Escritos
B. Piropo
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17/11/1997

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Futuramente sua placa-mãe será ATX com chipset AGP. Confuso com os novos ATL? Não devia, que eles já foram destrinchados aqui mesmo. Mas tudo bem, eu explico.

ATX é só um novo padrão de formato de placa-mãe. Portanto, não traz grandes inovações tecnológicas. A vantagem, do ponto de vista do usuário, é acabar com a imensa confusão de cabos que atravanca o interior do micro, já que o padrão incorpora um painel na borda traseira onde se localizam todos os conectores dos periféricos suportados pela placa-mãe, incluindo portas seriais, paralela, mouse e tudo o mais que a placa contiver. Para os fabricantes, a vantagem está no custo: o novo formato é mais econômico. É claro que, com a mudança, aproveitou-se para incluir umas tantas inovações tecnológicas: o simples fato de eliminar os cabos enrolados no interior do gabinete reduz bastante a emissão de interferência eletromagnética, um problema que cada vez mais grave na medida que aumentam as freqüências de operação da CPU e dos barramentos. Além disto, o novo padrão incorpora a tensão de alimentação de 3,3 V fornecida diretamente pela fonte de alimentação. Fonte esta que aceita o controle do fornecimento de energia por software, um fator crucial para a implementação do ACPI (Advanced Configuration and Power Interface), a pedra fundamental do OnNow, uma facilidade que a Microsoft pretende incluir nas novas versões de Windows (tanto na 98 quanto na NT 5) e que permite que seu micro tenha um ponto em comum com seu abajur: ligou, funcionou, eliminando aquela irritante espera pelo boot. O problema com o novo padrão é que ele é incompatível com o atual e se você quiser que sua nova placa-mãe seja ATX, terá que trocar também pelo menos o gabinete e a fonte de alimentação. O que quer dizer ATX? Confesso que não sei. Mas não me envergonho, já que ninguém sabe. Porque, a menos que tenham inventado alguma coisa ultimamente, as letras não têm nenhum significado específico. Originalmente, ao que parece, elas foram usadas para exprimir "AT eXtended", designando uma extensão da padronização adotada até então para a linha AT, mas este significado não foi incorporado ao padrão.

Já AGP é outro papo. Representa, sim, uma inovação tecnológica importante, embora não tão importante quanto os fabricantes das novas placas AGP dão a entender. O acrônimo significa "Advanced Graphics Port", ou Porta Gráfica Avançada, se bem que tecnicamente não se trate de uma porta, mas sim de uma extensão do barramento PCI para ser usado exclusivamente para vídeo. A vantagem? Rapidez. Uma questão que, quando se trata de vídeo, é absolutamente crucial, já que o grande número de cores e as altas resoluções usadas modernamente exigem a transferência de imensa quantidade de informações através do barramento para "refrescar" as telas.

O padrão AGP consegue tanta rapidez mediante o uso de alguns artifícios e inovações. A padronização atual adota uma freqüência de 33 MHz no barramento PCI (a chamada "revisão 2.1" do padrão PCI elevará esta freqüência para 66 MHz), e como se trata de um barramento de 32 bits, ele pode transferir no máximo 132 Mb/s (porquê? Ora, basta multiplicar 4 bytes, ou 32 bits, por 33 MHz). O "barramento" ligado ao slot AGP já opera hoje a 66 MHz o que, de cara, dobra a taxa de transferência do PCI. E, através de um artifício denominado "X2", que permite transportar dados duas vezes a cada ciclo, o AGP dobra novamente a taxa e chega a um máximo teórico de 532 Mb/s. Um enorme incremento.

Mas não é só isto. Usando um novo artifício denominado DIME (DIrect Memory Execute), o padrão AGP permite que o sistema gráfico utilize a memória RAM como uma extensão da memória de vídeo para o processamento de texturas, um fator importantíssimo nos efeitos tridimensionais. Com isto, placas de vídeo 3D de custos relativamente baixo conseguem alto desempenho graças ao uso da memória RAM - memória que é "devolvida" ao sistema quando não usada pelo sistema gráfico.

Estas são as vantagens. Grandes, é verdade. Mas não saia correndo para comprar sua nova placa-mãe ATX AGP. Melhor esperar um pouco. Porquê evidentemente, tudo isto somente é possível se o conjunto de chips auxiliares da placa-mãe (o "chipset") suportar o padrão. E somente agora estão aparecendo placas com estes chipsets (como o 440LX da Intel e o Apollo VP3 da VIA). Além disto, você somente conseguirá usufruir das vantagens do padrão AGP com uma placa de vídeo AGP e com um sistema operacional que reconheça e suporte o padrão, como Windows 98 e NT 5. Que só estarão disponíveis ano que vem. Hoje, para quem usa NT 4 não há esperanças. Já o Windows 95 OSR2 pode ser suficientemente recauchutado com drivers e extensões para dar o gostinho da coisa. Mas suporte integral mesmo, embutido no sistema, só do meio para o fim do ano que vem. E olhe lá. E evidentemente, somente perceberão as vantagens os adeptos de jogos e outros aplicativos que usam gráficos pesados em 3D. Para quem usa editor de texto e planilha, como a maioria, o AGP não vai fazer a menor diferença.

Portanto não afobe, que a novidade é boa mas não merece de grande alvoroço.

Como? E ATL? Ora, você não sabe o que é? Mas esta é fácil. Mesmo porque ATL, ele próprio, também é um ATL: Acrônimo de Três Letras.

B. Piropo