Sítio do Piropo

B. Piropo

< Jornal Estado de Minas >
Volte
20/07/2006

< Medindo banda >


A Internet é uma coisa relativamente nova. Embora teoricamente tenha nascido em 1969, com o estabelecimento da ARPANET na Universidade da Califórnia, durante décadas foi de uso exclusivo de instituições acadêmicas e militares. Sua popularização deu-se apenas há pouco mais de dez anos, com a abertura para o público em geral e a criação dos programas navegadores.

Daí em diante a coisa fugiu ao controle. O número de usuários de computadores pessoais – e, por via de conseqüência, o de internautas – passou a aumentar quase exponencialmente. Hoje em dia, no Brasil, está próximo da apreciável marca dos dez milhões.

Com o aumento do número de internautas, aumentou o número de sítios. O que fez aumentar ainda mais o número de internautas, formando um círculo virtuoso (ou vicioso? Cabe uma boa reflexão sobre o tema...) que não pára de se expandir.

E começaram as reclamações sobre a lentidão das conexões.

Inicialmente nem eram tão lentas. Isso porque o número de conexões simultâneas era pequeno, o que fazia com que o tráfego na rede fosse quase desprezível. E os sítios eram todos em texto puro, com atalhos (“links”) em hipertexto. As páginas que trafegavam na rede eram “leves”, poucos dados que por isso mesmo chegavam rápido.

Vieram então as ilustrações, animações, áudio, vídeo, o diabo. As páginas foram ficando cada vez mais complexas, pesadas, aumentou tremendamente a quantidade de dados a ser transferida para exibi-las. E então a Internet ficou, mesmo, muito lenta.

A demanda por maior rapidez criou a oferta de conexões mais rápidas. Surgiu então a Internet rápida, conhecida popularmente pela (detestável) expressão “banda larga” (veja, no quadro, alguns detalhes técnicos), com uma taxa nominal de transferência de dados muito superior à das antigas conexões discadas.

Mas as reclamações continuaram. E enquanto os usuários reclamam da lentidão, os provedores garantem que as reclamações não procedem. Como saber quem tem razão?

Sua conexão à Internet é do tipo “banda larga”? Seria ela mesmo rápida? Quanto? Como medir?

O que medir

Existem na própria Internet diversos sítios, alguns deles em português, que permitem testar a rapidez das conexões medindo a taxa de transmissão de dados. Mas as limitações deste tipo de “medição” são tantas e as restrições tão numerosas que vale a pena discuti-las antes de passarmos aos testes propriamente ditos.

Para começar, vejamos o que se deseja efetivamente medir. Nosso objetivo é determinar o fluxo de dados entre o servidor e o computador, ou seja, a rapidez com que os dados chegam a (“download”) e saem de (“upload”) seu computador. Note que eu usei o termo “rapidez” em vez de “velocidade”, já que o último implica movimento físico (é o quociente entre a distância percorrida por um corpo em movimento e o tempo gasto para percorrê-la) enquanto a primeira não exige necessariamente qualquer movimento (um carro pode ser veloz, enquanto o pensamento é rápido). E os dados não percorrem fisicamente a conexão entre seu computador e o servidor, são simplesmente transmitidos de um para outro da mesma forma como eu posso transmitir um sinal de “espere” levantando a mão com a palma estendida em sua direção.

O exemplo não é gratuito; o sinal transmitido por um gesto trafega do emissor ao receptor na velocidade da luz, a mesma com que trafegam os sinais elétricos nos condutores. A demora na transmissão de dados deve-se ao tratamento a que são submetidos para serem transmitidos, ou seja, sua “quebra” em pacotes na origem e remontagem no destino, rotinas de verificação de erros, escolha da rota de transmissão, número de “nós” da rede percorrido e, sobretudo, quantidade de tráfego nas diversas conexões usadas para a transmissão. Tudo isto pode atrasar significativamente a transmissão.

Portanto o que eu de fato pretendo medir e a taxa com que os dados fluem entre seu computador e a rede. Simplificando: quantos dados são transferidos por segundo.

Unidades de medida

Isto posto, é preciso discutir as unidades que usaremos para medir este fluxo, um assunto que costuma causar um bocado de confusão. Dados nada mais são que números binários, ou seja, números expressos no sistema numérico posicional de base dois, que só emprega dois algarismos, ou “dígitos”: “zero” e “um” (por isso diz-se que os dados usados pelo computador são “digitalizados”, ou seja, convertidos em números expressos por dígitos binários). O nome usado para designar um destes dígitos é “bit”, contração de “binary digit” (“dígito binário” em inglês).

Ocorre que, por convenção, para avaliar a quantidade de dados armazenados em memória ou transportados entre máquinas, decidiu-se agrupar os bits de oito em oito e batizar estes grupos de “bytes”. Portanto é possível quantificar as taxas de transmissão de dados tanto em bits e seus múltiplos (kb, ou quilobits, mb ou megabits) transferidos em cada segundo, quanto em bytes e seus múltiplos (kB, ou quilobytes, mB, ou megabytes) transferidos também por segundo.

A conversão, naturalmente, é simples: como um byte contém oito bits, basta dividir por oito o número que exprime a taxa em kb/s (quilobits por segundo) para obter aquele que a exprime em kB/s (quilobytes por segundo).

O problema é que as pessoas estão mais acostumadas a “pensar” em bytes que em bits e isso acaba gerando uma confusão apreciável, já que os provedores sempre preferem divulgar valores expressos em bits (talvez porque se sintam mais felizes divulgando números maiores; afinal é muito mais fácil convencer alguém a contratar um serviço que transfere em cada segundo oito mega-qualquer-coisa que apenas um mega-qualquer-outra-coisa). E, pior, em geral exprimem as taxas usando “kpbs”, iniciais do inglês “kilo bits per second”, que por acaso são as mesmas de “kilo bytes per second”. Como jamais se dão ao trabalho de esclarecer a confusão, beneficiam-se da ignorância técnica de alguns usuários que imaginam estar contratando uma conexão cuja taxa é expressa em bytes por segundo quando na verdade estão contratando uma taxa oito vezes menor. Portanto, se você pretende verificar qual a taxa de transferência efetivamente obtida por sua conexão, antes de qualquer outra coisa verifique em que unidade ela será expressa. E não confie apenas nos “kbps” divulgados por quem a oferece antes de sabe se o “b” corresponde a “bits” ou a “bytes”.

Aqui, no entanto, não haverá confusão: fica combinado que usarei sempre “b” minúsculo para “bits” e “B” maiúsculo para “Bytes”.

Congestionamentos

Outro ponto que costuma gerar muita discussão é o fato de que o número que o provedor fornece como taxa nominal de transferência (ou seja, a que está sendo contratada) representa o valor máximo que a taxa pode efetivamente atingir, não o valor efetivamente obtido em um determinado momento. Ou seja: se você contrata com seu provedor de Internet rápida (ou “banda larga”) uma conexão “de 8 megas” na verdade o que está contratando é “uma conexão que pode transferir no máximo 8 mb/s”, ou seja, 1 mB/s. E, evidentemente, este valor máximo somente será alcançado em condições ideais, representadas por uma conexão direta entre seu computador e o servidor do provedor e ainda assim quando a linha não estiver sendo compartilhada por nenhum outro usuário. Ou seja: na prática, isso é quase sinônimo de “nunca”.

Então, na prática, como seria?

Na prática os dados estão fluindo pela Internet, uma imensa estrutura planetária em forma de rede onde dados trafegam de um lado para outro sem um caminho predeterminado. Explicando melhor: dados que saem, por exemplo, do servidor do sítio da Microsoft em Seattle e são recebidos por seu computador no Brasil podem escolher um dentre, literalmente, milhares de trajetos disponíveis. E, pior: pode ser que os dados que representam, digamos, um “pedaço” (em linguagem técnica, “pacote”) de uma imagem passem por New York e os que representam o “pedaço” seguinte fluam através de Los Angeles, por exemplo, dependendo do caminho que estiver mais livre no momento da transmissão daquele pacote. E como nem todas as interligações entre os “nós” que formam esta rede têm a mesma capacidade de transmitir dados, pode ser que o “pedaço” enviado primeiro, que contém os dados que formam o canto superior esquerdo de uma figura, por exemplo, por trafegar por um “caminho” mais longo ou de menor capacidade de fluxo, chegue depois do “pedaço” que contém os dados do canto inferior direito, o último a ser enviado, porém por acaso por um “caminho” mais desafogado. E seu programa navegador tem que saber “juntar” esses pedaços para formar a figura não importa por onde eles tenham vindo, quanto tempo tenham demorado a chegar e em que ordem foram recebidos.

Mas não é só isso. É preciso também considerar o tráfego da rede. Pois, como a rede de ruas e avenidas por onde escoa o tráfego de veículos de uma grande cidade, os trajetos (inclusive e principalmente os chamados “troncos”, ou “backbones”, correspondentes às avenidas mais largas que concentram maior tráfego) que interligam os diversos pontos da Internet podem estar mais livres ou mais congestionados. E, naturalmente, exatamente como na rede viária, quanto maior o tráfego de dados por um trecho de rede em um determinado momento, mais lento será este tráfego. Pois também a Internet tem seus horários de pico (ou de “rush”) no tráfego de dados. Portanto, medir a taxa de transferência em horários diferentes pode fornecer resultados significativamente diferentes (lembre: a taxa contratada é a máxima possível entre o servidor de seu provedor e seu computador; se, devido ao acúmulo de tráfego nos troncos eles chegam lentamente a este servidor, o provedor não tem como fornecê-los a você mais rapidamente do que os recebe).

Mas não é apenas nos troncos que se registram congestionamentos na hora de pico. Lembre que a rede de distribuição entre seu provedor e seu computador (a rede de cabos, no caso da conexão a cabo, ou o trecho da rede telefônica entre a estação telefônica mais próxima e sua máquina) também é compartilhado. E quanto mais gente o estiver usando ao mesmo tempo, mais lento será o fluxo de dados neste trecho.

Portanto, não se espante se você contratou com seu provedor uma conexão de “oito megas” e está recebendo “apenas” 150 kB/s. Pelo contrário, dê-se por muito satisfeito. Lembre-se que os “oito megas” são medidos em bits e correspondem na verdade a uma taxa de apenas um mB/s (megabyte por segundo). E se sua medição foi feita em uma hora de pico, receber a uma taxa de 15% deste valor já é um grande negócio.

Como medir?

Finalmente chegamos ao ponto que realmente interessa: como medir o fluxo de dados efetivamente recebido e transmitido por nossos computadores?

Como eu disse, há alguns sítios que fornecem este serviço gratuitamente. Vou citar apenas cinco, quatro dos quais com interface em português, mas nada lhe impede de realizar uma pesquisa no Google ou qualquer outro dispositivo de busca com, por exemplo, os termos “teste velocidade internet” ou algo parecido e encontrar outros.

O mais simples é o do provedor RJNet. Seu teste da taxa de conexão (ou “velocímetro”) está em < http://www.rjnet.com.br/2velocimetro.php >. Basta entrar com o URL na caixa de endereços e, assim que a página é carregada (veja figura), aparece o resultado mostrado em verde claro na própria página próximo ao canto superior esquerdo do painel principal. Veja lá: 3.359,64 kb/s. E logo abaixo, em branco, convertida para 411,72 kB/s (resultado obtido às nove e meia da manhã de um dia útil com uma conexão a cabo com taxa nominal de 4 mb/s que corresponde a 512 kB/s). Uma taxa correspondente a mais de 80% do valor nominal, resultado quase assombroso. Que, porém, às 17:30 hs do mesmo dia, com uma Internet bastante mais congestionada, chegou a apenas 487,11 kb/s.

Clique para ampliar...
Figura 1

O segundo sítio, igualmente simples, é o da empresa Sisgel, fornecedora de um programa gerenciador para locadoras de vídeo, CDs, DVDs e livros (não me pergunte o que um teste de rapidez de conexão está fazendo em um sítio como este, mas o fato é que existe e, se não o tiverem tirado do ar, você pode verificar por si mesmo). Entre com o URL da empresa, < www.sisgel.com >, e clique no atalho “Teste de conexão” na extremidade direita da barra de menus principal da página de abertura (ou entre diretamente com o URL < http://tools.sisgel.com >), role a página para baixo até aparecer a imagem de um velocímetro destes usados em automóveis e clique no botão “Efetuar o teste” situado ao lado. O teste é efetuado e em alguns segundos (ou minutos, dependendo da rapidez da conexão) aparece um resultado semelhante ao mostrado na figura (efetuado praticamente no mesmo dia e hora que o anterior usando a mesma conexão). Repare no resultado, também excelente: 3.099,1 kb/s ou 387 kB/s (para sua informação: o mesmo teste efetuado às 17:30 hs do mesmo dia, apresentou um resultado de apenas 891 kb/s).

Clique para ampliar...
Figura 2

O terceiro sítio é o da empresa Rio Domínios, de Rio Bonito, RJ, que efetua registro de domínios e oferece hospedagem de sítios. Para efetuar a medição, visite o sítio da empresa, em < www.riodominios.com.br/ > e clique na representação de um velocímetro localizada à direita da página. Isto abrirá nova página (veja figura) com o resultado do teste em kb/s estampado em vermelho, ao centro, no alto da página, e convertido para kB/s logo abaixo, com o nome de “Download de arquivos apartir” (cito textualmente). Abaixo, um gráfico de barras que situa o resultado obtido entre as taxas máximas oferecidas por alguns tipos de conexão (os resultados mostrados na figura, 651 kb/s e 81,38 kB/s, foram obtidos durante a tarde, em horário congestionado).

Figura 3

O quarto sítio visitado que oferece um dispositivo de medição de taxa de transferência também é em português. Trata-se da empresa lusitana A Beltrônica, que atua no ramo de telecomunicações há trinta anos e cujo nome, acreditem ou não (se não acreditarem, visitem a seção “Quem Somos” de seu sítio que acreditarão), é uma homenagem a “A. Bell”, o próprio Alexander Graham Bell, inventor do telefone.

Seu sistema de medição é bem mais sofisticado que os anteriores. A primeira diferença é que permite escolher o país onde estão situados os servidores em que a medição será feita, possibilitando assim aferir as diferenças entre taxas de transferências obtidas a partir de diferentes países. A segunda é que testa não apenas a taxa de transferência com que os dados chegam a seu micro (“download”) como também a taxa com que são enviados por ele (“upload”).

Como a empresa presta serviços em diversos países, oferece páginas em diferentes idiomas – inclusive o português do Brasil. Para ir diretamente à página do “velocímetro” já ajustada para o Brasil e em português (quase) brasileiro, entre com o URL < www.abeltronica.com/velocimetro/pt/?idioma=br&newlang=br >. Infelizmente, alguns resultados são exibidos em janelas adicionais tipo “pop-up”, portanto se seu programa navegador está ajustado para inibir “pop-ups” e você deseja obter gráficos dos resultados de medições sucessivas, não deixe de habilitá-las, pelo menos temporariamente (na maioria dos navegadores isto é feito clicando na barra que aparece no alto da janela informando que os “pop-ups” foram bloqueados).

Chegando à página que exibe o velocímetro, clique no atalho “Teste Já”, em verde, no centro da página. O sistema levará algum tempo (que depende da rapidez da conexão) para efetuar a medição e exibirá novamente o velocímetro indicando, primeiro, a taxa de transferência para “download” e, depois de mais algum tempo, também a taxa de “upload”, cujos valores serão replicados acima do botão (veja na figura e repare como seus valores, obtidos em hora de grande congestionamento da Internet, são mais de dez vezes inferiores aos obtidos antes das dez da manhã).

Clique para ampliar...
Figura 4

Concomitantemente será aberta uma janela “pop-up” com detalhes sobre os resultados, que incluem a data e hora em que o teste foi realizado, o IP atribuído ao usuário naquela conexão, o país selecionado para o teste e as taxas, tanto em kb/s quanto em kB/s, alcançadas para “download” e “upload”. Feito o primeiro teste, o botão “Teste Já” transmuta-se em “Novo teste”. Cliques sucessivos sobre ele resultarão em novos testes cujos resultados serão exibidos na página, no velocímetro e adicionados ao gráfico da mesma janela “pop-up” juntamente com a média dos resultados obtidos para “download” e “upload”. Depois de alguns testes esta janela terá o aspecto da figura abaixo, cujos resultados foram obtidos, como mostra a própria figura, pouco depois das nove horas da manhã de um dia útil, quando as taxas são mais altas. Daí as médias relativamente altas, próxima dos 2.000 kb/s (250 kB/s) para “download” e 480 kb/s (60 kB/s) para “upload”. Note que a diferença entre os fluxos de dados para dentro e para fora do computador é típica das conexões de Internet rápida usadas no Brasil (DSL assimétrica e cabo) e não prejudica o uso diário. Isto porque, durante o uso normal, a quantidade de dados recebida excede em muito a de dados enviados.

Clique para ampliar...
Figura 5

Finalmente chegamos a meu sítio de medições preferido, o Numion. Cuja interface, infelizmente, é em inglês. Mas basta seguir alguns passos simples para obter os resultados. E seus resultados são muito mais completos e representativos das condições “normais” de uso da Internet que qualquer outro que eu conheça.

Para medir sua taxa de transferência, entre no sítio com < www.numion.com > e clique no botão “Yourspeed” do logotipo no alto da página de abertura. Isto o levará para uma segunda página com diversos atalhos (“links”) que permitem alterar as opções de medição, consultar estatísticas, obter respostas para perguntas freqüentes e efetuar mais uns tantos ajustes. Mas se você apenas está interessado em obter uma análise sucinta do desempenho de sua conexão à Internet, clique no primeiro atalho, o que encima a lista, “Quickstart”.

A tela mudará enquanto duas medições simples são feitas: as taxas de “download” e “upload”, obtidas transferindo um arquivo do sítio do Numion para sua máquina e vice-versa. Em seguida a página mudará novamente e você verá uma tela recheada de pequenos retângulos semelhantes a “banners” que vão aos poucos se transformando. Esta é a parte mais interessante da coisa, cujos resultados espelham com exatidão o desempenho de sua conexão durante o uso normal.

Durante esta fase um pequeno aplicativo desenvolvido em Java (sim, o “console Java” deve estar instalado e ativado na máquina para que a medição seja feita; se não estiver, o próprio sítio lhe avisará e oferecerá a possibilidade de transferir e instalar o console) roda em sua máquina e tenta conectar-se com quarenta sítios populares espalhados por todo o mundo, alguns no Brasil. À medida que cada conexão se completa, você verá o retângulo com o nome do sítio ser preenchido por uma imagem. Finalmente os resultados são computados e exibidos na página seguinte, que mostra tanto as taxas obtidas para “download” e “upload” quanto – e isto é o mais importante por representar a atividade usual na Internet – as médias das taxas obtidas a partir de sítios situados no Brasil (você não precisa ajustar o país, o Numion o identifica por seu número de IP), no exterior e em todo o mundo (média de Brasil e exterior).

Mas não é só isto. Role a tela para baixo e aparecerão os gráficos. Os dois últimos são especialmente esclarecedores: representam a evolução das taxas de transferência de “download” e “upload” máximas e médias da Internet durante o dia da medição (em linhas curvas) comparada com as obtidas em sua maquina, em linhas tracejadas.

Clique para ampliar...
Figura 6

Se quiser repetir a medição, basta clicar no atalho “Measure again”. E, se depois de algumas medições, desejar ter um panorama comparando os resultados obtidos, basta clicar no atalho “Your history” para obter um quadro com os detalhes de cada teste e seus resultados médios.

Clique para ampliar...
Figura 7

E dando os trâmites por findos...

Agora você já sabe como avaliar o desempenho de sua conexão Internet rápida, ou “banda larga”. E sabe mais.

Antes de qualquer outra coisa, sabe que jamais deve esperar taxas de transferência de dados sequer próximas daquelas anunciadas pelo seu provedor quando lhe “vendeu” o serviço. E não por uma questão de desonestidade dele ou coisa parecida mas meramente por fatores eminentemente técnicos: o que lhe foi vendido é um serviço cuja taxa nominal, ou seja, aquela que lhe foi informada, corresponde a um valor máximo que somente poderia ser obtido em condições ideais. E, na prática, a teoria é diferente. Portanto, se sua conexão de “quatro megas” (que corresponde a 4 mb/s) atingir a taxas efetivas superiores a dez por cento disto (quatrocentos kb/s) nos horários de pico, considere-se um homem feliz.

Depois, você aprendeu que a enorme variação nos resultados obtidas em diferentes horários é perfeitamente normal. Afinal, a Internet é uma rede por onde trafegam dados, cujo fluxo varia durante o dia. Nas horas de pico a rede se congestiona e a taxa cai consideravelmente, enquanto nas horas mais livres (alta madrugada ou de manhã cedo), consegue-se transferências muito mais rápidas. Logo, se você pretende transferir um arquivo “pesado”, digamos, de alguns gigabytes, procure fazê-lo nos horários de menor congestionamento. Ou faça como eu: deixe esta tarefa para o final do dia, inicie a transferência do arquivo e vá dormir deixando o trabalho por conta e risco do computador. Não se preocupe que computador ligado durante a noite não “estraga” e o consumo de energia não é tão alto. Eu mesmo tenho em casa algumas máquinas ligadas em rede, duas das quais – uma delas esta que vos escreve – permanecem sempre ligadas, dia e noite, e estão em perfeita forma.

Por fim, e não menos importante, você aprendeu que os resultados oferecidos pelos diferentes sítios são meramente indicativos e não devem ser considerados a expressão da verdade absoluta. A maioria deles, como os dos três primeiros sítios que visitamos, mostra apenas a taxa com que os dados foram transferidos entre o servidor do sítio e seu computador. Valor que pode ser influenciado por fatores tão diversos que dificilmente duas medições efetuadas na mesma hora para dois servidores diferentes darão o mesmo resultado. Em suma: considere os números obtidos apenas como “avaliações de desempenho”, não como resultados exatos de medição.

Mas agora, pelo menos, você tem uma idéia de como a coisa funciona. E, sobretudo, dispõe de um instrumento bastante confiável para avaliar o desempenho de sua conexão.

Faça bom proveito dele.

Banda Larga

No início da era da Internet no Brasil as conexões eram feitas através da linha telefônica comum.

Linhas telefônicas comuns são concebidas para transportar sinais elétricos analógicos. Quer dizer: de um lado você fala junto ao fone do aparelho, no interior do qual existe um microfone que capta as variações de pressão do ar causada pelas ondas sonoras geradas pela vibração de sua voz e as converte em uma corrente elétrica cuja variação de tensão mantém exata analogia (daí o nome “analógico”) com as variações da onda sonora. Isto se chama “modular” um som, converter a onda sonora em uma corrente elétrica (ou “sinal”). Esta corrente é amplificada e transmitida pela linha telefônica até o auricular do aparelho de seu interlocutor, onde um pequeno alto-falante executa a tarefa oposta: reconverte a corrente elétrica em ondas sonoras (ou seja, “demodula”). Como estas ondas mantêm exata analogia com a corrente elétrica, que por sua vez é análoga ao som emitido por sua voz, seu interlocutor consegue ouvir o que você disse.

Para conversar, basta isto. A voz fica um pouco “abafada”, como se estivéssemos falando com um pano na frente da boca, mas as palavras são perfeitamente inteligíveis. Já para a Internet, que transmite dados em vez de som, a coisa é um pouco mais complicada.

Como a linha telefônica comum transmite som convertido em um sinal elétrico (modulado), para que se possa transmitir dados (que nada mais são que números expressos no sistema binário, nossos velhos conhecidos “bytes”, formados por conjuntos de algarismos “um” e “zero”, os “bits”) é preciso antes modulá-los, ou seja, transformá-los em uma onda sonora que os represente. E, do outro lado, extrair os mesmos dados desta onda sonora, ou seja, demodulá-los. Por isso cada computador ligado a uma linha telefônica comum (ou “linha discada”) precisa de um dispositivo capaz de modular dados na origem e demodulá-los no destino. Que se chama “modem” (nome derivado justamente de MODulador / DEModulador).

Este tipo de conexão de dados chama-se “conexão discada” (ou “dial-up connection”) porque para que um computador se comunique com o outro é preciso não somente que ambos estejam conectados à linha telefônica como também que o que origina a chamada “disque” o número do outro.

Conexões discadas têm sérias limitações causadas pela própria natureza da linha telefônica. Limitações que ficam fácil de entender se você ouvir uma música transmitida pelo telefone. O som parece “achatado”: não se consegue ouvir nem os agudos (som emitido em alta freqüência) nem os graves (baixa freqüência). Ouve-se apenas a faixa intermediária de freqüências, uma faixa estreita que limita bastante a qualidade do som.

Ora, mas a forma prática de aumentar a rapidez da transmissão de dados através de uma linha telefônica é justamente aumentar a freqüência do som transmitido (quando mais alta a freqüência mais vezes a onda “vibra” em cada segundo e mais bits são transferidos). Como a linha telefônica comum impõe um limite máximo às freqüências sonoras transmitidas, existe um limite máximo na rapidez com que os dados podem fluir por ela. E este limite corresponde a uma taxa de transmissão de 56 kb/s (ou kbps, quilobits por segundo). É por isso que você jamais encontrará um modem para conexão discada (modem “dial-up”) capaz de transferir mais de 56 kb/s.

Agora que entendemos como a transmissão de dados se faz através da linha telefônica comum, podemos compreender o que vem a ser “banda larga”, horrível expressão usada para designar as conexões de Internet rápida, ou que usam alta taxa de transmissão.

Esse tipo de conexão está se disseminando rapidamente nas grandes cidades brasileiras, onde podem ser encontradas basicamente dois tipos: DSL e via cabo. Ambas transmitindo dados em forma bruta, ou seja, digitalizados (sem a necessidade de convertê-los para som). Por isso são chamadas de conexões digitais (em contraposição às analógicas).

As primeiras, DSL (acrônimo de “Digital Subscriber Line”, ou linha digital de assinante) usam a própria linha telefônica comum empregada para voz para transmitir um segundo sinal de altíssima freqüência usado para transportar os dados codificados diretamente sob a forma de “bits”, ou seja, digitalizados. Um sinal de freqüência tão mais elevada que a empregada para transmitir som que permite que a mesma linha telefônica seja usada simultaneamente para ambos os fins, já que eles jamais se misturam. Por isso, se você tem uma dessas conexões (“Velox”, nos locais servidos pela Telemar, como Rio e Minas Gerais, “Speedy”, nos servidos pela Telefonica, como São Paulo e “Turbo” nos atendidos pela Brasil Telecom), pode usar o telefone para comunicações via voz enquanto está conectado à Internet: ambas as conexões podem se efetuar simultaneamente porque usam faixas de freqüência totalmente diferentes. Se desejar uma demonstração prática, remova temporariamente o pequeno filtro de freqüências colocado entre o conector da parede e seu aparelho telefônico: aquele “chiado” infernal que você ouve à a freqüência usada pelo DSL para transmitir dados.

Este sinal, que não chega a seu aparelho telefônico porque é eliminado pelo filtro, é captado por aquele outro aparelho ligado a seu computador (que se chama indevidamente “modem DSL” por pura analogia, já que nem modula nem demodula, pois não recebe som diretamente dados digitalizados), um dispositivo de entrada que transfere os dados de e para seu computador. Que, como não goza de quaisquer limitações impostas à transmissão de som, pode transferir dados com taxas muito superiores ao limite de 56 kb/s dos modems usados nas conexões discadas. Em Belo Horizonte e Rio de Janeiro a Telemar oferece conexões domésticas que podem atingir taxas máximas (atenção para o “máximas”) de até (idem para o “até”) 8 mb/s (megabits por segundo).   

Já a conexão via cabo (“Virtua”, para as localidades servidas pela Net) faz algo parecido, mas usando a rede de distribuição de sinal de televisão via cabo: envia o sinal que transporta os dados pelo mesmo condutor elétrico (“cabo”) usado para transportar o sinal da transmissão de TV. E aqui não existe nenhuma dificuldade para entender como isto é possível: afinal o mesmo cabo transmite sinais de dezenas de canais de televisão, por que não poderia transportar também os dados da Internet? A diferença é que neste último caso o fluxo se dá em ambos os sentidos (tanto você recebe dados do provedor quanto os transmite, neste último caso com taxas mais baixas). Mas o princípio é o mesmo. E, pelas mesmas razões, o nome do “modem a cabo” (“cable modem”) é indevido, já que também ele não modula nem demodula som.

E também neste caso a taxa máxima de transmissão oferecida atinge até 8 mb/s (valem as mesmas advertências para o adjetivo “máximo” e a preposição “até”).

B. Piropo