Micro Cosmo
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10/07/95

< Distinguindo Disquetes>


Sabemos que o comando FORMAT aceita modificadores, mas usa um comportamento default. E como vimos, há tipos diferentes de disquetes que, além do tamanho físico, diferem pelo número de faces, trilhas por faces e setores por trilha - que dependem apenas da formatação do disquete. Então, como o sistema sabe que tipo de formatação deve usar quando se entra com o comando sem especificar o tipo do disco?

Quando se trata de disquetes de 3”1/2, até seria possível identificar o tipo e agir de acordo. Vejamos como: pegue um disquete de 720K e um de 1,44Mb e coloque-os lado a lado, com o rótulo voltado para você e com a proteção metálica deslizante voltada para baixo. Agora repare: os dois apresentam um pequeno orifício retangular próximo ao canto superior direito (com uma lingüeta de plástico deslizante que pode mantê-lo aberto ou fechado), mas apenas o 1,44Mb mostra um segundo orifício (sem lingüeta) no canto superior esquerdo. Em ambos os disquetes o primeiro orifício serve para protegê-los contra gravação: deslize a lingüeta de plástico de modo a que o orifício permaneça aberto (o que pode ser detectado por uma célula fotoelétrica no interior do drive) e nada pode ser gravado no disco - o que é muito útil para proteger dados importantes, evitando que sejam sobrescritos acidentalmente. Já o segundo orifício (também detectado por célula fotoelétrica) tem como única finalidade a identificação do tipo de disco: se não existir orifício junto à borda esquerda, o disco é de 720K. Se existir exatamente naquela posição, é de 1,44Mb. E se existir em uma posição ligeiramente deslocada para baixo, o disquete é de 2,88Mb.

Mas nos disquetes de 5”1/4, não há como distinguir o tipo: todos apresentam exatamente o mesmo invólucro, com as mesmas características e mesmas dimensões - inclusive o mesmo rasgo na lateral direita com o objetivo de protegê-los contra a gravação (mas atenção que aqui a coisa funciona ao contrário: para impedir a gravação deve-se fechar o rasgo com uma etiqueta adesiva fosca). Então, como proceder? Adotar um comportamento para discos de 3”1/2, identificando o tipo, e não adotá-lo para discos de 5”1/4 por ser impossível identificá-los, seria uma confusão medonha.

O problema foi resolvido da maneira mais simples - se bem que não a mais eficaz: como o sistema conhece as características do drive (que verifica durante o auto-teste de partida), parte do princípio que o disco combina com ele. Ou seja: sempre que se usa o comando FORMAT sem especificar o tipo do disquete, o sistema tenta formatá- lo com as características do drive. Quer dizer: em um drive de 3”1/2 e alta densidade, o sistema presume que o disquete é de 1,44Mb. Já em um drive de 3”1/2 e extra-alta densidade, partirá do princípio que o disquete é de 2,88Mb. E se for um drive de 5”1/4 e alta densidade, o sistema usará o formato de 1,2Mb (evidentemente, em drives de dupla densidade, o sistema usará o formato correspondente e não poderá usar nenhum outro, já que discos de alta ou extra-alta densidade não são aceitos nesses drives).

Tudo bem: como a maior parte dos drives das nossas máquinas são de alta densidade e como a maioria dos discos que usamos também são, na maior parte das vezes o disco combina mesmo com o drive e o comportamento default resolve o problema. Mas e quando não combina? Como fazer para formatar um disco de 720K em um drive de 1,44Mb ou um disco de 360K em um drive de 1,2Mb? Bem, a coisa pode ser feita pelo menos de duas maneiras: a simples e a complicada.

A complicada, que vai aqui só para que vocês tomem conhecimento dela e a esqueçam, é usar os modificadores “/T:xx” e “/N:yy”. Neles, “xx” corresponde ao número de trilhas por face e “yy” ao número de setores por trilha. Então, para formatar um disco usando esses modificadores, é preciso conhecer o número de trilhas e setores usados por aquele tipo em particular. Por exemplo, para formatar um disco de 720K o comando seria: “FORMAT /T:80 /S:9” (se você usar esse absurdo para experimentar, lembre dos dois-pontos entre os modificadores e os números de trilhas e setores).

Mas nem tudo é complicação no mundo da informática. Sempre há misericordiosos corações e mentes dotadas de bom senso para criar coisas como o modificador “/F:zz”, onde zz corresponde ao formato do disco. E foi tanta misericórdia e tamanho bom senso que o comando aceita quase qualquer coisa para exprimir o formato. Por exemplo, para discos de 720K você pode usar apenas “720” ou “720K” ou ainda “720KB”. E onde há letra, tanto faz maiúscula ou minúscula (ou seja: “720k” e “720kb” também são aceitos). Para os demais formatos, os valores aceitos são:

Discos de 5”1/4, dupla face e dupla densidade: 360, 360K ou 360KB;

5”1/4, dupla face e alta densidade: 1200, 1200K, 1200KB, 1.2, 1.2M ou 1.2MB (como você já deve ter percebido, esses valores são desnecessários e existem apenas para compatibilidade; e use ponto ao invés de vírgula entre os algarismos, se for o caso);

3”1/2, dupla face e alta densidade: 1440, 1440K, 1440KB, 1.44, 1.44K ou 1.44KB;

3”1/2, dupla face e extra-alta densidade: 2880, 2880K, 2880KB, 2.88, 2.88M e 2.88MB (que também só existe por compatibilidade, pelas mesmas razões).

Isso sim é que é simplificar: para formatar um disco de 720K o comando fica:

FORMAT /F:720

(ou 720K ou ainda 720KB, evidentemente). O modificador “/F” pode ser combinado com qualquer outro (menos “/T” e “/S”, é claro). Assim, o comando:

FORMAT /F:720 /S /U

formata incondicionalmente (sem preservar as informações anteriores) um disco de 720K e transfere para ele os arquivos de sistema (de modo a fazer dele um disco de boot). É simples assim. E semana que vem fecharemos o comando FORMAT.

B. Piropo