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B. Piropo

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04/07/2011

< Samsung Nexus S II: um computador que (também) fala. >


Na coluna anterior vimos as habilidades do Samsung Nexus S como telefone. Nesta, começando pelo hardware, examinaremos suas funcionalidades como computador.

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Figura 1: Samsung Nexus S

Sim, pois estamos na terceira geração dos telefones celulares e no limiar da quarta (que já existe em alguns países). Para quem não lembra, a primeira (que não foi batizada de 1G porque ainda não se tinham dado conta da evolução que estava por acontecer) foi a era dos telefones celulares analógicos, uma máquina tão maravilhosa que só faltava falar. Bem, estou exagerando, mas só um pouco. Até falavam, mas falavam mal e parcamente.
Eram na verdade rádios em miniatura com acesso à rede de telefonia fixa. Conseguiam completar e sustentar uma ligação, vejam vocês, em mais da metade das tentativas – desde que, naturalmente, se estivesse em uma das raras cidades onde havia serviço de telefonia celular e se tivesse a sorte de se encontrar em uma área desta cidade onde houvesse sinal.
Depois veio a segunda geração, já convenientemente batizada de 2G, onde a transmissão da voz era feita sobre um sinal digital, muito mais claro e não sujeito a interferências. E já que a portadora era digital, por que não usá-la também para dados? E foi assim que começaram, ainda timidamente, os tempos do acesso à Internet e transmissão de dados via telefone celular.
Pois não é que a coisa pegou? E pegou tanto que os usuários exigiram conexões mais rápidas, mal acostumados que já estavam com as altas taxas (“banda larga”) que desfrutavam em seus computadores fixos e móveis. Foi assim que surgiu a terceira geração, a era do 3G. E com ela os telefones celulares que também falam. Porque, na verdade, são dispositivos móveis de processamento de dados conectados ao mundo via rede de telefonia, WiFi, satélite (no GPS) e o diabo a quatro. E, graças à sua capacidade de processamento, são conhecidos como “telefones espertos” (“smartphones”).
E, dentre eles, no que toca a funcionalidade, talvez o melhor exemplo seja justamente o Nexus S com sua versão Android 2.3.

O computador
Portanto, o Samsung Nexus S, mais que um telefone, é também (ou, talvez, principalmente) um computador.
E não é um computador qualquer. Dentro daquele minúsculo invólucro há mais capacidade de processamento que havia em meu primeiro PC. E muito mais do que em alguns computadores de grande porte (“mainframes”) usados pelas corporações há três décadas.
Senão vejamos.
Apesar de medir apenas 12,4 cm x 6,3 cm x 1,1 cm e pesar não mais que 129 gramas, o Samsung Nexus S vem equipado com um processador ARM Cortex A-8 de 1 GHz, capaz de multitarefa e controlado por um “chipset” Hummingbird . Tem tanta memória principal quanto meu primeiro PC (512 MB de RAM), porém muito mais memória secundária: 16 GB de capacidade de armazenamento de massa na forma de um cartão de memória tipo SD interno (mas lamentavelmente não oferece a possibilidade de se agregar um segundo cartão de memória removível tipo SD).
Seguindo a tendência moderna dos computadores de última geração, o Nexus S dispõe de uma Unidade de Processamento Gráfico (em inglês, GPU, de “Graphics Processing Unit”) PowerVR SGX540 dedicada. E o Android “Gingerbread” tira todo proveito dela, o que explica seu excelente desempenho ao exibir vídeo e animações.
Mas apenas conhecer estas especificações não basta. O que de fato interessa é saber como se comporta ele frente à concorrência.
Pois ao que parece e no que diz respeito a desempenho computacional, o Samsung Nexus S (pelo menos por enquanto) é o campeão entre seus pares. Pelo menos esta é a conclusão que se pode derivar dos < http://www.cnet.com.au/samsung-nexus-s-339307800.htm > testes realizados pela Cnet Austrália, onde ele foi lançado recentemente. Neles, o Nexus S mostrou o melhor desempenho na comparação com as estrelas da concorrência: o Mozart HTC, o Motorola Defy e, vejam vocês, deu banho até mesmo no badalado iPhone 4.
A bateria no Nexus S é do tipo íon de Lítio, 1500 mA, cuja carga, segundo as especificações do fabricante, dura 713 horas (isto mesmo, quase um mês) caso o aparelho não seja usado (ou seja, ligado, mas mantido sempre em “stand by”) e o acesso ao 3G esteja desabilitado. E 428 horas, ou 17 dias, com o 3G habilitado. No outro extremo, ou seja, mantendo uma conexão ininterrupta (“talk time”), a bateria aguenta 14 horas em 2G e 6h40min em 3G (no teste da Cnet aguentou oito horas em uma conexão ininterrupta 3G). Mas como a utilidade de um aparelho que permaneça indefinidamente apenas em “stand by” é limitada e não sendo habitual manter-se uma conversa ininterrupta assim tão longa, o que interessa é quanto tempo a carga dura naquilo que se pode chamar de “uso normal”. O problema é que seu uso normal dificilmente será igual ao meu. Mas no que me diz respeito, com o 3G habilitado a maior parte do tempo, usando serviços e recebendo ou fazendo ligações telefônicas eventuais, ainda não precisei recarregar o aparelho mais de uma vez por dia. Ou seja: em meu “uso normal”, a carga dura mais de 24 horas. Mais uma proeza do “Gingerbread”, que fez maravilhas no que toca à otimização do uso de energia.

Os acessórios internos
Mas, acompanhando o computador, há ainda os acessórios.
Vamos começar com o GPS (Global Positioning System), que permite fornecer a posição do aparelho em qualquer local da superfície da terra e relacioná-la com o que está em volta (por exemplo: mostrar a posição em um mapa dos arredores, como veremos adiante). O Nexus S (assim como a maioria dos telefones espertos de última geração) é equipado com o chamado A-GPS, ou “Assisted GPS”, um sistema que usa não apenas as informações fornecidas pelos satélites do sistema GPS mas também aquelas oferecidas pela rede de antenas de telefonia celular para aprimorar a localização (o que é essencial, por exemplo, nas grandes cidades e no interior de edificações onde o sinal dos satélites pode ser refletido nas estruturas de concreto ou simplesmente bloqueado por elas).
É claro que o GPS sozinho não faz muito. Com isto quero dizer que saber com exatidão a latitude e longitude onde estou de pouco me serve a não ser que eu precise enviar um pedido de SOS. O que torna o GPS útil são os programas que o utilizam e, destes, o Android está repleto. Falaremos deles adiante.
Depois do GPS, o que mais chama a atenção no Nexus S é sua câmara digital. Melhor: suas câmaras digitais, já que são duas. A principal, na parte traseira, é uma câmara de alta definição (2560 x 1920 px) com foco automático, que obtém imagens estáticas (fotos) e dinâmicas (vídeo) com uma resolução de 5 MPx. Vem acompanhada de um flash de LED que, naturalmente, não tem um alcance fenomenal mas supre as necessidades básicas de fotos noturnas em ambientes fechados. A secundária, na face dianteira (a da tela), é mais simples, padrão VGA, com resolução de 640 x 480 px. Trata-se de uma câmara auxiliar destinada principalmente a uso em videoconferências. Já a principal é bastante sofisticada e oferece diversos controles. Como estes controles são inerentes ao Android versão “Gingerbread” e fazem parte do aplicativo que acompanha a câmara, serão discutidos adiante quando abordarmos o software que acompanha o Nexus S. Mas aí está, na Figura 2, uma foto obtida com a câmara principal.

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Figura 2: Foto obtida com o Nexus S

O Nexus S reproduz arquivos sonoros nos formatos MP3 e WAV seja no alto-falante do próprio aparelho seja através dos fones de ouvidos, cujo conector (de 3,5mm), ao contrário dos demais telefones, vem na base do aparelho. O som através dos fones de ouvido é de boa qualidade e o emitido pelo alto-falante é satisfatório.
O Nexus S não aceita um cartão de memória SD adicional como a maioria dos concorrentes para aumentar a capacidade de armazenamento de massa, mas exceto em casos muito específicos, a capacidade disponível de 16 GB de armazenamento interno é mais que satisfatória.

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Figura 3: Tela do Nexus S acusando conexão USB detectada

Arquivos armazenados internamente podem ser transferidos via porta USB. Também neste caso o procedimento é de uma simplicidade franciscana: basta liga-lo ao computador através do cabo USB que, assim que “percebe” que foi efetuada a conexão, o Nexus S abre a tela mostrada na Figura 3 informando que a conexão foi detectada e oferecendo a oportunidade de ativar o armazenamento USB (a escolha se faz necessária porque eventualmente a intenção do usuário ao efetuar a conexão pode ser compartilhar o acesso à Internet discutido na < http://blogs.forumpcs.com.br/bpiropo/2011/06/26/3449/ > coluna anterior e não transferir arquivos). Basta confirmar tocando no botão exibido na base da janela e ler a notificação seguinte, que informa que enquanto conectado não será possível usar aplicativos que acessem o armazenamento de massa que, a partir deste instante, o Nexus S se comportará como um “pen-drive” e, no computador com o qual foi feita a conexão, se abrirá a janela convencional que aparece quando se conecta um dispositivo deste tipo, solicitando instruções sobre como proceder a transferência, como mostra a Figura 4.

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Figura 4: A conexão estabelecida

Daí para frente é só abrir a janela do gerenciador de arquivos e explorar o armazenamento interno do Nexus S como se fosse uma unidade de armazenamento removível do computador.
Mas talvez a característica mais revolucionária do Samsung Nexus S seja seu suporte à tecnologia NFC (“Near Field Communications”).
NFC é uma tecnologia que permite ao Nexus S ler informações contidas em “chips” NFC que estão em outros objetos. Não é necessário configurar nem ativar nada (se bem que a função pode ser desativada no Nexus). Basta encostar (ou aproximar muito, a uma distância da ordem de poucos centímetros) a parte traseira do Nexus S a um objeto que contenha um destes chips para efetuar a leitura. O objeto pode ser qualquer coisa, desde outro dispositivo de comunicação até algo simples como cartazes e camisetas. Se parece muito com a tecnologia RFID já amplamente usada (os passaportes brasileiros emitidos recentemente já dispõem de chips RFID), mas tem um alcance menor. As informações podem ser qualquer coisa, de texto até imagens, vídeos, endereços Internet, em resumo: dados de qualquer tipo, desde que possam ser digitalizados.
Imagine que você passe pela porta de um cinema e seja atraído por um cartaz anunciando um novo filme. E imagine que o produtor tenha embutido um chip NFC no cartaz. Bastaria então você encostar seu Nexus S no cartaz para que, por exemplo, um trailer do filme seja transferido para seu telefone. Ou que um amigo tenha lhe entregue um cartão de visita com um destes chips (que deverão ser muito baratos quando a tecnologia se disseminar). Bastará encostar seu telefone no cartão para que os dados de seu amigo sejam copiados na agenda do Nexus S sem a necessidade de digitá-los.
A tecnologia NFC ainda está em sua fase inicial, exceto no Japão onde é correntemente usada inclusive para pagamentos eletrônicos. Mas, embora ela permita transferir dados em ambos os sentidos, por razões de segurança no Nexus S foi implementada apenas a função de leitura (ou seja: dados armazenados no Nexus S não podem fluir dele para outro sistema equipado com NFC, o fluxo é admitido apenas de fora para dentro).
No Brasil ainda não há uso para esta nova tecnologia, mas se trata de algo tão promissor que espero usar um dia meu Nexus S para receber dados de chips NFC incluídos nos mais diversos objetos. Se você quer conhecer mais sobre ela veja o vídeo (infelizmente apenas em inglês) < http://www.youtube.com/watch?v=wk5mUdeEF8c&feature=player_embedded > “Explore Nexus S: Near Field Communication”
Defeitos? Bem, até agora o único defeito que encontrei no Nexus S foi o fato dele não aceitar módulos de memória tipo cartão SD que não apenas aumentariam a capacidade de armazenamento como facilitariam a inclusão de dados. Mas, afinal, ninguém é perfeito...
E na próxima coluna (a derradeira desta pequena série sobre o Nexus S) vamos discutir seus sistema operacional e programas.
Até lá.

B. Piropo