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B. Piropo

O Globo
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03/02/1997

Pentium MMX Lançado no Brasil

Na terça-feira passada, o Pentium MMX foi lançado no Brasil. Na entrevista coletiva, o Diretor de Marketing da Intel para a América Latina Luis Guisasola, depois de informar que ano passado a empresa bateu novamente todos os recordes de faturamento e situou-se entre as quatro maiores corporações do mundo em capitalização, disse que o Pentium MMX melhora o desempenho de aplicativos "ricos em gráficos, áudio e vídeo" em mais de 60%, desde que tais aplicativos tenham sido especialmente desenvolvidos para utilizar a tecnologia MMX. E mesmo rodando programas comuns, deve-se esperar um desempenho de 10% a 20% superior quando se usa o novo chip.

O MMX é o velho NSP (Native Signal Processing) de roupa nova. Baseia-se no fato das rotinas de programas gráficos, de áudio e de vídeo se caracterizarem por longas cadeias de instruções repetidas (loops) e por ações que afetam ao mesmo tempo grande número de elementos semelhantes (como os pixels da tela). A tecnologia MMX "empacota" conjuntos de instruções deste tipo em uma única instrução que corresponde à execução simultânea do conjunto. O novo chip incorpora 57 destas novas instruções. Por isto somente aplicativos especialmente desenvolvidos, que empregam as novas instruções, alcançam os 60% de aumento do desempenho. A melhoria nos demais, pequena, mas não desprezível, resulta do aumento do cache interno de 16K para 32K e da utilização da previsão de comandos ("branch prediction"), uma função que deixa o chip "adivinhar" a próxima instrução a ser executada e iniciar seu processamento mesmo antes de concluir a anterior. Se acertar, ganha tempo. Se errar, nada perde: descarta o resultado e recomeça com a certa. Como na maioria das vezes as instruções se sucedem em uma dada ordem, a maior parte das "adivinhações" é bem sucedida.

Mas por razões ligadas ao uso dos registradores internos da CPU, não é possível usar simultaneamente o conjunto de instruções MMX e a FPU (Unidade de Ponto Flutuante) do Pentium MMX. Em princípio, isto não afetaria o desempenho dos aplicativos multimídia, para os quais o MMX foi otimizado (embora a Intel já não enfatize o termo "multimídia", como você pode ler na Trilha Zero [de 03/01/97]). Exceto, evidentemente, no caso dos programas gráficos em 3-D, cuja calculeira para gerar os cenários tridimensionais exige muito da FPU. O que não devia surpreender ao observador atento, que notou o súbito crescimento do mercado de placas de vídeo 3-D recentemente.

Em resumo: o Pentium MMX é sem dúvida uma evolução. E se você é um usuário pesado de jogos e aplicativos multimídia que não dependem de 3D, talvez valha a pena migrar para ele - desde, é claro, que tenha acesso aos programas que "sabem" usar seus recursos. Senão, espere que ele deixe de ser novidade e os preços caiam. Porque, segundo a própria Intel, dentro de um ano todas as suas CPUs já serão MMX. E provavelmente as dos demais fabricantes também, pois tanto a Cyrix quanto a AMD já licenciaram a tecnologia.

 

B.Piropo