Sítio do Piropo

B. Piropo

< O Globo >
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15/04/2002

< Intel Sem Fio >


A que você associa a marca Intel? Provavelmente a microprocessadores, mostrando que você a conhece. Afinal é ela que detém a maior fatia desse mercado. Então escolha uma de suas linhas de CPUs e responda depressa: qual a freqüência da mais rápida? A maioria certamente se lembrará do Pentium 4, a jóia da coroa Intel, e responderá 2,4 GHz. Os corporativos pensarão no Xeon, um P4 melhorado para uso em servidores, e dirão 2,2 GHz. Os mais bem informados se lembrarão do Itanium, o primeiro chip de 64 bits da Intel lançado recentemente para servidores multiprocessados e responderão 800 MHz.

Será que alguém dirá 206 MHz? Duvido. Pois saibam que essa é a freqüência de operação da CPU mais rápida da linha StrongArm, da Intel, uma das que vêm recebendo maiores atenções da empresa. Trata-se do SA1110, um valente processador RISC de 32 bits com barramento de memória de 100 MHz, dois caches internos (16K para instruções e 8K para dados), controlador de memória, módulos de controle de E/S e uma unidade de gerenciamento de energia que detecta as necessidades do sistema e ajusta a freqüência para minimizar o consumo, tudo isso dentro do chip.
(veja detalhes em <www.intel.com/design/pca/applicationsprocessors/1110_brf.htm>).

Mas por que um processador assim lento merece tanta atenção? Bem, é que ele é uma das peças mestras da estratégia PCA, de “Personal Client Architecture”, uma arquitetura centrada no mundo sem fio (“wireless”, em inglês), onde a chave não é poder de processamento, mas baixo consumo e miniaturização. E nesse campo o StrongArm excede.

Acontece que a Intel descobriu o mundo sem fio e está dedicando um notável esforço para nele assumir uma posição compatível com a força de sua marca. Afinal, conforme mencionou Jorge Rocha, um dos gerentes da empresa, em sua palestra no Editor’s Day da Intel semana passada, há hoje no mundo um bilhão de telefones celulares e já se prevê que no próximo ano eles serão mais numerosos que os telefones fixos. O que, segundo Rocha, fará com que eles venham a se tornar a rota preferencial para a Internet.

Mas o universo sem fio não se resume a telefones celulares. Ele abrange também os chamados PDAs (Personal Digital Assistants), essas pequenas agendas eletrônicas de bolso que estão se tornando cada vez mais populares. E a novidade é que ambas as tecnologias estão convergindo, ou seja: brevemente teremos um dispositivo que será ao mesmo tempo um telefone celular e uma poderosa agenda de bolso capaz de ter acesso à Internet em alta taxa (ou “banda larga”) e se comunicar com nossos computadores de mesa e redes corporativas. É com os olhos nesse mercado crescente que a Intel está trabalhando com desenvolvedores de hardware, software e provedores de serviços para oferecer soluções centradas em suas CPUs.

Essa é a essência do programa PCA, também chamado pela Intel de Personal Internet Client Architecture. Não é à toa que a linha StrongArm já tem sua sucessora, os processadores XScale. Seu maior expoente é o PXA250, compatível com  o SA1110, também um chip RISC de 32 bits, porém fabricado com a tecnologia de 0,18 mícron, rodando a 400 MHz, com dois caches internos de 32K e otimizado para aplicações de áudio e vídeo (veja mais em <www.intel.com/design/pca/prodbref/298620.htm>).

O objetivo da Intel é se tornar o principal fornecedor não apenas de CPUs, mas de componentes em geral para o mercado “Internet sem fio”. Por isso passou a dedicar atenção especial a uma segunda linha de produtos também ligada a ele, o das memórias flash. E tem obtido sucesso. Um item especial dessa linha é a memória StrataFlash, que consegue detectar com segurança quatro níveis de tensão em cada uma de suas células de memória e usa essa facilidade para armazenar dois bits por célula, dobrando a densidade de armazenamento (veja detalhes no interessantíssimo artigo da Intel em <www.intel.com/design/flash/isf/overview.pdf>).

A julgar pelo que foi dito no Editor’s Day o interesse da Intel nesse segmento de mercado é sério e ela pretende dedicar-se a ele com afinco. Portanto não se espante se algum dia você encontrar o dístico “Intel inside” estampado em seu celular ou agenda eletrônica. Ou em artefatos ainda mais surpreendentes. Afinal, nossa excursão pelo o mundo sem fio está apenas começando e ninguém sabe ao certo o que ele nos reserva.

B. Piropo