Sítio do Piropo

B. Piropo

O Globo
Volte
10/02/1997

Power Goo: poderoso, sofisticado, divertido... e inútil


Hoje você não está disposto a trabalhar. É carnaval e você está mais a fim é de se divertir. Tudo bem: para isto o micro também serve. Não apenas serve, como oferece um mundo de opções, desde joguinhos sem compromisso até umas tantas horas navegando sem destino pelos mares da Internet. Ou então, quem sabe, simplesmente rodando o Kai's Power Goo, da Metatools.

O Kai's Power Goo é um poderoso e sofisticadíssimo programa gráfico. O curioso é que, embora empregando o estado da arte da tecnologia de imagens (é o irmão mais novo do Kai's Power Tools, o add-on preferido por dez entre dez artistas gráficos que usam o Adobe Photoshop), não serve absolutamente para nada. Exceto, é claro, deformar imagens, que é sua única habilidade. Mas é o tipo do programinha divertido. E bota divertido nisso.

O Kai's Power Goo é formado por dois módulos distintos. Um deles chama-se "goo" e é capaz de trabalhar com imagens nas quais manipula regiões que vão sendo esticadas e comprimidas como se fossem estampadas em uma superfície elástica que vai sendo deformada aos poucos (o programa as chama de "imagens líquidas"). Durante o processo de deformação é possível gravar imagens intermediárias e posteriormente usá-las para criar um "goovie" (fusão de "goo" com "movie"), ou seja, uma animação na qual a imagem vai mudando de forma suavemente, passando sucessivamente por todas as fases intermediárias e retornando à inicial. Com alguma habilidade você pode, por exemplo, capturar uma foto da Bruna com o scanner e alterar pouco a pouco o formato dos lábios e das pálpebras, fazendo-a jogar um beijo e piscar para você com um arzinho tão safado que vai fazê-lo passar o carnaval inteiro admirando sua obra, rodando o goovie sem parar.

O outro módulo denomina-se "fusion" e trabalha com duas imagens simultaneamente, permitindo selecionar regiões de uma delas e transferi-las para a outra. O resultado é uma imagem final formada por "pedaços" de ambas as imagens iniciais. Evidentemente o programa fornece ferramentas que permitem suavizar as bordas das regiões intermediárias, de modo que com um mínimo de habilidade é possível gerar fusões curiosíssimas onde não se percebe descontinuidade alguma, embora se possa identificar que regiões vieram de que imagem. Por exemplo: ao se fundir as imagens de um homem e de um burro, mesmo sendo impossível detectar qualquer solução de continuidade, dá para perceber que pedaços vieram do burro e que pedaços vieram do homem (se você tentar e não conseguir, não desespere: na maioria das vezes basta trocar o homem usado como modelo; há casos em que, de fato, é impossível distinguir).

O programa só é fornecido em CD-ROM (que tem que permanecer no drive enquanto é executado) e não vem com manual impresso. As instruções de uso e o tutorial, que vêm no CD-ROM, são mais do que suficientes, pois o programa é de uma extraordinária simplicidade de uso. A única dificuldade é se acostumar com a exótica interface utilizada por todos os produtos da Metatools. Vencida esta etapa, a coisa não somente fica fácil como divertida. As poucas ferramentas adotadas pelos dois módulos são eficientes, intuitivas e fáceis de usar. Com um mínimo de prática você se surpreenderá fazendo fusões incríveis e montando goovies divertidíssimos com as fotos do carnaval (que podem ser gravados no formato AVI e exibidos no Media Player do Windows).

A coisa é tão simples que até este vosso criado, que no que toca às artes gráficas nasceu com duas mãos esquerdas, em pouco mais de uma hora já se sentia tão à vontade que foi capaz de criar fusões engraçadíssimas e gerar animações interessantes.

 

B.Piropo