Sítio do Piropo

B. Piropo

< O Globo >
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01/04/2002

< Microchip Anti-seqüestro >


Já há algum tempo animais são identificados eletronicamente. Em Singapura, a partir de maio deste ano, todos os donos de cães serão obrigados a implantar no corpo do animal um microchip com seus dados animais (eu estava a ponto de escrever “dados pessoais”, mas me dei conta que não cabe...), além de informações sobre vacinas e histórico veterinário visando reduzir o risco da propagação de raiva e outras zoonoses. Austrália e Nova Zelândia já obrigam a implantação desses chips em cães importados visando localizar a origem de uma eventual epidemia e a medida é usada em caráter opcional em países como Grã Bretanha, Escócia e EUA para permitir a identificação do animal (veja artigo em <www.wired.com/news/politics/0,1283,41963,00.html>).

Os microchips usados para a identificação por emissão de radiofreqüência (RFID, de Radio Frequency Identification) são relativamente simples. Aproximadamente do tamanho de um grão de arroz, o chip é injetado entre as omoplatas do animal. Sua vida útil é de 25 anos. Não contém baterias nem produtos químicos, apenas um número de registro que pode ser lido através de um sensor externo que capta a rádio-freqüência emitida pelo chip. As informações sobre o animal são obtidas fornecendo esse número a um banco de dados com os registros de todos os animais portadores de chips. Nos EUA já existem cinco empresas fornecendo microchips para identificação animal (veja artigo em <www.golden-retriever.com/chips.html>).

A tecnologia tem sido tão bem sucedida que não é de espantar que ela venha a se propagar para os humanos. Recentemente a ADS (Applied Digital Solutions), uma indústria da Flórida, EUA, criou o VeriChip, um chip RFID compatível com o tecido humano. Ele foi desenvolvido para ser usado conjuntamente com dispositivos como marcapassos, desfibriladores e articulações artificiais e permite a transmissão de dados sobre os dispositivos para um sensor externo. Isso não somente ajuda o acompanhamento médico do paciente como também presta informações vitais em caso de um acidente que deixe a vítima desacordada. O VeriChip contém uma antena, um capacitor para ajuste da freqüência, uma bobina para transmissão de dados, uma unidade passiva de emissão de RF em 125 KHz e 128 bytes de memória RAM, tudo isso em um cilindro de pouco mais de 1 mm de diâmetro e 2 cm de comprimento que pode ser injetado no corpo humano. Mas o que mais chamou a atenção sobre ele não foi a aplicação na medicina, mas a possibilidade se ser usado como dispositivo de identificação. Segundo um porta-voz da ADS, nada impede que algum dia o VeriChip seja usado como uma espécie de “código de barras” para humanos em aplicações de segurança (veja artigo em <www.eetimes.com/story/OEG20020104S0044>).

Pois bem: esse dia chegou. Microchips RFID estão sendo acoplados a dispositivos tipo GPS (Global Positioning System, um sistema baseado em satélites desenvolvido para navegação que permite localizar precisamente sua posição em qualquer ponto da superfície da terra) e implantados em humanos. Mais especificamente em executivos brasileiros, como proteção contra seqüestros.

O sistema foi desenvolvido pelo cientista tcheco Lirba Edor Iemirp. Dr. Edor iniciou suas pesquisas em uma universidade americana, mas uma ação judicial movida por um grupo de defensores da privacidade o obrigou a interrompê-las e deixar o território americano. Resolveu então emigrar para o Brasil, juntamente com sua esposa e assistente, Dra. Ana Casamu, de origem rumena, que conheceu nos EUA.

O dispositivo denomina-se Atorol (acrônimo de Atomic Robot Link) e pode ser implantado em qualquer parte do corpo humano. Mas como é bem maior que o VeriChip devido ao emissor GPS, suas dimensões aconselham que seja escolhida uma região com predominância de tecido muscular ou adiposo, como a região lombar. O que facilita a troca da bateria, uma pequena pastilha do tamanho de uma moeda que precisa ser introduzida semanalmente no dispositivo. O único problema é uma pequena dificuldade para sentar nos dois ou três dias subseqüentes ao implante.

O primeiro cliente do Atorol foi o economista O. Irato, diretor de uma multinacional japonesa do ramo de telecomunicações com sede em São Paulo. Segundo Dr. Irato, além de não causar nenhum efeito colateral indesejável (exceto o desconforto durante a troca da bateria), o chip provoca um sentimento de segurança tão grande que gera efeitos psicológicos altamente positivos.

Dr. Edor estima que, dada a onda de seqüestros que se verifica no país, o mercado para o Atorol é considerável e deverá se expandir bastante na medida que o aumento da produção provocar a queda dos preços devido à economia de escala. Sua única preocupação é com o uso indevido da tecnologia, uma vez que tem recebido insistentes solicitações de executivos para implantar o chip em esposas e, principalmente, amantes, cujos deslocamentos desejam monitorar à distância.

Se você deseja mais informações sobre o Atorol e seu criador, consulte o link que você encontrará no final deste artigo, na seção Escritos de meu sítio, em <www.bpiropo.com.br>.[clique no "atalho" abaixo. N.WM.]

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