Escritos
B. Piropo
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26/12/1994
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Quando, há um ano e pouco, Microsoft e IBM lançaram suas versões seis-ponto-qualquer-coisa do DOS, eu que botões quase não uso, pensei cá com meu fecho-eclair: mas francamente, pra que tanto alvoroço? Tamanho alarido para lançar uma versão nova do DOS? No meu entender, nos tempos dos sistemas de 32 bits como OS/2, Windows NT e o (já então ansiosamente esperado e ainda conhecido pelo codinome Chicago) Windows 95, um negócio desses era no mínimo um anacronismo. Usar DOS em 486 e Pentium? Parecia a última palavra em tecnologia mal empregada. Tipo dispositivo eletrônico portátil em estado sólido com baterias de hidreto metálico recarregáveis por energia solar que só serve para acender lampião a querosene.

Pensei, dei de ombros e fui em frente. A mim, aquele lançamento afetou muito pouco. Primeiro porque sua maior novidade era justamente a incorporação de um compressor de discos em tempo real ao sistema - e compressores de disco em tempo real valiam a pena quando o custo do megabyte armazenado andava acima dos dez dólares. Agora, a menos de cinqüenta centavos por megabyte, é melhor e mais seguro adicionar um novo disco rígido que espremer arquivos no velho. Depois, porque eu mesmo quase não usava o DOS. Ou melhor: usava sim, mas dentro do OS/2, que já vem com o seu. Portanto, meu interesse nas novas versões do DOS foi puramente acadêmico. Olhei, examinei, escarafunchei bastante para aprender os detalhes e não passar por ignorante quando os amigos que pensam que eu entendo de computador perguntam alguma coisa sobre e não me preocupei muito além disso.

Pelo menos até recentemente, quando comprei meu notebook. Que veio só com quatro megas de memória. E quatro megas só dão para rodar Windows 3.x sobre DOS - e mesmo assim, mal e porcamente. Por enquanto, até que está me servindo. Para ser sincero, esta coluna esta sendo digitada justamente nele. Mas é claro que já encomendei um módulo adicional de oito megas. Já até paguei por ele. O problema é que as otoridades resolveram passar um pente fino nos armazéns de carga sei lá de que aeroporto. E calhou de ser justamente naquele em que meus oito mega estão esperando a liberação (pelo menos foi o que me disse a transportadora responsável pela entrega). Resultado: enquanto não enfiar mais memória nas entranhas de meu notebook para poder rodar um sistema operacional decente, preciso de um DOS.

É claro que o bichinho veio com um. Justamente um DOS seis-ponto-qualquer-coisa. Mas eu não sou homem de me contentar com opção default. Afinal, preciso fazer jús a minha fama de guru. E guru que se preza não usa qualquer sistema operacional: se precisa usar DOS, tem que ser o melhor. Ou, pelo menos, o mais novo.

Mas o mais novo não é justamente o seis-ponto-qualquer-coisa? Não mesmo: é o 7. E já está na praça há quase seis meses. Surpreso? Não é para menos. Eu também fiquei há alguns meses em uma feira de informática qualquer, ao topar com um poster anunciando o PC DOS 7. Que diabo é isso - perguntei a um executivo da IBM - vocês estão lançando produto em segredo? Uma versão nova de um sistema operacional no mercado e ninguém sabe? Nem eu, que costumo ser um cara bem informado?

O cara deu uma explicação qualquer e perguntou se eu estava interessado. Mas claro que estava. Afinal, por menos útil que me parecesse uma nova versão do DOS nos tempos de hoje, em versão de sistema operacional sempre vale a pena dar uma espiada. Interessava, sim. E alguns dias depois, recebi o PC DOS 7.

Recebi, instalei em uma máquina qualquer para ver o jeitão do bicho e ficou por isso mesmo. Pelo menos até a semana passada, quando me dei conta que precisava de um DOS novo. Com o PC DOS 7 por ali, por que não dar uma olhada mais atenta? Peguei a documentação e me embrenhei nos detalhes técnicos. Como era de esperar, novidades revolucionárias, nem pensar: as últimas vieram na versão 5, quando descobriu-se a memória alta e os blocos de memória superior. Daí para a frente tudo foi mais ou menos cosmético. E esta nova versão não poderia ser muito diferente. Mas é boa. Tanto que me pareceu muito melhor que qualquer versão anterior.

A compressão em tempo real, evidentemente, está presente. Eu continuo achando que não vale a pena usar, mas se algum dia mudar de idéia, usarei essa. Porque o compressor de tempo real incorporado ao PC DOS 7 é o bom e velho Stacker 4.0 para DOS e Windows, o mais confiável deles todos. E vem completo, com todos os seus utilitários, inclusive a Stacker Toolbox que roda em Windows.

Utilitário de backup? Tem. O Central Point Backup, justamente o que eu já usava por achar mais confiável desde os tempos em que ele fazia parte do PC Tools.

Anti-virus? Também tem. Cujo trecho residente ocupa apenas 6K. E tem suporte para PCMCIA, docking, utilitário para economizar energia e um programinha sensacional para transferir e atualizar arquivos em dois micros ligados via porta serial, ideal para notebooks. Tudo isso embutido no sistema.

Otimizador de memória? Tem. O RamBoost, que já vinha com o PC DOS 6.x. Que, segundo a IBM, melhorou a ponto de liberar 40K a mais de memória convencional que as versões anteriores. Eu sei que nesses tempos de micros com dezenas de megas de memória RAM, meros 40K parecem desprezíveis. Mas calma, que estamos falando da memória convencional, da qual nenhum micro tem mais que 640K e que já foi espremida quase até o limite. Nos dias de hoje, conseguir liberar mais 40K da preciosíssima memória convencional é uma façanha e tanto.

E tem mais um monte de coisas. Ajuda on-line, suporte a CD-ROM, recuperação de arquivos deletados, desfragmentador de discos, um editorzinho simpaticíssimo para os arquivos de configuração (que, em um primor de economia, chama-se "E") e a linguagem de programação REXX (que já vem no OS/2 e que, apesar de parecer nome de cachorro, é uma senhora linguagem de programação que pode fazer chover se bem usada em arquivos batch). Em suma: o PC DOS 7 tem tudo o que se precisa.

E tem tanto que é bem capaz que eu, que só estava procurando um DOSzinho qualquer para meu pobre notebook, talvez tenha achado coisa muito melhor.

O negócio é que já ando meio invocado com o OS/2, que andou me pregando umas peças ultimamente. E Windows 95 não está me parecendo ser assim essa brastemp.

Resultado: se bobear acabo ficando é com o PC DOS 7 e Windows 3.11 for Workgroups mesmo. Que dão perfeitamente para o gasto. No notebook e no desktop..

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B. Piropo