Escritos
B. Piropo
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22/02/1999

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Se a consulta sobre os rumos da série "Tesouros Escondidos" serviu para alguma coisa foi para reafirmar minha certeza sobre uma verdade fundamental: é impossível contentar a todos. As respostas não poderiam ser mais variadas. Houve quem sugerisse simplesmente encerrar a série por inútil, já que tudo aquilo provavelmente mudaria com Windows 2000 e seria uma perda de tempo acumular conhecimentos que dentro de alguns meses já não servirão para nada (o que não é verdade: a maioria dos utilitários abordados na série continuará integrando os futuros sistemas da MS ainda por alguns anos). Houve, por outro lado, quem afirmasse que não somente eu deveria examinar cada utilitário detalhadamente como, de tão importante, a série deveria ser publicada sob a forma de livro. A maioria das respostas, porém, situou-se no meio termo, sugerindo dedicar mais atenção aos utilitários de maior interesse e apenas mencionar a existência dos de menor valia. Sugestão já posta em prática como perceberam os que leram a coluna da semana passada. Houve um ponto, no entanto, que me surpreendeu: o número de leitores que consideram a série valiosa mas admitem que permanecer muito tempo martelando um único tema pode se tornar cansativo. Sua sugestão foi mesclar a série com colunas abordando assuntos gerais - uma estratégia que já fui obrigado a usar antes mas que acreditava não ser do agrado da maioria. Como isso não parece ser verdade e como a alternância de temas é uma forma aceitável de tentar contentar o maior número possível de leitores, adotei a sugestão. Começando com a coluna de hoje.

E, já que o tema é livre, me apresso a comentar algo que me incomoda há semanas. Seguinte: na seção Prezado Globo da edição de 01/02 foi publicada minha resposta à carta do leitor Klinger M. Júnior reclamando que seu Word se recusava a executar a correção gramatical de textos em português, onde afirmei que o Word somente executa correção gramatical de textos em inglês. Choveu mensagem informando que desde que se tenha os arquivos necessários, o Word executa a correção de textos em qualquer idioma. O que é verdade. Há, no entanto, um detalhe que escapou aos missivistas: eu afirmei, e continuo afirmando, que o Word somente executa correção gramatical de textos em inglês. Nos demais idiomas ele executa apenas a correção ortográfica, o que não é a mesma coisa. Segundo o Aurélio, gramática é o "estudo ou tratado dos fatos da linguagem, falada e escrita, e das leis naturais que a regulam". Já ortografia é a "parte da gramática que ensina a escrever corretamente as palavras". Aos que ainda não entenderam a diferença, sugiro solicitar ao Word que corrija a frase "Amanhã a gente vamos ao cinema". Embora um desastre do ponto de vista gramatical, ela passará indene pelo corretor do Word já que é ortograficamente impecável (todas as palavras estão grafadas corretamente). Se o texto fosse em inglês e a correção gramatical houvesse sido solicitada, o Word apontaria o erro de concordância.

Finalmente, uma informação aos amigos que eventualmente me enviam mensagens de correio eletrônico. De quando em vez recebo arquivos executáveis ou documentos do Word anexados. Reitero a solicitação: não me mandem esse tipo de coisa. É pura perda de tempo, já que eu jamais, em nenhuma hipótese ou por razão alguma, abro esses anexos. Quando os recebo envio uma resposta padrão informando que, mesmo acreditando na pureza das intenções do remetente, tenho por norma nunca abrir arquivos anexados por uma questão de segurança. A maioria dos que a recebem compreendem minhas razões e, no caso de documentos do Word, reenviam o texto no corpo da mensagem. Alguns pobres de espírito, no entanto, se sentem mortalmente ofendidos com minha recusa em abrir seus anexos, achando que eu estou duvidando de sua boa fé (não estou: apenas admito a hipótese que o arquivo esteja contaminado sem que o remetente o saiba). Paciência. Arquivos anexos eu não abro e temos conversado. E não adianta aconselhar-me a usar anti-vírus, já que todo dia estão surgindo novos vírus e nada impede que o arquivo esteja infectado por um espécime ainda não detectável por meu anti-vírus. Mesmo porque parto do princípio que se alguém me manda uma informação que não solicitei é porque tem interesse em que eu a leia. Portanto cabe a ele cuidar para que ela seja recebida em um formato que eu esteja disposto a ler. No que me diz respeito, só corro o risco de abrir arquivos que foram por mim solicitados. E mesmo assim depois do escrutínio do Norton anti-vírus, que estou usando em substituição ao Scan da McAffee (e que tem me parecido mais eficaz). Para os que pensam que tudo isso não passa de paranóia, uma informação: acabo de receber diretamente dos EUA dois arquivos do Word provenientes de uma das maiores empresas de informática do mundo, a típica fonte acima de qualquer suspeita. Como eram de meu interesse, dispus-me a abri-los. Mas, como macaco velho não mete a mão em cumbuca, antes lasquei o Anti-vírus neles. Não deu outra: estavam ambos contaminados. Deu para entender agora porque jamais abro arquivos anexos?

B. Piropo