Sítio do Piropo

B. Piropo

O Globo
Volte
29/09/1997

Windows Professional Developers Conference 1997

Segundo a Microsoft, há em todo o mundo cem milhões de usuários de "Windows 32", a designação comum a Windows 95 e NT. O que não parece um exagero se considerarmos os mais de 250 milhões de PCs espalhados nos cinco continentes. Já a afirmação de Paul Maritz na palestra de abertura da PDC de que há no mundo cerca de quatro milhões de programadores profissionais para Windows 32, esta sim me pareceu um exagero. Pelo menos até eu olhar em volta e me dar conta que estava em um salão de palestras muito, mas muito maior que um campo de futebol, completamente lotado com cerca de sete mil programadores profissionais que pagaram a bagatela de mil e quinhentos dólares cada para participar do evento. Aí, sim, deu para acreditar.

Paul Maritz é um dos vice-presidentes da MS. E PDC é a Professional Developers Conference, o congresso anual de programadores profissionais Windows, este ano realizado em San Diego, na Califórnia e que, segundo os organizadores (que, aliás, estão de parabéns: apesar do porte, o evento está magnificamente organizado) é a maior reunião de programadores jamais vista. Um evento eminentemente técnico que, em princípio, somente interessa a especialistas. Exceto por um detalhe: o que se discute aqui não é o que rodamos hoje, mas o que rodaremos amanhã. O que faz da PDC o melhor lugar para saber que cara Windows terá daqui a alguns anos. Uma afirmação que fica mais clara quando se sabe que o tema da primeira edição, que reuniu em Seattle meros 300 gatos pingados em 1990, foi Windows 3. E que em 92 as conversas se centraram no Windows 32, enquanto o assunto momentoso de 95 foi a integração do Internet Explorer com a interface do sistema (cujos efeitos somente se farão sentir a partir desta semana, com a liberação da versão final do IE 4.0). Portanto, para saber como será o Windows do futuro, nada melhor que sondar a agenda da PDC. E esta edição está centrada em um único tema: DNA e seus acólitos, DHTML e COM+.

DNA é o acrônimo de Distributed interNet Applications (na verdade, o "N" originalmente era de "Network", mas a MS esperta e oportunamente alterou o nome e a arquitetura para abranger não apenas redes locais, mas toda a Internet). Trata-se de uma arquitetura na qual os "serviços" prestados pelo sistema operacional aparecem de uma forma unificada para os aplicativos, que podem recorrer a eles não importa onde estejam, seja na mesma máquina, em um cliente de rede local, em uma intranet ou na própria Internet. Os "serviços" abrangem transações, segurança, acesso a dados e a banco de dados, gerenciamento de sistemas, interface de usuários e muitos outros. A interface, por sua vez, é totalmente integrada ao paginador ("browser"), de modo que o usuário de um aplicativo aderente à DNA interagirá com ele da mesma forma que com uma página da Internet, sem saber se está acessando dados de sua máquina, de um servidor situado no mesmo prédio ou de uma máquina em Java (o país). E por falar em Java: a arquitetura DNA unifica os modelos de programação integrando-os através do uso de scritps e componentes, de tal forma que um programador pode "embutir" em uma página HTML um script em Visual Basic que chama um controle em Java (a linguagem) que dispara uma chamada para um objeto em C++ que está no servidor da rede. Assim, a DNA permite que um aplicativo seja, literalmente, "montado" como um jogo de armar, combinando peças que trocam entre si tanto dados quanto o controle do fluxo do programa, mesmo que tenham sido desenvolvidas em diferentes linguagens.

Estas são as boas novas. A má é que a arquitetura DNA se apoia em um modelo de objetos denominado COM+ ("com-plus"), uma extensão do atual Components Object Model que somente estará totalmente disponível após o lançamento de Windows NT 5.0, esperado para o ano que vem e que apresentará mudanças significativas, como suporte a plug-and-play, gerenciamento de energia e, sobretudo, as fundações da nova arquitetura DNA. E por isso mesmo terá sua versão beta fartamente distribuída para os desenvolvedores - inclusive aqui na PDC - com a enfática recomendação da MS: desenvolvam programas baseados em DNA. O que faz prever uma sobrevida de não mais que alguns anos para Windows 95, aliás 98, da qual, diga-se de passagem, pouco ou nada se falou nesta PDC.

Então fazer o que? Sentar e esperar? Mas claro que não. Resta a DHTML, ou HTML dinâmica, um desenvolvimento da linguagem HTML que permite uma característica revolucionária: incluir scripts que alteram o conteúdo da página interativamente, sem necessidade de transferir dados do servidor, dotando suas páginas de uma característica dinâmica (daí nome) pela qual todo programador ansiava. O suporte à DHTML já está disponível no Internet Explorer 4.0. E sendo ela uma das fundações da DNA, é um assunto do qual você ainda muito vai ouvir falar.

 

B. Piropo