Micro Cosmo
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17/07/95

< Fechando o FORMAT >


Pois muito bem: brincando, brincando, já vimos todos os parâmetros e modificadores que valem a pena (e até alguns que não valem, como “/T” e “/N”) do comando FORMAT. Os que sobraram, provavelmente, você jamais usará. Mas como não somos de deixar serviço pela metade, vamos descrevê-los de maneira sucinta, só para garantir que se algum dia toparmos com um deles não faremos aquela cara abestalhada de quem não sabe do que se trata.

Então vamos lá, começando pelo “/B”. Que hoje não serve mesmo para nada. Mas já serviu. E saber para que nos vai ensinar um bocado sobre a história da informática.

Com certeza você se lembra que, ao final do curioso procedimento chamado boot, os arquivos que compõem o sistema operacional são lidos do disco e carregados na memória. Hoje em dia (ou seja, desde a versão 5.0 do DOS), o micro consegue descobrir em que setores de que trilhas esses arquivos se aninham, seja lá que posição eles ocupem no disco. Mas antigamente (há quatro anos, quando o MS-DOS 5.0 foi lançado; que ramo do conhecimento peculiar esse em que a palavra “antigamente” se refere a um passado tão recente...), para que fosse carregado, era imprescindível que os arquivos que compunham o sistema operacional ocupassem os primeiros setores destinados aos dados. Se não estivessem ali, o micro não conseguiria lê-los no disco.

Em princípio, nada a obstar. Afinal, o único meio (que conhecemos até agora) de transformar um disquete em um disco de boot é transferir para ele os arquivos do sistema formatando-o com o modificador “/S”. E se isso é feito durante a formatação, os arquivos do sistema necessariamente serão os primeiros a serem gravados e portanto ocuparão os primeiros setores. Portanto, aquela exigência (aparentemente) não atrapalha em nada.

Mas logo se percebeu que havia, sim um problema. Pois acontece que muito antigamente mesmo, há cerca de dez anos, discos rígidos eram bichos raríssimos (porque caríssimos). O comum eram máquinas com dois drives de disquetes, o A: e o B:. Ambos, vejam vocês, de 360K. No drive A: morava o disquete de boot que, além do sistema operacional, armazenava os arquivos executáveis dos programas mais usados, como editores de texto, planilhas e bancos de dados (que cabiam sim, todos juntos, em um disquete de 360K, eu juro; se duvidam, perguntem a qualquer ancião que usou micro há mais de dez anos). E no drive B: dormia outro disquete onde se gravavam os arquivos de dados. Vocês podem não acreditar, mas naqueles tempos de antanho nós, os trogloditas da informática, éramos capazes de fazer maravilhas com ferramentas assim toscas.

Mas onde está o problema? Ah, e que alguns programas eram comprados em disquetes que deveriam conter os arquivos do sistema operacional. Mas que, por questões relativas a direitos autorais, não poderiam ser vendidos com esses arquivos. Então criaram o comando SYS (que ainda existe até hoje no DOS), cuja única finalidade era transferir os arquivos do sistema operacional para um disco previamente formatado onde já havia outros arquivos. E agora, você percebeu onde esta o problema?

Mas claro que sim: se os arquivos do sistema operacional tinham, obrigatoriamente, que ser os primeiros, como transferi-los para um disco onde já havia outros arquivos?

Pois essa era a finalidade do modificador “/B” (que, suspeito, tenha sido escolhido por ser a inicial de “boot”). Comandando-se “FORMAT /B” o disco era formatado e nele se reservava, no início do disco, o número necessário de setores para conter os arquivos do sistema operacional. Tudo que fosse gravado em discos assim formatados se localizava nos setores que sucediam ao espaço reservado para o sistema. Assim, mais tarde, esse disquete poderia ser transformado em um disco de boot usando-se o comando SYS, sem perder os dados nele gravados. O modificador “/B” só serve para isso. Foi preservado nas versões modernas do DOS para permitir que você formate um disco, grave algo nele e depois transfira para ele uma versão antiga do sistema operacional para dar, com ela, um boot pelo drive A:. E se você achou que isso parece coisa de doido, espere pelos três modificadores que faltam.

Deles, o único que pode prestar para algo útil é o “/4”. Que serve para formatar um disquete de 5”1/4 e densidade dupla (ou seja, um disquete de 360K) em um drive de 5”1/4 e alta densidade (ou seja, um drive para discos de 1,2Mb). Em suma: os comandos “FORMAT /F:360” e “FORMAT /4” são absolutamente equivalentes.

Já os dois últimos, duvido que você venha a usar algum dia. Existem apenas por questões de compatibilidade com as versões mais arcaicas do DOS. O primeiro, “/1”, serve para formatar apenas uma face do disquete. Para que? Ora, não se esqueça que os primeiros drives para disquetes tinham apenas uma cabeça de leitura/gravação e usavam os discos de uma única face, mais conhecidos pela designação um tanto estúpida de “face simples” (parece que quem inventou esse nome achava que dois era algo muito complexo). O segundo, “/8”, é ainda mais exótico: formata trilhas de oito setores (que, como você sabe, eram usadas nos antigos discos de 160K e 320K).

E pronto: com estes, terminamos a discussão dos parâmetros e modificadores do comando FORMAT. O primeiro que destrinchamos de cabo a rabo.

Já temos algo a comemorar.

B. Piropo