Quando você estiver lendo isto, eu já terei partido para a  COMPUTEX 2010. Na verdade, pretendo postar esta coluna imediatamente antes de  seguir para o aeroporto. Portanto talvez você a esteja lendo antes de minha  chegada ao local da feira, posto que a viagem é longa. E bota longa nisso.
A COMPUTEX é uma das três maiores feiras internacionais de  informática do mundo. Na verdade, levando em conta que a Internet e a  facilidade de comunicação acabaram com a era das feiras (bons tempos aqueles da  velha COMDEX, PC Expo e tantas outras de saudosa memória), restaram apenas três  grandes: a CeBit, alemã, a CES, americana, e a COMPUTEX, asiática, que este ano  realiza sua trigésima edição anual em Taipei, capital de Taiwan, conhecida há  alguns anos como Formosa ou China Insular.
      
        
          |  | 
        
          | Figura 1: Computex 2010 | 
      
              Taiwan fica, quase literalmente, do outro lado do mundo. São  onze horas de diferença de fuso horário (para o Japão, nossos antípodas, são  doze exatas, naturalmente). E onze horas “para frente”. O que cria um efeito  curioso. Por exemplo: quando aqui no Brasil são, digamos, nove horas da noite  de uma sexta-feira (hora aproximada de meu embarque aqui no Rio) em Taipei já  são oito da manhã, mas do dia seguinte, sábado.
        Este “salto para o futuro”, combinado com a longa duração da  viagem, me faz perder um dia inteiro na ida. Explico: entre minha decolagem no  Galeão e meu pouso em Taipei, incluindo duas escalas em Atlanta e Los Angeles,  transcorrerão exatas (ou quase exatas) quarenta horas, trinta delas encolhido  em uma poltrona de avião e dez aguardando em aeroportos. Saio daqui em uma  sexta-feira à noite. Como a viagem dura 40 horas, deveria chegar às 13 h de domingo.  Não chego. Pois levando em conta as 11 horas de diferença de fuso, chego a zero  hora de segunda-feira. Dia para o qual já tenho compromissos marcados, é bom  que se diga.
        Em compensação ganho um dia na volta. Volto via Tóquio e  Nova Iorque. E, curiosamente, saio de Tóquio em um sábado, às três e meia da  tarde, com a chegada em Nova Iorque estimada para este mesmo sábado, três e  vinte da tarde, após cerca de doze horas de voo. Ou seja: por artes do fuso  horário, viajo meio dia e ainda chego antes de partir.
        Mas voltemos à feira.
        Pouco acima eu mencionei que esta será a trigésima edição  anual da Computex. Talvez você não tenha se dado conta do que isto representa.  Tentemos ser mais explícitos enfatizando o ano em que ocorreu a primeira  edição: 1981. Esta data lhe traz algo à mente?
        Claro. Pois foi em agosto daquele ano que a IBM lançou seu  PC, o primeiro computador pessoal de dezesseis bits, inaugurando, na prática, a  era do computador pessoal (as máquinas de oito bits que até então existiam  poderiam, se tanto, serem consideradas as antecessoras desta era). Quer dizer:  para todos os fins práticos, a COMPUTEX vem acompanhando, passo a passo, a  evolução dos microcomputadores.
  É claro que, ao nascer, a feira não exibia a pujança que tem  hoje. Na verdade, os organizadores sequer divulgam o número de participantes e  expositores da primeira edição. Dizem apenas que era então denominada “The  Computer Show” e que foi promovida pela TCA (Taipei Computers Association) com  o objetivo de discutir as atividades de seus membros. Mas comentam que naquele  ano a Acer, empresa local, começou a fabricação de seu primeiro produto para  exportação, o “Micro Professor I”.
        O nome COMPUTEX só foi adotado a partir de 1984. Nesta  ocasião o evento já era suficientemente importante para atrair a atenção (e o  patrocínio) do TAITRA, o Conselho para Desenvolvimento do Comércio Exterior de  Taiwan, um órgão governamental que passou a apoiá-lo a partir de 1985 e o faz  até os dias de hoje.
      
        
          |  | 
        
          | Figura 2: Taipei 101 | 
      
              Daí para frente a COMPUTEX só cresceu. Em 1986 deslocou-se  para o Taipei 101, o marco da cidade de Taipei e, então, o prédio mais alto do  mundo (hoje em dia o gigantismo da feira fez com que ela deixasse o Taipei 101  e se espalhasse por quatro diferentes pavilhões, três deles nas vizinhanças do  Taipei 101 e o quinto, maior e mais importante, no bairro de Nangang, não muito  distante). Em 1987 a exposição já comportava mais de 1200 estandes de quase  quinhentos exibidores.
        De lá para cá foi só crescer ainda mais. Eventos paralelos  foram se agregando à COMPUTEX, como o “e21 Forum”, em 2000, para discutir a  evolução tecnológica esperada para o século 21, e a COMPUTREND, em 2001, uma  área que engloba a maior parte de um dos pavilhões da feira, dedicada  especificamente a expor produtos que indicam a tendência da indústria da  computação para o futuro próximo (veja na página < http://www.computex.biz/computex2010_en/TopNews_Detail.aspx?index=34194 > “New COMPUTEX Hot Spot: major manufacturers at COMPUTREND”). Em 2006  ocorreu a primeira premiação do melhor produto exposto a cada ano (Best Choice  Award) e o início de reuniões diretas entre fabricantes e possíveis compradores  que discutem seus negócios sem intermediários (o Procurement B2B e seu sítio na  Internet, o < http://www.computex.biz/ > Computex.biz). Além da realização de feiras “temáticas” em pavilhões  específicos, como o WiMAX Pavillion (Taipei é inteiramente coberta por uma rede  de transmissão sem fio de alta taxa padrão WiMAX).
      
        
          |  | 
        
          | Figura 3: Pavilhão de exposições de Nangang | 
      
              Em 2008 o formidável pavilhão de exposições de Nangang foi  acrescentado aos três já existentes e transformou a COMPUTEX no evento  gigantesco que é hoje.
        Ano passado estive lá para cobrir a edição XXIX e publiquei  três colunas sobre ela (veja aqui a primeira:  “A Computex 2009 começa com estilo”). Foi uma feira de respeito que se  espalhou por quatro pavilhões abrigando cerca de 4.500 estandes de mais de  1.700 expositores provenientes de dezenas de países de todo o mundo e que  atraíram a bagatela de 118 mil visitantes, a maioria deles, naturalmente, da  própria Ásia (61%), mas com uma importante participação de visitantes “de além-mar”  (note que no caso o mar é o deles) dentre os quais se destacaram os oriundos  dos EUA (14%).
        E o que se espera para este ano?
        Bem, este ano o evento – na verdade, o conjunto de eventos  no que se transformou a COMPUTEX – transcorrerá entre primeiro e cinco de junho  de 2010. Será a maior feira de informática da Ásia e uma das três maiores do  mundo. Já está confirmada a participação de mais de 1.700 exibidores que  ocuparão quase 4.900 estandes em quatro pavilhões – além de um quinto,  reservado a Fóruns e palestras. Um dos pavilhões, o TICC (Taipei International  Convention Center) será dedicado àquilo que os organizadores chamam de “Stellar  Exhibitors”, os mais importantes exibidores da feira. E haverá exibidores de  todo o mundo, desde os locais Acer, Asus, Gigabyte, Thermaltake e dezenas de  outros até gigantes como Intel, AMD, Fujitsu, Hitachi, Kingston, Microsoft,  NVIDIA, SanDisk, Supermicro e mais um mundo de outros.
        Como eu disse, a feira não é “o” evento, é apenas um dos  eventos. Em paralelo haverá entrevistas coletivas, cerimônias (inclusive a  grande cerimônia de abertura) com Fórum, palestras e debates, o evento paralelo  sobre WiMAX, seminários, lançamento de produtos e entrega do Best Choice Award.
        Os organizadores esperam que sejam fechados negócios  envolvendo um total de vinte bilhões (BI, mesmo) de dólares americanos pelos  mais de 120 mil visitantes esperados, provenientes de 185 países (caramba !!!).
        Eu estarei por lá tentando cobrir tudo isto. Sempre que  possível, ao longo de todo o período do evento, enviarei notas acompanhadas de  fotos e observações sobre o que achar de interesse de vocês. Que, no final,  terão que aturar mais uma coluna sobre o assunto.
        Mas, como não sou onipresente, só poderei acompanhar alguns  dos eventos. E, como mencionei, haverá muitos. Inclusive um que não foi  mencionado mas que, quem sabe, talvez vocês achem que tem alguma relevância.
        Pois acontece que este ano, tendo em vista o interesse  despertado pelas recepcionistas que se espalham pelos estandes (como pode ser  facilmente verificado pelos comentários e cobertura dos colegas que também  andaram pela COMPUTEX 2009), os organizadores da feira decidiram criar um  concurso denominado “The Computex Sweetie”. Selecionaram trinta delas (e eu  garanto que a seleção não se baseou nos dotes intelectuais das meninas; veja  uma amostra na Figura 3) e organizaram um concurso.
      
        
          |  | 
        
          | Figura 4: Algumas COMPUTEX Sweeties | 
      
              Se desejar, saiba mais sobre o concurso e o procedimento de  votação diretamente na página < http://www.computex.biz/computexsweetie/index.html > “Computex Sweetie”, onde encontrará ainda o perfil de todas as candidatas  assim como os locais onde podem ser encontradas (apenas nos pavilhões da feira,  é claro), mas já adianto que a votação será feita exclusivamente in loco. 
        No dia 4 de junho será encerrada a votação, escolhida a  vencedora e divulgado seu nome e demais características na devida cerimônia de  entrega do galardão.
        Prometo, durante a feira, entre as notas, fotos e  observações técnicas, enviar diretamente para vocês as fotos das candidatas que  eu eventualmente encontrar em minhas andanças pelos pavilhões.
        Assim, quem não encontrar mais nada de interesse na minha  cobertura do evento, quem sabe não se distrairá com as fotos das “sweeties”...
        Até Taipei.      
      
      B. 
                Piropo