Escritos
B. Piropo
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14/07/1997

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Meus conhecimentos sobre a internet e suas manhas são parcos e mal dão para o gasto. Uso a rede com parcimônia, nove em cada dez de minhas conexões são para baixar correio eletrônico e a que sobra é para buscar alguma informação técnica. Não é que eu seja propriamente um ignorante na matéria: viro-me razoavelmente no labirinto da rede, me oriento sem dificuldade em seus descaminhos e orgulho-me de uma portentosa coleção de bookmarks de primeiríssima ordem para quem é chegado a informações técnicas. Mas autoridade no assunto, definitivamente não sou. E perto de internautas militantes como Cora Rónai, André Breitman e Cristina de Luca, meus minguados conhecimentos me fazem empalidecer de vergonha. Por isto mal pude conter minha surpresa quando ouvi um destes gurús afirmar que preferia recorrer aos BBS que baixar programas dos sítios da rede. Nada contra os BBS, naturalmente. Mas por mais variegado que seja, nenhum deles chega aos pés de qualquer sítio FTP que se preze. E para quem sabe usar o FTP Search, em http://ftpsearch.ntnu.no/ftpsearch (que sozinho dá assunto para uma Trilha Zero inteirinha e se você duvida dê um pulo até lá para conferir), banco de programas de BBS é brincadeira de criança. Portanto, não pude deixar de perguntar qual seria a razão de atitude tão estapafúrdia.

Zmodem, foi a resposta quase em coro. Deus meu, eu já não ouvia falar de Zmodem há anos... Qual a razão de tão vetusto protocolo repentinamente desfrutar de tamanha popularidade em tão seleto grupo? Ora, disseram todos em uníssono, o fato dele poder recuperar um download interrompido. Porque, sendo todos súditos da Telerj, estavam cansados de ver uma ligação cair faltando baixar poucos kb de um arquivo de dezenas de megas. Se estivessem transferindo o arquivo de um BBS usando o Zmodem, bastava fazer nova conexão e baixar apenas o pedaço que faltava. Já de um sítio FTP, não há jeito: tem que começar tudo de novo.

Mas como não há jeito? Nenhum daqueles internautas de carteirinha havia ouvido falar do Get Right? Se eu, que no que toca à internet sou sempre o último a saber, sabia, como é que eles não sabiam? Pois o Get Right faz a mesma coisa em qualquer transferência de servidor FTP e na maioria dos servidores HTTP. Não sabiam?

Não. Não sabiam. E não somente não sabiam como queriam desesperadamente saber. Que canalha era eu, que sabia de um negócio destes e não contava para os amigos? Ora, respondi, jamais me passou pela cabeça que eles o ignorassem: quando este tipo de coisa chega a meu conhecimento, em geral eles já estão fartos de saber. Pois não era o caso. E quase fui enxotado para junto de meu micro para escrever imediatamente uma coluna sobre o Get Right. Portanto, atendendo a pedidos, aqui está ela.

O programinha, de fato, é fenomenal. Soube dele através do Antonio Cordeiro e do pessoal do ISM (incidentalmente: e aí, turma, acabaram-se os encontros?) Não dá para escrever muito porque não há muito a dizer. A coisa é de uma simplicidade franciscana: vá até o sítio da HeadLight Software, em http://www.headlightsw.com/, baixe o programa - pouco mais de 1 Mb - e instale-o. Antes de um download, certifique-se que ele está aberto sobre o desktop (pode aparecer em dois tamanhos: o menor, é pouco maior que um ícone, portanto mal toma espaço em seu desktop). A única exigência é que seu paginador suporte "arrastar e soltar" (drag and drop) - e tanto o Netscape quanto o Internet Explorer suportam. Para baixar o arquivo, ao invés do usual duplo clique sobre seu nome, arraste-o para cima da janela do GetRight e solte-o lá. É o bastante para abrir-se a habitual janela perguntando onde salvar o arquivo. Informe, e se tudo correr bem, a transferência é feita, a vida segue e você nem se da conta do GetRight. Porque somente se percebe que ele existe quando algo dá errado e a transferência é interrompida.

Se isto ocorrer, não desespere: refaça a conexão (se preferir, dentro de alguns dias, quando a raiva passar), clique com o botão direito sobre a barra título do GetRight e acione a opção "Resume Downloads" do menu de contexto. Aparece uma lista das transferências interrompidas (sim, pois você poderia estar baixando mais de um arquivo). Escolha as que deseja concluir. GetRight então refaz o contato com o sítio e termina a transferência do ponto em que foi interrompida - seja qual for a causa da interrupção: desde uma simples linha que cai até desastres como alguém (quem sabe um gato, não Cora?) puxar o fio do modem, desligar o micro da tomada ou levantar uma extensão do gancho. Sem falar no fato de que, com GetRight, sempre é possível interromper um download para fazer uma ligação urgente e depois prosseguir de onde se parou. Em suma: um mimo de programa.

Há versões do GetRight para Windows 95 e Windows 3.1. Estão previstas futuras versões para Mac e OS/2. O programa é shareware: o registro custa a bagatela de US$ 17,50 e pode ser feito via internet, através de um sítio "seguro". Descobri isto hoje, ao buscar informações para escrever esta coluna. E, envergonhadamente por ainda não tê-lo feito, registrei o meu na hora. Pelo menos para isto a coluna valeu...

B. Piropo