Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
20/09/2004

< Cornucópia de conhecimento >


Quem a enviou, ao que parece, foi Glória Regina, se bem que seja muito difícil descobrir a origem e a veracidade deste tipo de mensagem. A mim, chegou através do leitor Heber Barbosa, que por sua vez a recebeu de alguém que assina Lu Can. E vinha sob a forma de um arquivo anexo. Em suma: parecia no mínimo mais um SPAM, no máximo uma tentativa de contaminação por vírus. Mas como o anexo vinha no (até agora) inofensivo formato Eml, venci os escrúpulos e resolvi abri-la para ver do que se tratava. Aqui vai seu texto, quase na íntegra:
“Como alguns sabem, o MEC está pensando em fechar o portal de periódicos da CAPES. A alegação é de que o custo é alto e pouca gente usa. Na verdade, é pouco acessado por ser pouco divulgado. Para os que não conhecem, o portal fornece acesso a diversos periódicos científicos de praticamente todas as áreas de estudo, entre eles vários nacionais e internacionais de economia, direito, computação, engenharias, medicina, etc. Para se ter uma idéia, sem o portal você teria que pagar algo como 1,99 a 20 dólares por artigo. A proposta, portanto, é divulgar o portal, que é uma riquíssima fonte de conhecimento científico sem fins lucrativos”.
Bem, então era SPAM. Mas parecia um SPAM “do bem”. Seria mesmo? Decidi fazer uma visita ao sítio do CAPES, em <www.capes.gov.br>. E, sendo eu além de mau escrevinhador, mau engenheiro e mau professor universitário que já dedicou algumas centenas de horas à procura de fontes confiáveis de informações técnicas e científicas e sabe como é difícil encontrá-las, fiquei absolutamente fascinado.
O sítio é mantido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do MEC. É simples e limpo como convém. A página de abertura contém apenas atalhos para notícias e tópicos de interesse do público alvo. À esquerda, uma coluna de atalhos para “Bolsas no País”, “Bolsas no Exterior”, “Documentos” (com todos os modelos de documentos utilizados na CAPES), “Legislação”, “Mestrados e Doutorados” (novos e reconhecidos), “Banco de teses” (que permite consultar informações sobre teses e dissertações defendidas junto a programas de pós-graduação no Brasil, oferecendo tanto resumos quanto textos completos) e, bem no topo, o que mais me maravilhou: “periódicos”, com uma lista de 8.109 periódicos, todos de conteúdo técnico ou científico. Na aba “Textos completos” há uma lista de áreas do conhecimento que vai desde “Ciências Biológicas” até “Lingüística, Letras e Artes”, passando por “Engenharias” (assim mesmo, no plural), “Ciências da saúde” (com um destaque para “Medicina”) e “Ciências exatas e da terra”. Cada um com uma longa lista de assuntos e especialidades.
Para experimentar, em “Engenharias”, selecionei “Engenharia sanitária”. Fui levado a uma lista de 151 títulos de periódicos, incluindo os mais respeitados do ramo, oferecendo o texto completo de seus artigos. Não fiz as contas, mas considerando todos os artigos de todas as edições dos 8.109 periódicos, seguramente se tem acesso a mais de um milhão de textos completos. Uma cornucópia de conhecimento.
Eu não sei se, como informa a mensagem, é verdade que o MEC “está pensando em fechar o portal de periódicos da CAPES” (se estiver, o simples ato de pensar em uma sandice dessas é um crime de lesa cultura). Mas acredito que o fato do sítio ter poucos acessos é uma espécie de efeito Tostines perverso: pouca gente conhece porque não é divulgado, não é divulgado porque pouca gente conhece. Então, modestamente, cumpro aqui a minha parte. E informo que, se você quiser ir diretamente para a seção de periódicos, o URL é <www.periodicos.capes.gov.br/>. Não há estudante ou professor universitário, envolvido ou não com teses ou dissertações de pós-graduação, que possa ignorar sua existência. Não deixe de visitá-lo. Se não por interesse, ao menos para que sua visita seja computada pelo MEC e ajude a manter o sítio no ar.

PS: Recebi, da Editora Ciência Moderna, o livro Windows XP, de André Diniz. Em princípio, parece mais uma das centenas de publicações sobre Windows. O que o torna diferente é o fato de ser uma história em quadrinhos profusamente ilustrada, que trata não apenas do sistema operacional como também de alguns de seus aplicativos, como o Paint, Wordpad, Media Player e, evidentemente, Internet Explorer e noções sobre como utilizar a Internet. Tem menos de cem páginas, portanto não espere grande profundidade. Mas para quem não gosta de “ler livros”, talvez seja a forma ideal de se familiarizar com Windows XP e algumas de suas manhas.

B. Piropo