Micro Cosmo
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27/02/95

< Discos Rígidos >


Os discos flexíveis foram responsáveis pela disseminação dos computadores pessoais, transformando-os em ferramentas importantes para pequenas empresas. Essa disseminação foi tamanha que logo os computadores se tornaram indispensáveis. E percebeu-se que, mesmo enormemente mais rápidos e fáceis de usar que as fitas magnéticas que os antecederam, discos flexíveis ainda eram muito lentos e ofereciam uma capacidade de armazenamento demasiadamente pequena para as necessidades que foram criadas com o uso empresarial. Pois o problema foi resolvido da forma mais simples: modificando a tecnologia existente de modo a atender ao novo objetivo.

A tecnologia original consistia (e ainda consiste, já que os discos flexíveis continuam sendo amplamente usados) em discos de plástico flexível com ambas as faces recobertas por uma camada magnética na qual uma cabeça de gravação e leitura acionada por um motor de passo gravava e lia as informações em trilhas concêntricas.

Como seria impossível aumentar o número de faces de um disco, aumentou-se o número de discos, passando-se a usar uma pilha de discos presas a um único eixo. O que trouxe duas conseqüências. Primeiro, foi necessário aumentar o número de cabeças de leitura/gravação da unidade de discos (ou “drive” de discos), pois cada face requer sua própria cabeça. Depois, uma “pilha” de discos montada em um eixo, com diversas cabeças de leitura/gravação acionadas por um mecanismo de precisão, não pode ser enfiada e removida a toda hora da unidade de discos, mas deve permanecer encerrada em uma caixa metálica que contém discos, eixo, cabeças e motores (dois, um para fazer girar os discos, outro - o de passo - para mover as cabeças até a trilha desejada). Por isso esse conjunto de discos passou a ser fixo, ou seja, não pode ser introduzido e removido da unidade acionadora como os discos flexíveis.

Além disso, mudaram o “suporte”, ou seja, o material dos discos. Ao invés de plástico, passou-se a usar discos metálicos, rígidos, indeformáveis e mais e resistentes, revestidos com uma camada magnética especial na qual se pode gravar um número muito maior de trilhas concêntricas e aumentar o número de setores de cada trilha, aumentando muito a capacidade de cada face do disco. E, por fim, aumentou-se a velocidade de rotação dos discos para cerca de três mil rotações por minuto.

O aumento do número de discos (portanto, de faces) por unidade, de trilhas por face e de setores por trilha aumentou brutalmente a capacidade dos discos. O aumento da velocidade de rotação e a maior proximidade entre as trilhas (fazendo as cabeças de leitura/gravação percorrerem um caminho menor ao se deslocar de uma trilha para a vizinha) aumentou a velocidade de acesso. Pronto. Problema resolvido.

Discos desse tipo são conhecidos como discos “rígidos”, ou “fixos”, por razões óbvias. E são também conhecidos por “Winchester”, por razões totalmente nebulosas. Na verdade, ninguém sabe o porquê. Há diversas lendas a respeito, mas não perderemos tempo com elas. Vamos chamá-los de discos rígidos, e temos conversado.

A tecnologia dos discos rígidos evoluiu brutalmente em dez anos: os primeiros eram do tamanho de uma caixa de sapatos, custavam milhares de dólares e armazenavam menos de dez Mb. Os novos são do tamanho de um maço de cigarros ou menores (há alguns do tamanho de caixas de fósforos!), custam poucas centenas de dólares e armazenam centenas de Mb. Os motores de passo foram substituídos por um sistema magnético de localização das trilhas e os métodos de gravação foram aperfeiçoados. Mas os princípios básicos continuam os mesmos.

Pronto: agora conhecemos os dois principais dispositivos de armazenamento de dados: discos flexíveis e discos rígidos.

Os discos flexíveis, ou “disquetes”, continuam lentos e de pequena capacidade mas, por serem removíveis, são indispensáveis para transportar dados de um lado para outro (e instalar programas, se bem que, para isso, logo serão substituídos pelos CD-ROM). Para usá-los, é preciso que o micro disponha de uma unidade de discos flexíveis (ou “drive de disquetes”) que contém as duas cabeças de leitura/gravação, motores e circuitos eletrônicos de controle. Há dois tipos de drives: os que recebem disquetes de 3” 1/2 e os que recebem disquetes de 5”1/4, mas estes últimos estão caindo em desuso.

Os discos rígidos, cada vez menores, mais rápidos, de maior capacidade e mais baratos, são - e ainda serão por muitos anos - o meio de armazenamento de dados mais importante de nossas máquinas. Como são fixos, o dispositivo a que chamamos de “disco rígido” na verdade inclúi não somente um ou mais discos, como também a unidade de acionamento com suas cabeças de leitura/gravação, motores e circuitos eletrônicos de controle.

Agora que conhecemos os dispositivos de armazenamento, vamos ver o que neles armazenaremos.

B. Piropo