Micro Cosmo
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05/02/96

< Boots Múltiplos >


Antes de prosseguirmos, uma informação. Como sabemos, a multiplicidade de sistemas operacionais hoje disponíveis para a linha PC nos impede de descer a detalhes sobre o procedimento de boot de cada um deles. O que é uma pena pois estes detalhes, além de interessantes, nos dariam uma soberba visão global das características de cada um destes sistemas. Conhecê-los, entretanto, embora útil, não é indispensável. Portanto seguiremos adiante sem discuti-los. Porém nada impede que aqueles dentre vocês que tiverem curiosidade, disposição e coragem para se aventurar em águas (muito) mais profundas e turbulentas, procurem por estas informações em outras fontes. Se este for o caso, vão aqui algumas dicas. O processo de boot do DOS está admiravelmente bem descrito no livro “DOS Programmer’s Reference”, de Terry Dettmann, editado pela QUE. Uma excelente descrição da carga de Windows 3.x sobre o DOS (embora a Microsoft afirme o contrário, Windows 3.x é uma interface gráfica, não um sistema operacional e por isso não dá boot, mas é carregado sobre o DOS como qualquer outro programa) pode ser encontrada no “Windows Internals”, de Matt Pietrek, editado pela Addison Wesley. O intrincado processo de carga do OS/2 está descrito resumidamente no “The Design of OS/2”, de H. M. Deitel e M. S. Kogan, também editado pela Addison Wesley. E tudo o que você precisa saber sobre a carga do Windows 95 (que inicia-se com um boot do MS-DOS 7.0 e prossegue carregando Windows 95 sobre ele sem que o usuário perceba) pode ser encontrado em “Desvendando o Windows 95” de Adrian King, traduzido em português e editado pela Campus, ou no soberbo “Unauthorized Windows 95”, de Andrew Schulman, editado pela IDG e também traduzido para o português pela Campus. Mas antes, um aviso: são literatura técnica da mais alta qualidade, porém mais áridos que o sertão do nordeste depois da seca dos três oito (não confundir com os “treizotão” da marginália carioca: trata-se da seca histórica de 1888, das maiores que o sofrido sertão já encarou). Nenhum deles é para principiante e sua compreensão exige um razoável conhecimento sobre arquitetura interna dos micros da linha PC e características internas de sistemas operacionais. Em suma: está tudo lá, mas o estilo é muito diferente do que vocês estão acostumados a encontrar aqui neste pé de página. Depois não digam que não avisei.

E agora, enfim, vamos falar dos boots múltiplos, um método que permite dar boots sucessivos na mesma máquina com diferentes sistemas operacionais. A coisa funciona assim: hoje estou usando o Windows 95, portanto dei boot com ele. Mas amanhã (ou logo mais, ou ano que vem) preferirei usar o DOS, o OS/2 ou qualquer outro sistema operacional que minha máquina suporte. E poderei, se quiser, escolher aquele com o qual darei o próximo boot (desde, é claro, que tenha sido previamente instalado na máquina). Para fazer isto há mais de um método, todos baseados nos mesmos princípios. E para facilitar nosso trabalho, usaremos como paradigma as duas técnicas de boots múltiplos adotadas pelo OS/2. Que se chamam “dual boot” e “boot manager”.

O boot manager (ou “gerenciador de boot”) é o mais completo. Ele fornece meios para instalar até três diferentes sistemas operacionais em uma mesma máquina e escolher qualquer deles para dar o boot. Para isto exige que cada sistema ocupe uma diferente partição do disco rígido (se você lembra das nossas discussões sobre particionamento de discos sabe que partições foram concebidas exatamente para isto, portanto não deve ter se surpreendido). Você pode escolher qualquer sistema operacional além do próprio OS/2 (por exemplo: esta máquina que vos fala pode dar boot tanto com o OS/2 quanto com Windows 95; além deles eu poderia ter instalado ainda uma versão qualquer do DOS, ou um dos diferentes sabores do Unix, ou Windows NT ou seja lá que outro sistema operacional quisesse, desde que fosse compatível com um micro da linha PC como o meu). Adiante veremos como isto é possível.

Já o dual boot (ou “boot duplo”) é mais simples. Ele permite alternar apenas entre dois sistemas, e estes sistemas devem ser obrigatoriamente o OS/2 e o DOS (sobre o qual, evidentemente, pode-se carregar Windows 3.1 se for o caso). Em contrapartida não exige particionamento do disco rígido durante a instalação, já que quando se opta pelo dual boot o OS/2 é instalado na mesma partição primária ocupada pelo DOS.

Como é que é? Dois sistemas operacionais diferentes ocupando a mesma partição? Mas isto contraria tudo o que aprendemos sobre partições...

É verdade. Mas semana que vem veremos como, com algum engenho e arte, usando um artifício dos mais ilustrativos, é possível fazer esta pequena mágica.

B. Piropo