Sítio do Piropo

B. Piropo

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06/12/2010

< Novidades para a Computex 2011 >


 

Em primeiro de dezembro passado os patrocinadores e organizadores da Computex Taipei 2011 convocaram uma entrevista coletiva para a imprensa internacional para divulgar o pré-lançamento do evento que será realizado no período de 31 de maio a 4 de junho do próximo ano em Taipé, capital de Formosa (Taiwan).

Esta será a primeira edição da feira após a vigência do ECFA (Economic Cooperation Framework Agreement, ou acordo genérico para cooperação econômica) firmado entre a China e Formosa em 29 de junho deste ano.
Segundo a < http://en.wikipedia.org/wiki/Economic_Cooperation_Framework_Agreement > Wikipedia, trata-se do mais importante acordo firmado entre as duas nações desde  que ambas se separaram no final da guerra civil de 1949.
A simples existência do acordo já se constitui em um fato significativo e demonstra, mais uma vez, que nas relações internacionais os interesses econômicos falam mais alto que as questões ideológicas e, em alguns casos, que os assuntos diplomáticos. Porque, do ponto de vista da China (ou da Republica Popular da China, seu nome oficial), a ilha de Formosa continua fazendo parte do país e é oficialmente considerada uma “província rebelde” e não um país independente. Esta posição é aceita por diversas nações – inclusive o Brasil, que mantém relações diplomáticas com a China e apenas relações comerciais com Formosa (o visto de entrada para brasileiros em Formosa é concedido pelo Escritório Econômico e Cultural, já que não há embaixada de Formosa no Brasil nem embaixada brasileira em Formosa, mas também um simples escritório comercial.
Não obstante isto, China e Formosa firmaram o ECFA, que atende o interesse de ambas as partes, mas que traz benefícios imediatos principalmente para esta última já que implica a eliminação de tarifas de importação sobre 539 de seus produtos industriais – enquanto o mesmo benefício é estendido apenas a 267 produtos chineses. Os ganhos estimados para Formosa são da ordem de 13,8 bilhões de dólares americanos, enquanto os da China beiram os 2,9 bilhões.
O acordo comprova, mais uma vez, o velho ditado quando afirma que “países não têm amigos, têm interesses”. E, como logo veremos, terá forte influência sobre a edição de 2011 da Computex.

As tendências até 2015
A entrevista coletiva foi aberta com uma apresentação do Sr. Stephen Su, diretor do ITRI (Instituto de pesquisas de tecnologia industrial de Formosa) sobre as tendências de desenvolvimento da indústria de informática e telecomunicações para o ano de 2011


Figura 1: Stephen Su em sua exposição

Segundo ele, o ITRI identificou as seis mais fortes tendências que afetarão as indústrias ligadas à área da Tecnologia de Informática e Telecomunicações até 2015.
A primeira delas será consequência da alteração da distribuição demográfica causada pelo envelhecimento da população, o que levará a mudanças não apenas no perfil do mercado quanto no da oferta de mão de obra;
A segunda será o prosseguimento da globalização, o que “embaralhará” cada vez mais a cadeia internacional de valores, obrigando repensar a alocação de recursos;
A terceira tendência foi classificada por Stephen Su de “e-World”, o mundo eletrônico, que fará surgir novos modelos de negócios e mudará as normas de conduta da população mundial;
A quarta será a fusão multidisciplinar de tecnologias, que trará inovações provocadas pela integração das diferentes tecnologias adotadas pelo consumidor;
A quinta tendência será a continuação da ênfase dada pelas indústrias à proteção do meio ambiente e a agilidade na produção industrial, o que acirrará a competitividade, com vantagens para quem lograr melhor desempenho nestes dois campos, e:
Finalmente, a sexta tendência será um aumento na eficiência da utilização de recursos, o que obrigará a alterar a política de alocação e uso destes recursos a partir de uma perspectiva de sustentabilidade ambiental.
A seguir Stephen Su passou a apresentar e discutir dados coletados por seu Instituto para corroborar estas tendências. Citou a nova legislação vigente em países como Japão, Alemanha, Coreia do Sul, EUA e Formosa, voltada para a proteção ambiental e incentivo ao que chamou de “energia verde”. Mostrou diversos exemplos de grandes investimentos internacionais visando melhorar a qualidade de vida sem agredir o ambiente, que exigem emprego cada vez mais frequente da tecnologia de informática e comunicações, ensejando um comportamento que Stephen denominou de “smart life”. Mostrou a crescente importância da “computação em nuvem” em campos tão diversos quanto os de serviços de saúde, turismo, gerenciamento de energia e agricultura. E, finalmente, falou sobre a importância do mercado emergente da China.

A China, Formosa, o ECFA e a Computex 2011.
A China – e seu mercado de um bilhão e meio de consumidores – já tem uma importância significativa para o mercado global de produtos da tecnologia da informática e telecomunicações. Porém sua relação, digamos, especial, com Formosa, até recentemente fazia com que esta importância não se manifestasse na interação comercial entre os dois países. Pois bem: depois de firmado o ECFA, tudo mudou. E mudou radicalmente seja para Formosa, seja para a Computex Taipei já a partir da próxima edição.


Figura 2: Computex 2011

Formosa situa-se em uma posição geográfica privilegiada no que toca aos principais focos industriais e comerciais asiáticos. Hong Kong, com suas portas abertas para o ocidente, e Seul, a importante capital da gigante industrial Coreia do Sul, ficam a pouco mais de hora e meia de voo. Tóquio – e, naturalmente, todo o mercado japonês – a três horas. Agora, com a inclusão da China, a situação geográfica tornou-se ainda mais favorável, já que seus principais polos industriais e comerciais, Pequim e Shangai, distam respectivamente três horas e meia e uma hora e meia de voo de Taipé. E há ainda que considerar o fato de que Taipé se situa próxima ao centro de uma semicircunferência que passa por estes polos, todos atingidos por voos sem escalas (apenas para a China, há 270 deles por semana).
Se o pouco tempo gasto nos voos beneficia os contatos comerciais – um executivo de uma grande empresa de Formosa pode participar de uma reunião de negócios em qualquer das cidades citadas e retornar para sua sede no mesmo dia – a proximidade geográfica favorece e reduz os custos do já barato transporte marítimo. O tempo médio de viagem por embarcações de grande porte entre Formosa e os cinco maiores portos da Ásia não passa de 53 horas. O fato de ser uma ilha, naturalmente, ajuda, e muito: em Formosa há onze portos comerciais. Todos situados bem em frente ao litoral chinês com seus 63 portos.
Com o ECFA, Formosa se transformará em um importante foco de irradiação (“hub”) do mercado chinês para o mundo graças à eliminação das barreiras tarifárias e redução dos custos que integram o ECFA.
Mas há um importante fator, talvez o mais relevante, que favorece extraordinariamente Formosa para exercer este papel de intermediária comercial entre a China e os demais países e que também foi salientado na exposição de Stephen Su: a acomodação entre culturas. Isto porque, por razões históricas, Formosa é cosmopolita por excelência e sempre foi totalmente aberta para o restante do mundo, particularmente para o ocidente. Por outro lado a China, no último meio século, caracterizou-se por um forte isolamento cultural e comercial, só agora se abrindo para o mundo. Ora, como até meados do século passado Formosa e China eram um só país, não há diferenças culturais ou étnicas entre seus povos. E, neste contexto, o fato de falarem o mesmo idioma é de fundamental importância. Portanto, será muito mais fácil o entendimento entre China e Formosa que entre China e os demais países do mundo. E a tradicional abertura de Formosa facilitará extraordinariamente seu papel de agente intermediário.
Por isto o ECFA deverá trazer grandes benefícios para ambos os seus signatários. Enquanto a China oferece seu pujante mercado e imensas facilidades, inclusive mão de obra barata (já há grandes empresas de Formosa estabelecendo unidades fabris na China), Formosa, por sua vez, entra com seu maior desenvolvimento tecnológico, mão de obra altamente qualificada, integração com a cadeia de produção mundial, respeito à propriedade intelectual, sistemas de transporte e logística evoluídos e uma excelente infraestrutura de informática e telecomunicações.
Por tudo isto se espera, já para a Computex Taipei 2011, que empresas chinesas compareçam com quatrocentos estandes. E, com a evolução do intercâmbio proporcionado pelo ECFA, quem sabe nos próximos anos ela assuma a liderança mundial entre as feiras voltadas para a indústria da informática e telecomunicações.

As mudanças na Computex Taipei 2011
Após a apresentação de Stephen Su, a palavra foi concedida aos organizadores do evento, TAITRA e TCA representados, respectivamente, pelo Vice Presidente Executivo Walter Yeh e pelo Secretário Geral Li Chang


Figura 3: Li Chang em sua apresentação

Segundo eles, a Computex Taipei 2011, superada (por enquanto) apenas pela alemã CeBit, de Hannover, e pela americana CES, de Las Vegas, será ampliada. Desta vez, a trigésima primeira edição da mais tradicional feira de informática da Ásia e a terceira maior do mundo, diferentemente dos últimos anos, quando ocupava apenas os salões 1 e 3 do pavilhão TWTC (Taipei World Trade Center), utilizará todos os seus três salões. Esta expansão adicionará quase 5.500 m2 à área de exposição tradicionalmente ocupada pelo evento. Com isto, considerando ainda a área dos andares do centro de convenções de Nangang onde se localizarão os demais salões, ainda segundo seus organizadores, em 2011 a Computex Taipei se estenderá por uma quase inacreditável superfície de 106.450 m2 de estandes e corredores.
O novo salão do TWTC abrigará estandes voltados para dois temas: “Tecnologia embarcada” (“Embedded Technology”) e “Internet das coisas” (“Internet of things”).
O primeiro será dedicado às soluções avançadas de tecnologia da informação incorporadas aos utensílios da vida diária. O segundo, à cada vez maior interconexão entre os objetos que nos cercam. Estas duas áreas do desenvolvimento tecnológico estão evoluindo rapidamente, a ponto de terem se tornado importantes componentes da nova era digital. Seu espectro abrange desde utilidades domésticas que integram o universo da dona de casa típica, até artefatos de automação industrial. Passando pela indústria automotiva, pela comunicação digital sem fio e pelo conceito de sistemas em rede com sensores auto configuráveis interligando os objetos usados rotineiramente nas residências e escritórios – que, em breve, passarão a se comunicar via Internet, na maior parte das vezes por conexão sem fio.
Naturalmente, além dos novos estandes temáticos, a Computex Taipei 2011 apresentará, como nos anos anteriores, um amplo leque de produtos e promoverá palestras, seminários e apresentações sobre temas tão diversos quanto leitores de “livros eletrônicos”, computação em nuvem, tecnologia tridimensional, dispositivos móveis, computadores tipo “tablete” e congêneres.
Com tudo isto, os organizadores do evento esperam bater os recordes da edição anterior (a maior até agora por ser sido a comemorativa dos 30 anos do evento) atraindo mais de 1.800 exibidores, cem mil visitantes e mais de 36.000 participantes estrangeiros. Com os quais esperam gerar 23 bilhões de dólares americanos em negócios.
Nas últimas três décadas, a Computex Tapei vem consolidando cada vez mais sua posição entre as importantes feiras de negócios na área da tecnologia da informática e telecomunicações. Neste milênio, tornou-se uma força vital para modelar o perfil da indústria. E é cada vez maior o número de empresas da área que a escolhem para anunciar seus novos produtos e tecnologias. Dentre as quais se incluem firmas do porte da Acer, Asus, AMD, Intel e Microsoft.
Durante os cinco dias da Computex 2011 realizar-se-ão centenas de fóruns e seminários cobrindo assuntos diversos e liderados por gigantes como Intel e Microsoft. E, paralelamente, ocorrerão eventos diversos, como premiações de produtos e o Innovation Forum, além do já tradicional salão de encontros, onde são promovidos contatos individuais entre fornecedores e seus clientes.


Figura 4: Miss Computex 2011

E, o que sempre é bom lembrar, tudo isto contando com a presença da nova Miss Computex Taipei , edição 2011. Cuja foto aí está. Não muito bem acompanhada, é verdade, porém mantendo a elegância, como convém.

 

B. Piropo