Micro Cosmo
Volte
18/09/95

< Particionando VI >


Até agora sabemos que há partições principais e estendidas. Que cada disco pode conter um máximo de quatro partições, das quais apenas uma pode ser estendida. Que uma partição estendida pode ser subdividida em diversas unidades lógicas. Que cada uma dessas unidades recebe um designador diferente e aparece como um “drive” independente. Que as unidades lógicas criadas na partição estendida estão sempre “ativas”, ou seja, podem ser acessadas a qualquer momento. Que todas as partições principais de um disco rígido recebem o mesmo designador (no caso do primeiro disco rígido, obrigatoriamente a letra C) e por isso mesmo somente uma delas pode ser acessada (estar “ativa”) de cada vez. Sabemos que as partições principais existem para permitir que mais de um sistema operacional possa ser usado no mesmo micro (em sessões diferentes, evidentemente). E sabemos a ordem em que os designadores são distribuídos pelas diferentes unidades lógicas. Em suma: de partições sabemos quase tudo. Do pouco que faltou, há um ponto que merece atenção: qual o número máximo de unidades lógicas que podem ser criadas em uma partição estendida?

Pois, por estranho que pareça, a resposta a essa curiosa indagação pouco tem a ver com as tecnicalidades relativas a discos e seus mistérios, mas sim com uma limitação muito mais prosaica: o número de letras do alfabeto. Que, incluindo espécimes exóticos como K, Y, X e W, são vinte e seis. Ora, como as letras A e B são reservadas aos drives de disquete e a letra C, obrigatoriamente, à partição primária do primeiro disco rígido de onde será dado o boot, sobram vinte e três letras. Como cada unidade lógica deve necessariamente receber um designador, o número máximo de unidades lógicas que uma partição estendida pode conter é 23. E isso se na máquina só houver um disco rígido. Porque se houver mais, como cada disco tem que ter pelo menos uma partição (nesse caso, uma partição primária que ocupa todo o disco) que por sua vez receberá um designador, o número máximo de unidades lógicas distribuídas por todas as partições estendidas de todos os discos rígidos é igual a vinte e quatro menos o número de discos rígidos instalados. Pense um pouco e logo descobrirá porque.

Agora que sabemos tudo sobre partições, falta discutir como elas podem ser criadas. Ora, o particionamento de um disco rígido é feito depois da formatação física, que como sabemos subdivide o disco rígido em trilhas e setores. E particionar consiste basicamente em separar um certo número destas trilhas e setores e “fingir” que isso é um drive independente. Sendo assim, o particionamento não é uma ação física, mas sim uma ação lógica que informa ao sistema operacional que de tal trilha e setor a tal trilha e setor aquele disco rígido se comportará como uma unidade lógica independente.

E como isso pode ser feito? Ora, basta escrever no próprio disco estas informações. E para escrever informações em disco usa-se um programa. Portanto, para particionar um disco rígido, roda-se um programa.

E o que faz esse programa? Basicamente apenas uma coisa: grava as informações relativas ao particionamento em um único setor do disco. Este setor é tão importante que precisa estar em um lugar no qual o micro possa encontrá-lo antes mesmo de carregar o sistema operacional. E que lugar é esse? Bem, tem que ser o lugar mais fácil. Muito bem, isso mesmo, adivinhou: o primeiro setor da primeira trilha do disco.

Como? Essa frase aí de cima fez você lembrar de algo? Mas claro que sim: quando discutimos disquetes (que não podem ser particionados), esse setor chamava- se setor de boot e servia para informar em que setores do disquete estavam os arquivos que deveriam ser carregados para inicializar o sistema operacional. Pois bem: nos discos rígidos esse setor chama-se setor mestre de boot (master boot sector, também conhecido por master boot record) e informa não apenas de que setores, mas também de que partição deve ser carregado o sistema operacional (uma partição primária que, a partir desse momento, assume a identidade de “drive C:”). Além disso, contém ainda uma tabela que informa quantas partições existem no disco rígido, de que tipo são (primárias ou estendidas) e que setores são abrangidos por cada uma delas. Tabela que se chama, como você já deve ter adivinhado, tabela de partição, ou Partition Table.

Pois bem: tudo o que o programa de particionamento faz é gravar essas informações no setor mestre de boot (e agora você já sabe como mudar de sistema operacional a cada boot: basta alterar as informações contidas no setor mestre de boot, informando a nova partição primária e, nessa partição, a localização dos arquivos que devem ser carregados para inicializar o outro sistema operacional; é claro que isso só pode ser feito através de um programa: nem tente fazer “na marra” que o desastre é certo).

Semana que vem veremos como funciona o programa de particionamento.

B. Piropo