Sítio do Piropo

B. Piropo

< Ele E Ela >
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09/1992

< Sem Título - Editores de Textos II >


Você passou no escritório do Fagundes para tomar um uisquinho depois do expediente e notou aquele baita computador em cima da mesa do cara. Na hora nem reparou: havia muita conversa para jogar fora, mil novidades para por em dia e o tempo era curto. Mas agora, pensando bem, o que aquela coisa estava fazendo alí? O Fagundes é advogado criminal, pombas! Sua matéria prima são palavras! Aquele troço não serve para mexer com números?

Talvez. Há vinte anos, quem sabe. Porque hoje, nove em dez computadores são usados, principalmente, para trabalhar com palavras. Dificilmente você encontrará um micro sem um programa editor de textos, ou "processador de palavras". Que é uma ferramenta indispensável para quem escreve qualquer coisa. Duvida? Veja como esses programas funcionam e o que fazem.

Basicamente, um editor de textos permite usar o micro como uma máquina de escrever. Achou a mágica besta e prefere ficar com a velha Remington, que é muito mais barata e já está paga? Então pense na seguinte situação: você mandou datilografar um relatório de dez páginas para o Chefe Supremo. Tem que ser entregue em quinze minutos na reunião de diretoria e vai garantir a promoção perseguida há um ano. Está pronto para assinar, resolveu fazer a última revisão e sentiu um calafrio na espinha: aquele dado essencial, a alma do relatório, o espírito da coisa, foi omitido. E logo no primeiro parágrafo! Vai ter que rebater tudo e não dá tempo! E agora?

Bobagem: o relatório foi digitado no computador e está gravado em disco. Carregue o arquivo, inclua o dado e mande imprimir de novo. Em cinco minutos você mesmo estará assinando sua promoção!

E aquela proposta? Se for aceita, só esse contrato vai garantir o pagamento do aluguel do escritório e salário da equipe para o ano todo. Foi feita no capricho: é detalhada, tem mais de vinte páginas, e o nome do cliente está citado mais de cem vezes. Só que o cara se chama Piropo. E alguém se enganou, bateu Piroco. O homem vai ficar uma fera, achar que é gozação. Tem que trocar tudo: se sobrar só um Piroco, adeus contrato...

Tem nada não: carregue o arquivo, use a função "Procura e Troca". Mande procurar "Piroco" e trocar por "Piropo". O cara é boa gente, vai gostar da proposta. Bote a champanha no gelo que o contrato está garantido.

Os programas mais simples fazem isso e muito mais. Não precisa prestar atenção para saber quando a linha acaba: o editor faz isso sozinho, pula para a linha seguinte e, se você quiser, separa a sílaba sempre no lugar certo antes de mudar de linha. Você pode ajustá-lo para "formatar" o texto do jeito que preferir: alinhado à esquerda, direita ou ambas. Destacar palavras, frases ou trechos inteiros em itálico ou negrito. Nos editores mais sofisticados, você pode usar tipos e tamanhos de letras diferentes, inserir gráficos e tabelas e fazer com que o texto "escorra" em torno deles. Trabalhar com mais de uma coluna por página. Marcar títulos e subtítulos e ordenar ao programa que crie um índice automaticamente. Inserir notas de rodapé, cabeçalhos, numeração de páginas. Ver na tela o aspecto final do documento antes de imprimir. E mandar corrigir a ortografia: o programa percorre todo o texto e se encontrar alguma "excessão", pára, toca um bip e, delicadamente, sugere que você mude para exceção.

Mas essas são as menores vantagens do uso do computador para escrever. A maior é que ele contribúi decisivamente para melhorar a qualidade de seu texto. A facilidade de fazer revisões na tela antes de imprimir e a simplicidade com que as modificações são feitas são uma ajuda extraordinária. Releia qualquer coisa que você tenha escrito e veja como mudando uma palavra aqui, outra ali, ajeitando um parágrafo, esclarecendo mais um ponto ou outro, pode transformá-lo para melhor. Eu mesmo, nunca entrego um texto feito de uma única assentada.

Esta coluna, por exemplo, já sofreu centenas de mudanças. Dá para imaginar como era no começo...

B. Piropo