Sítio do Piropo

B. Piropo

< Coluna em IT Web >
Volte
19/03/2013

< COMPUTEX 2013 >


Na última quinta-feira, 14/02/2013, como costumam fazer anualmente, os organizadores da COMPUTEX reuniram a imprensa internacional para a "Pre-Show Press Conference", uma entrevista coletiva onde representantes da TCA (Taipei Computer Association) e TAITRA (Taiwan External Trade Development Council), os dois órgãos que dividem a responsabilidade sobre a montagem e organização da feira e atividades paralelas, apresentam as novidades sobre a próxima edição. Desta vez, como de hábito, participaram o Sr. Walter Yeh, Vice-Presidente executivo da TAITRA, e Li Chang, Secretário geral da TCA.

Vamos ver então os pontos principais anunciados na entrevista sobre a 33ª edição anual do evento, a COMPUTEX 2013 que, como já é tradicional, ocorrerá na primeira semana de junho. Mais especificamente de 4 a 8 de junho de 2013.

O primeiro ponto a chamar a atenção foi o anúncio de que a feira de exposições da COMPUTEX 2013, o ponto alto do evento, não será maior que a da edição anterior. O que os habituais frequentadores certamente estranharam, visto que mesmo nos recentes tempos de crise na indústria de TI o número de expositores e estandes continuou a crescer, embora em ritmo mais reduzido.

Mas logo se percebeu a razão da aparente estagnação: a COMPUTEX passa por um ponto crítico em sua fase de crescimento, a limitação por falta de espaço. Isto porque os quatro pavilhões em que a feira irá se realizar este ano são os mesmos que ela ocupou na edição anterior, quando já estavam lotados. Sendo assim, embora 80% dos expositores da última edição tenham confirmado sua presença na próxima, o que indica alto grau de satisfação com os resultados da feira, numerosos pedidos de novos estandes tiveram que ser recusados em virtude da falta de espaço físico para sua instalação. E, conforme foi enfatizado na entrevista, a lista de espera não cessa de crescer.

Somente em 2016, com o final das obras do segundo – e gigantesco – pavilhão de Nangang, a feira voltará a crescer, posto que então não mais faltará espaço.

Ainda assim, apesar do pequeno número de estandes disponíveis para a edição deste ano, haverá diversos novos participantes, como o pavilhão dos EUA patrocinado pelo AIT (American Institute in Taiwan) e os pavilhões do Canadá, Coreia do Sul, Israel, Hong Kong e o grande pavilhão da China Continental, que este sim, vem crescendo sempre desde o reatamento de suas relações comerciais com Taiwan.

O resultado disto é que a COMPUTEX 2013 deverá receber 1.700 expositores que ocuparão 5.000 estantes que serão visitados por mais de 136 mil participantes dos quais 36 mil internacionais, provenientes principalmente do Japão, EUA, China Continental Hong Kong, Coreia do Sul e uma grande variedade de países dos demais continentes.

Como de hábito, os assuntos discutidos nos Fóruns e os estandes da feira serão agrupados por temas. Este ano os temas principais em torno dos quais girará o evento serão Tecnologia de Serviços na nuvem, informática móvel e dispositivos acionados por toque.

No que diz respeito a serviços na nuvem, espera-se novidades da Asus, que anunciou sua determinação de liderar este setor com aplicações e serviços capazes de rodar em diferentes plataformas e sistemas. Seu objetivo é exibir na feira o suporte que oferecerá para compartilhamento de arquivos entre os principais dispositivos móveis, independentemente do tipo de dispositivo e do sistema operacional, com destaque para Windows, iOS e Android. Além da Asus, a Acer, outra gigante da indústria local, oferecerá serviços em nuvem não apenas para usuários individuais como para empresas. Finalmente, a Quanta, Delta, Promise, Mitac e In Win, todas de Taiwan, exibirão produtos que, segundo os organizadores da COMPUTEX, farão do país um importante ator no cenário internacional de fornecedores de tecnologia para serviços na nuvem.

No que diz respeito à conectividade móvel, ainda de acordo com os organizadores da COMPUTEX, trata-se de uma tecnologia que vem mudando o comportamento da sociedade moderna. Espera-se que este ano as vendas de tabletes excedam os duzentos milhões de unidades, enquanto o uso corporativo destes dispositivos deve crescer 46%. Com isto, muitos fabricantes, seguindo o exemplo da Asus (com os PadFone e Fonepad) estão introduzindo a função de telefonia em seus tabletes. Já a NVIDIA continua desenvolvendo microprocessadores para este setor e os fabricantes de automóveis já perceberam a importância da conectividade móvel e passaram a equipar seus veículos com sistemas multimídia, entretenimento integrado, GPS e diversos outros dispositivos de auxílio à direção, como sensores de estacionamento, de distância entre veículos e similares. Sem esquecer, naturalmente, a NFC (Near Field Communication), tecnologia que permite a troca de dados por simples aproximação de dispositivos, que já equipa 46% dos telefones espertos atualmente fabricados e cujo crescimento esperado para este ano é de 50%.

O terceiro tema aborda os dispositivos sensíveis ao toque. E, evidentemente, a grande mola propulsora deste segmento é Windows 8, que já está no mercado. E aí entra um fato curioso: uma das visitas técnicas efetuadas após a entrevista coletiva foi à sede da Genius, onde o responsável pela apresentação dos novos dispositivos (alguns dos quais serão lançados na COMPUTEX, como um teclado com "touchpad" e um mause com superfície sensível ao toque concebidos para serem usados com Windows 8), comentou que uma das razões da lenta disseminação deste sistema é o fato "do hardware exigido ser mais caro". Ora, é mais caro justamente porque telas e demais superfícies sensíveis ao toque custam mais. Então entra-se em um círculo vicioso que gira no sentido oposto daquele do anúncio do biscoito que não se sabia se vendia mais porque era mais fresquinho ou se era mais fresquinho porque vendia mais: Windows 8 vende menos porque o hardware é mais caro e o hardware é mais caro porque vendendo menos a economia de escala não se manifesta. Seja lá como for, Windows 8 está propiciando um rápido crescimento da oferta de dispositivos sensíveis ao toque. Inclusive computadores portáteis tipo "notebooks" e "ultrabooks". E o curioso é que com isto ganham os fabricantes de telas sensíveis ao toque que nada têm a ver com Windows 8, como as dos POS ("Points Of Sales", ou pontos de venda). Razão pela qual a COMPUTEX reservou para eles todo um setor de um dos pavilhões.

Além da feira, naturalmente, este ano haverá ainda os Fóruns (mais de cem palestras e apresentações), o já respeitado prêmio de projeto e inovação (Design & Innovation Award), os encontros entre vendedores e compradores e demais atividades paralelas.

Mas o curioso é que uma das novidades interessantes desta edição da COMPUTEX serão os crachás.

Parece bobagem?

Bem, afinal a COMPUTEX é um dos mais importantes eventos na área da tecnologia de TI e, dentro dela, no setor da conectividade móvel. Portanto nada mais natural que seus organizadores, em parceria com alguns dos expositores, se aproveitassem disto para introduzir uma novidade interessante: os crachás "inteligentes".

Cada crachá, de expositor, membro da imprensa especializada ou participante, conterá um chip RFID (identificação por radiofrequência). Estes chips não apenas identificarão o visitante ao entrar ou sair dos diversos pavilhões da feira como também cumprirão funções paralelas, inclusive permitir que o portador desfrute de dois dias de transporte gratuito no sistema de metrô de Taipei.

Mas a coisa vai um pouco mais longe. Pois, como tem ocorrido nos últimos anos, os organizadores da COMPUTEX oferecem um aplicativo que contém todas as informações essenciais sobre o evento (localização dos pavilhões e estandes, relação de expositores e coisas que tais) e que pode ser baixado gratuitamente e instalado inclusive em tabletes e telefones espertos.

Pois bem: se o dispositivo estiver equipado com a função NFC citada alguns parágrafos acima, basta encostá-lo no crachá para transferir as informações do crachá para ele. A partir de então o dispositivo poderá substituir o crachá, pois os postos de controle dos pavilhões serão dotados de sensores NFC. Em suma: a COMPUTEX adotará um crachá eletrônico, um negócio mais que apropriado considerando-se o tipo do evento.

Finalmente: aproveitando o fato de que toda a cidade de Taipei é coberta por uma rede de dados tipo WiFi, todo o participante da feira receberá na inscrição um código de acesso que permitirá conexão gratuita por todo o período do evento.

Em suma: a COMPUTEX 2013 será um evento sobre tecnologia que tirará proveito desta mesma tecnologia.

Quanto à entrevista coletiva, eu poderia ilustrá-la com uma foto de um dos organizadores durante sua apresentação, do ambiente apinhado de membros da imprensa local e internacional, do novo logotipo da feira ou algo semelhante. Mas meus preclaros leitores certamente entenderão as razões pelas quais acabei me decidindo pela foto do alto da coluna, onde aparece a Srta. Shahad Huang, eleita Miss COMPUTEX 2013 talvez por seus dotes intelectuais e culturais, já que é fluente em inglês, árabe e mandarim, cursou duas universidades e, no momento, está terminando o mestrado na Universidade de Nova Iorque.

Talvez...

Figura 1



B. Piropo