Escritos
B. Piropo
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21/03/94

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De importante mesmo em nosso micro só falta o vídeo, que já foi discutido aqui mesmo na Trilha Zero. Mas nosso objetivo é ajudá-lo a selecionar a máquina que melhor se adapta às suas necessidades. E, para escolher, é indispensável um mínimo de conhecimento sobre o que será escolhido. Então teremos que voltar ao assunto. Ou, pelo menos, aos pontos que mais influenciarão nossa escolha.

A imagem que aparece na tela consiste em linhas horizontais de pontos brilhantes. Em um monitor colorido esses pontos podem assumir um determinado número de cores de um conjunto maior, denominado "palheta". Em um monitor monocromático as cores são representadas por tons de cinza, verde ou âmbar, dependendo do tipo de monitor. Esses pontos chamam-se "pixels", abreviação de "picture cells", ou células de imagem. Para entender como essa imagem é gerada e exibida vamos deixar de lado as telas de caracteres do velho DOS e vejamos uma explicação simplificada de como funcionam as telas das novas interfaces gráficas, mais lentas e mais complexas, e que, por isso mesmo, irão balisar nossa escolha.

O "desenho" da imagem é gerado pelos circuitos internos da máquina. Em princípio, quem o faz é a própria CPU. Mas nada impede que essa tarefa seja feita por um microprocessador auxiliar (lembre-se disso mais tarde ao discutirmos as chamadas "placas aceleradoras de vídeo"). O resultado é uma longa lista de códigos, cada um representando um pixel. O primeiro corresponde ao ponto situado no canto superior esquerdo da tela e contém seus "atributos", ou seja, sua cor (o preto corresponde, evidentemente, a um pixel "apagado"). O segundo representa o pixel situado imediatamente à direita, e assim sucessivamente, até a extremidade direita da linha do topo da tela. Depois vem o código que representa o pixel da extremidade esquerda da segunda linha e assim por diante, até o último pixel da última linha, aquele situado no canto inferior direito da tela. Esses códigos são gravados, exatamente nesta ordem, pela CPU ou pelo microprocessador auxiliar em um trecho de memória RAM, a memória de vídeo. Quando um programa deseja modificar a tela, basta alterar o conteúdo dessa área de memória.

Com a geração da imagem se encerra a tarefa do microprocessador. Exibi-la é função da placa controladora de vídeo e do monitor. Na placa, há um circuito que fica permanentemente "varrendo" a memória de vídeo e lendo o que lá está gravado. Essas informações são convertidas em sinais eletrônicos e enviadas ao monitor, que as processa e encaminha para o tubo de imagem, no fundo do qual há uma espécie de "metralhadora" eletrônica. Que, metodicamente, dispara elétrons um após ao outro, bombardeando a face posterior da tela, formada por elementos sensíveis, capazes de brilhar quando excitados pelo feixe de elétrons, "acendendo" cada pixel e ajustando sua cor (ou tom de cinza) conforme as informações lidas na memória de vídeo. O feixe começa disparando no primeiro pixel da primeira linha, passa para seu vizinho da direita, prossegue até o último, desloca-se bruscamente para a esquerda e desce para o começo da segunda linha, continuando nesse vai-vem, "atirando" em cada pixel, pixel a pixel, linha a linha, até a base da tela. Depois, salta bruscamente até o alto, volta ao início da primeira linha e começa tudo de novo. O número de vezes em cada segundo que o feixe de elétrons se desloca da esquerda para a direita e varre uma linha chama-se freqüência (ou "varredura") horizontal e o número de vezes que ele percorre a tela verticalmente (varrendo todas as linhas) chama-se freqüência (ou "varredura") vertical. Essa é uma descrição simplificada, mas basta para identificarmos os principais parâmetros que orientarão nossa escolha. Começando por uma questão essencial: de quantos pixels é formada a imagem na tela e quantas cores pode assumir cada um destes pixels?

O número de pixels da tela é essencial: dele depende a definição da imagem. Um número pequeno resulta em uma imagem pouco nítida, com curvas e linhas inclinadas que parecem "quebradas" e onde não se pode representar detalhes. Esse número varia com o chamado "padrão de vídeo". O primeiro capaz de exibir imagens gráficas foi o CGA, de Color Graphics Adapter, cuja imagem de maior definição era formada por 200 linhas de 640 pixels cada, ou seja, apresentava uma "resolução" de 640x200. E usava somente quatro cores de um total de dezesseis (logo, o padrão exibia simultaneamente quatro cores de uma palheta de dezesseis). Esqueça-se dele: a imagem é paupérrima e absolutamente inadequada para as novas interfaces gráficas. Se alguém lhe oferecer um micro com vídeo CGA dizendo que presta, sorria, saia de banda e evite conversar com o indigitado sobre qualquer assunto que não seja futebol ou mulher (tá bão, Cora, homem também, pra quem gosta).

Depois, desenvolveram o padrão EGA, de Enhanced Graphics Adapter, com uma resolução de 640x350 pixels e capaz de exibir simultaneamente dezesseis cores de uma palheta de 64. Esqueça-se dele também: hoje em dia é difícil até mesmo encontrar placas e monitores EGA, já que o padrão foi rapidamente sucedido pelo VGA, de Video Graphics Array. Este sim, já bem próximo do que se poderia chamar de um padrão decente, com uma resolução de 640x480 pixels e capaz de exibir simultaneamente dezesseis cores de uma palheta de 256. O mínimo necessário para uma nitidez de imagem compatível com o uso de uma interface gráfica.

Mas foram justamente as interfaces gráficas que fizeram os usuários ansiar por definições cada vez maiores. E surgiu o SVGA, ou Super VGA. Acontece que, até o VGA, os padrões eram, de fato, padrões: diga EGA e lhe direi exatamente qual a resolução, número de cores simultâneas, total da palheta e coisa e tal. Já SVGA...

A coisa começou com alguns fabricantes oferecendo placas de vídeo e monitores capazes de uma resolução de 800x600 pixels. Que logo subiu para 1024x768. E foi seguido por 1280x1024. Quantas cores? Bem, isso varia. Desde as dezesseis cores do padrão VGA até um número superior a dezesseis milhões de cores (teoricamente) simultâneas. E tudo isso é chamado de SVGA. Como escolher e de que dependem essas combinações de resolução e número de cores veremos adiante. Por enquanto, basta saber que isso envolve tanto a placa de vídeo quanto o monitor. Portanto, se alguém lhe oferecer um micro com "vídeo SVGA", procure se informar sobre a resolução e número de cores simultâneas que o bicho é capaz de exibir.

Pronto. Agora já sabemos o básico sobre vídeo. Semana que vem vamos ver que fatores influenciarão nossa escolha da placa controladora de vídeo e do monitor. Até lá .

B. Piropo