Sítio do Piropo

B. Piropo

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11/1992

< Sem Título - Evolução >


Os primeiros computadores eram máquinas enormes, concebidas por cientistas, construidas por cientistas e usadas por cientistas. Tudo nelas era complicado, desde a entrada de dados até a interpretação dos resultados. Mas, a pesar disto, elas facilitaram tanto o trabalho dos cientistas que ninguém se importava muito com isto.

Depois, as coisas começaram a evoluir. As máquinas diminuíram: já não ocupavam mais uma sala inteira, mas cabiam em um armário - desde que o armário fosse grande. A entrada de dados passou a ser feita pelo teclado e a saída pelo vídeo. E os computadores começaram a se popularizar.

A queda de preços no mercado internacional e a miniaturização dos circuitos integrados fez o resto: finalmente, durante os anos 80, os computadores alcançaram o universo do homem comum.

É claro que, mesmo assim, os primeiros usuários de micros foram profissionais ligados à área técnica: engenheiros, administradores, pessoas acostumadas a lidar com informações abstratas. Por isto, após algum aprendizado, acabavam por se acostumar com a desajeitada forma de interagir com a máquina. a famigerada "linha de comando": quer que o micro faça algo? Digite a palavra certa, o comando correto, e ela obedecerá.

Tudo ia muito bem até que os profissionais de outras áreas descobriram aquelas máquinas fantásticas que servem para quase tudo. Escritores começaram a escrever com micro, desenhistas a desenhar com micro, músicos a compor e tocar com micro e até humoristas a fazer humor com micro. E os micros corresponderam muito bem, disseminando-se por todos os setores. E foram todos felizes para sempre. Ou quase.

Por que quase? Porque os novos usuários, menos afeitos às artes crípticas das linguagens cifradas, começaram a reclamar da maldita linha de comando. Que de fato é um jeito muito rudimentar de se entender com a máquina: digite uma única letra errada e não somente a máquina se recusa a fazer o que foi pedido como vomita na tela uma assustadora mensagem de erro que pouco esclarece e nada resolve. Além do que, decorar todos aqueles comandos em inglês era no mínimo uma chateação. Deveria haver uma forma mais decente de fazer aquela coisa funcionar.

E havia. Um jeito muito mais fácil, simples e intuitivo. Pois, lembrando-se do velho aforisma de que uma figura vale por mil palavras, bastava substituir os desagradáveis e crípticos comandos por figuras que representam ações. Ao invés de digitar laboriosamente os termos cifrados, procura-se na tela por uma figurinha já conhecida, move-se o cursor para lá e bingo! Problema resolvido.

O método foi batizado de interface gráfica com o usuário, ou GUI, de "Graphics User Interface". E tornou as coisas muito mais simples, principalmente para o principiante. Os micros da linha MacIntosh já usam GUI há muito tempo, mas são raros no Brasil: entre nós predominam os da linha PC. Para os quais há hoje pelo menos duas interfaces gráficas de boa qualidade disponíveis: a tão badalada Windows e a nova Workplace Shell, do sistema operacional OS/2 2.0 recentemente lançado pela IBM.

Interfaces gráficas são o futuro da informática pessoal. Por isso serão o assunto da próxima coluna. Quando vamos descrevê-las e pesar suas vantagens e desvantagens. Aguardem.

B. Piropo