Micro Cosmo
Volte
14/08/95

< Particionando I >


Depois da formatação física, tudo o que há no disco rígido são setores. Trilhas e mais trilhas, uma após a outra, cada uma delas subdividida em um enorme número de setores. Mais nada. Nenhuma informação ou tabela que diga respeito à localização dos futuros arquivos no disco nem espaço reservado para elas, nada que se assemelhe a um diretório, em suma: nada além de setores e mais setores. Todos, evidentemente, vazios. Se você comprar um disco rígido novo, provavelmente é assim que ele chegará às suas mãos (lembre-se que os discos modernos já vêm de fábrica formatados fisicamente). Mas a você cabe particioná-lo, ou seja, subdividi-lo em partições.

Neste ponto, uma advertência: o que vamos discutir nas próximas semanas é um tanto mais complicado que o conteúdo habitual deste MicroCosmo. Portanto, esteja preparado. Por outro lado, se você acompanhar com atenção, garanto que depois que terminarmos com o particionamento de discos rígidos, pelo menos sobre esse tópico você saberá mais que muita gente metida a “entender de computador”. Porque, por alguma razão que jamais compreendi, esse assunto, embora de importância fundamental, é sempre abordado quase superficialmente na maioria dos livros sobre informática. Mesmo nos melhores

Então vamos a ele: particionar, como o nome indica, nada mais é que dividir um disco rígido em partições. Mas que diabo é uma partição e porque isso é necessário?

Bem, uma partição é um “pedaço” do disco rígido. Um pedaço formado por um certo número de setores contíguos, ou seja, setores sucessivos de trilhas sucessivas (em outras palavras: não pode haver “buracos” em uma partição: ela deve começar em um dado setor e se estender sucessivamente, setor a setor, até o último da partição). Um disco rígido tem que ser subdividido em no mínimo uma e no máximo quatro partições. E esse “tem que” é intencional: o particionamento é obrigatório (logo veremos porque), portanto se você não quiser subdividir seu disco, será obrigado a particioná-lo em uma única partição que se estende desde o primeiro até o último setor.

Isso explica o que é a partição, mas não para que serve. E para entender isso vamos ter que falar novamente em um assunto que já abordamos superficialmente, dissemos que é importantíssimo e garantimos que um dia voltaríamos a falar dele em detalhes: o sistema operacional. Bem, esse dia ainda não chegou, mas o tema é tão importante que vamos ter que nos referir novamente a ele mesmo sem dominarmos o assunto. Se você lembra, dissemos que sistema operacional nada mais é que um programa. Mas um programa tão importante que controla a máquina. Por isso, micro algum funciona sem sistema operacional. E dissemos ainda que se você usa um micro da linha PC, é quase certo que esteja usando um dentre quatro sistemas operacionais: DOS, Windows (que não é exatamente um sistema operacional, mas para todos os fins práticos se comporta exatamente como se fosse), OS/2 ou Windows NT (mas não somente esses: pode ainda estar usando outro, como o Unix, por exemplo, ou o Netware).

Além disso, quando discutimos a distribuição dos arquivos nos disquetes, dissemos que é justamente o sistema operacional quem cuida desses detalhes. Em outras palavras: é o sistema operacional que administra a tabela de alocação de arquivos (ou FAT), gravando os arquivos no disco e marcando na tabela sua localização.

O que não dissemos é que há outras maneiras de gerenciar arquivos além da FAT. A FAT apenas é a mais usada e por isso foi tomada como exemplo. Na verdade, a FAT representa um “sistema de arquivos”, ou uma maneira particular de gerenciar arquivos usada pelo DOS (o sistema operacional mais comum) e por Windows. Mas há outras. Evidentemente não vamos entrar em detalhes, mas por exemplo o OS/2, além da FAT, pode usar um sistema de gerenciamento de arquivos chamado HPFS (High Performance File System, ou sistema de arquivos de alto desempenho) e Windows NT pode usar um outro chamado NTFS (Next Technology File System, ou sistema de arquivo de tecnologia futura).

O problema é que um não se entende com o outro. Ou seja: se um disco rígido usa um determinado sistema de arquivos para gerenciar a distribuição de arquivos no disco, um sistema operacional que não “entenda” esse sistema de arquivos não consegue encontrar os arquivos naquele disco.

Eu sei que para quem não sabe exatamente o que é um sistema de arquivos esse negócio parece um tanto complicado demais. Mas tudo bem: semana que vem voltaremos ao assunto em mais detalhes e então, com certeza, você irá entender melhor.

B. Piropo