP; não tentei, mas nos dias de hoje isso definitivamente não pode ser considerado um defeito). E quando a versão final for lançada, talvez ela consiga me fazer abandonar o Firefox que tenho usado já há mais de ano e voltar ao IE. Isso, naturalmente, se forem resolvidas as incompatibilidades que encontrei entre a versão beta e o WordPress, a que tenho que recorrer sempre que vou atualizar minhas colunas no FPCs.
Mas, ao fim e ao cabo, parece que todos ganharão com o lançamento do IE9.
Senão, vejamos. E voltemos a recorrer às < http://www.w3schools.com/browsers/browsers_stats.asp > estatísticas do W3Schools sobre navegadores (e, desta vez, vale mesmo a pena consulta-las pelo interessante quadro se revelou no último ano e meio).
Com efeito, até 2005 o domínio do IE sobre o mercado de navegadores era inconteste. É fato que vinha caindo, mas em janeiro daquele ano, data do lançamento do Firefox (com este nome; antes, era Mozilla), ainda detinha 75% do mercado.
Daí em diante o que se viu foi um crescente aumento da fatia do mercado abocanhada pelo Firefox, que passou a crescer inexoravelmente de seus 17% iniciais até, justos quatro anos depois, alcançar o IE. Em janeiro de 2009 ambos detinham quase exatamente a mesma fração do mercado: 45%.
O curioso é acompanhar o que ocorreu daí em diante.
O Firefox, ao que parece, chegou a seu limite e já começou a decair. Atingiu seu máximo (47,5%) em outubro de 2009 e desde então passou a declinar, lenta mas continuamente, até os 45,8% que detém agora (bem, quase agora: mais precisamente até o mês passado, agosto de 2010).
O IE, por sua vez, continuou a cair praticamente com a mesma taxa. De seus 45% em janeiro de 2009 baixou para 31% em agosto de 2010.
Então, quem ganhou a grande fatia perdida pelo IE e a pequena perdida pelo Firefox?
Ora, o Chrome da Google, lançado em setembro de 2009 e que, sem parar de crescer um mês sequer, passou dos 4% que detinha em janeiro de 2009 para os 17% que detém hoje. Quase exatamente a soma das perdas dos outros dois (o Opera e o Safari, literalmente, não fedem nem cheiram: a soma da fatia pertencente a ambos se mantém estacionada ligeiramente abaixo dos 6% em todo o período).
Ou seja: uma interessantíssima disputa de mercado.
Entrementes, os sítios da Internet estão se modernizando e adotando cada vez mais os padrões do W3C.
O IE9 parece ser, no momento, o navegador que mais adere a estes padrões, o que representa uma vantagem inconteste.
Mas os outros dois não vão ficar parados, evidentemente. E já começaram a “correr atrás do prejuízo” mesmo de qualquer prejuízo ter se manifestado (os efeitos do lançamento do IE9 ainda não se fizeram sentir, naturalmente).
Portanto, para acompanhar as melhorias do IE9, melhorarão tanto o Chrome quanto o Firefox. Que ganharão com isto.
Como, naturalmente, ganharão seus usuários.
Em suma: uma luta interessante. O tipo da disputa que dá vontade de dizer: “que vença o melhor”. Pois não diga. Ao contrário, diga: “que continue a disputa e que jamais haja um vencedor”.
Porque, se houver, manifestar-se-á novamente o domínio do mercado por um programa navegador, o “melhor”.
E, infelizmente, ele será o único a ganhar. Porque, enquanto dominar o mercado, o programa acomodar-se-á e não evoluirá. E cm isto, não são apenas seus concorrentes que perderão. Perderão também os usuários destes programas, que não estarão usando “o melhor”. E perderão os usuários do “vencedor”, seja ele qual for, porque embora estejam usando “o melhor”, estarão usando um produto estacionado no tempo, que não evolui porque seus desenvolvedores não estarão motivados para tal – afinal, se já dispõem do “melhor”, não sentirão vontade de melhorar ainda mais.
Em suma: perdem todos.
Aconselho então que devotos do Firefox e Chrome “torçam” pela melhoria do IE. Aos que depositam sua fé no IE e no Firefox, para “torcer” para o crescimento do Chrome. E àqueles cujo coração pertence ao Chrome ou IE, a “torcer” pelo aperfeiçoamento do Firefox.
Assim ganharão todos e eu continuarei tendo o prazer de escrever, sobre cada um deles, o mesmo que escrevo aqui, fechando minhas primeiras impressões sobre o IE9:
Não tenho a menor dúvida que esta nova versão representa uma enorme melhoria em relação à anterior.
E bola pra frente...

 

B. Piropo