Escritos
B. Piropo
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03/10/1994

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Chegamos, finalmente, à parte que mais interessa: os minicartuchos DC2000. São de longe os de menor custo, e por isso mesmo os mais populares.

Vamos ver primeiro sua interface. Drives de minicartucho ligam-se ao micro de três maneiras. A mais comum é através da própria controladora de drives de disquete. Os mais antigos ocupavam o lugar de um drive, o que não era conveniente: ficava-se limitado ao drive da fita e a um único drive de disquete. Os novos usam um cabo em "Y" com três conectores. O de uma extremidade encaixa no drive de fita, o da extremidade oposta no conector antes ocupado pelo cabo dos drives de disquetes na placa controladora de discos e, no terceiro, liga-se o cabo dos drives de disquetes, permitindo que a mesma placa controle o drive de fita e os dois drives de disquetes. Essa forma é a mais simples, mais barata e de instalação mais fácil. Por isso é tão popular. Mas é a mais lenta: fica-se limitado à taxa de transferência de dados usada pelos drives de disquete, entre 500K e dois Mb por minuto. Um backup completo de um HD de 250Mb pode levar muito mais de duas horas.

A segunda maneira é através de uma placa controladora independente, semelhante a uma controladora de disquetes, ou uma placa SCSI. Dependendo do tipo, as taxas de transferência podem ser superiores a 4Mb por minuto. E, finalmente, há os drives externos conectados via porta serial, cuja taxa de transferência é pouco maior que a dos drives ligados à controladora de disquetes. A grande vantagem destes drives é que podem ser usados em mais de uma máquina, uma boa solução para escritórios.

Os padrões para os cartuchos DC2000 são mas recentes que os de seu irmão maior, o DC6000. Por isso, são mais extensos: além dos itens do padrão anterior (comprimento de fita, formato e dimensões do invólucro, interface do drive com o micro, número de trilhas, densidade de dados e formatação física da fita), abrangem também a formatação lógica da fita. Nelas, cada segmento (equivalente às trilhas dos disquetes) contém 32 blocos (equivalentes aos setores) de 1024 bytes cada. Por se tratar de meio de armazenamento especialmente voltado para backup, foi tomado extremo cuidado com a segurança dos dados: além da análise cíclica de redundância (CRC) ao final de cada bloco, oito blocos de cada segmento são dedicados exclusivamente a códigos de correção de erro. Isso reduz em um terço a quantidade de dados que uma fita pode armazenar, mas garante que o backup é confiável.

Agora, vamos ver os formatos mais comuns para os cartuchos DC2000:

QIC-40: é o padrão mais antigo. Armazena 40Mb de dados em uma fita de 205' com vinte trilhas ou 60Mb em uma fita de 307', também com vinte trilhas, gravadas com uma densidade de dados de 10Kbits por polegada. Usam os cartuchos DC2040 (205' de fita, para 40Mb) e DC2060 (307' de fita, para 250Mb). Em geral usam como interface a mesma controladora dos discos rígidos. A maior parte dos acionadores de fita do mercado que anunciam capacidade de 120Mb obedecem ao padrão QIC-40 e usam um cartucho DC2060 para 60Mb de dados, com compressão por software para aumentar a capacidade até os 120Mb anunciados. É um padrão antigo, lento, de baixa capacidade, mas apesar de tudo isso ainda é muito popular graças ao preço baixíssimo: nos EUA compra-se um drive QIC-40 por menos de US$100. Um cartucho custa menos de quinze dólares. Por esse preço, só não faz backup quem não quer.

QIC-100: lançado logo após o QIC-40, armazenava 20Mb em uma fita de 205' com doze trilhas ou 40Mb na mesma fita, usando 24 trilhas. Esse padrão exigia uma controladora própria, o que tornava seus drives mais dispendiosos. Mais caro e com menor capacidade, não é de estranhar que o padrão não tenha "vingado": até o próprio comitê QIC o considera obsoleto. Foi citado porque existe, mas esqueça-se dele.

QIC-128: armazena 86Mb de dados em uma fita de 205' ou 128Mb em uma fita de 307'. Usam os cartuchos DC2110 (205' de fita, para 86Mb) e DC2165 (307' de fita, para 128Mb). Também exigem uma controladora independente, proprietária ou SCSI. Isso o torna mais rápido, porém mais caro. Talvez por isso não se tenha popularizado.

QIC-380: armazena 380Mb em uma fita de 307' usando uma controladora independente que acelera a transferência de dados. São rápidos, porém caros. Estão começando a se popularizar agora, com a tendência ao gigantismo dos discos rígidos, mas ainda não são muito comuns.

QIC-80: ficou para o final por ser o mais popular dentre os padrões QIC. Embora possa usar uma placa independente ou ser conectado à porta serial, a maioria dos drives QIC-80 usa a mesma controladora de discos existente na máquina, o que faz com que esses drives sejam muito baratos (menos de US$150 nos EUA) e de instalação simplíssima: basta abrir o gabinete, aparafusar o drive na baia, encaixar nele um dos cabos de força que estão "sobrando" da fonte de alimentação e uma das extremidades do cabo da dados, desencaixar da placa controladora o cabo dos drives de disquete e encaixar em seu lugar o cabo de dados do drive de fita e ligar o cabo dos drives de disquete ao conector intermediário do cabo de dados do drive de fita. Depois disso, é só fechar o gabinete e fazer o bicho funcionar: nem é preciso instalar um driver no Config.Sys, já que o software de backup é capaz de reconhecê-lo imediatamente. Um plug-and-play de antes do plug-and-play. O padrão armazena 80Mb de dados em uma fita de 205' com 32 trilhas com densidade de dados de 12,5Kbits por polegada ou 120Mb de dados em uma fita de 307' também de 32 trilhas e de mesma densidade de dados. Usam os cartuchos DC2080 (205' de fita, para 80Mb) ou DC2120 (307' de fita, para 120Mb), os mais comuns. Quase todos os acionadores de fita do mercado que apregoam capacidade de 250Mb obedecem ao padrão QIC-80 e usam um cartucho DC2120 para 120Mb de dados, com compressão por software para aumentar a capacidade até os 250Mb anunciados. Esses drives "de 250Mb" são, de longe, os mais comuns nos micros pessoais. São lentos, porém baratos, simples, eficazes e confiáveis.

Um cartucho DC2000 custa menos de US$ 20 nos EUA. E cartuchos pré-formatados são um ou dois dólares mais caros que cartuchos virgens. Vale a pena pagar um pouco mais por eles: a formatação é um processo lento, que dependendo da capacidade do cartucho, pode levar um par de horas ou mais.

Os preços citados são de drives internos que usam a controladora de discos existente no micro. Drives externos que usam a porta paralela custam cerca de US$ 100 a mais e o custo adicional dos que usam placas controladoras independentes depende da placa, variando entre US$ 50 a US$ 300 no caso de placas SCSI de alto desempenho.

B. Piropo