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B. Piropo

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14/05/2012

< IDF São Paulo 2012 –Dia zero >


Hoje, 14 de maio, começou o IDF SP 2012. Ou quase. O "quase" deve-se ao fato de que começar, realmente começou, mas apenas para a imprensa especializada, um numeroso grupo de quase uma centena de profissionais do Brasil e América Latina que vieram cobrir o evento. Para eles, a Intel organizou o chamado "dia zero" do IDF 2012, um conjunto de atividades que envolveu apresentações, palestras, mesas redondas e entrevistas individuais e coletivas com seus principais dirigentes e técnicos participantes do evento.

E eles estavam aqui. Desde Fernando Martins, o Presidente da Intel Brasil e Celso Tietê, seu diretor de estratégia e novos negócios e alguns diretores da matriz americana até, como anunciado, o "astro da Intel que não é como os seus astros", Ajay Bhatt, coinventor do padrão USB. E para quem duvidar, aí estão eles, Fernando e Ajay, ladeando este colunista que vos fala.

Figura 1: Fernando Martins, Piropo e Ajay Bhatt

O dia zero serve também para que a imprensa descubra qual o "rumo" do IDF, ou seja, sobre quais temas a Intel deseja dar mais ênfase durante o evento. E para quem soube observar não restou dúvidas: o IDF SP girará em torno do futuro lançamento da terceira geração dos processadores da família Core com tecnologia de camada de silício de 22 nm, de novidades na área de tecnologia embarcada e, sobretudo e principalmente, dos computadores portáteis Ultrabook, um conceito desenvolvido pela empresa e posto à disposição dos fabricantes que desejaram produzir computadores aderentes aos padrões da plataforma.

A ênfase dedicada ao Ultrabook se explica: no momento raros no Brasil, a Intel anunciou que até o final de 2012 estarão no mercado cerca de vinte modelos fabricados aqui por empresas como a Dell, HP, CCE, Positivo, Samsung, Semp Toshiba e outras. A figura 2 mostra apenas alguns dos modelos que já deverão estar no mercado até o próximo mês.

Figura 2: alguns Ultrabooks a serem fabricados no Brasil

O Ultrabook é uma coisa nova: o conceito foi lançado há quase exatamente um ano na COMPUTEX Taipei 2011. Por isto muitos sequer ouviram falar dele. E os que ouviram imaginam que a única novidade que estes micrinhos apresentam é serem mais "finos" que seus irmãos "notebooks". E, de fato, são finos: as especificações admitem dois modelos com espessura máxima de 21 mm o maior e 18 mm o menor (Fernando Martins, na palestra de abertura do evento, mencionou que se pretende reduzir ainda mais a espessura máxima do modelo mais fino para cerca de 15 mm). Mas na verdade o conceito de Ultrabook envolve muito mais que a espessura do dispositivo. Tanto assim que a Intel o considera não um novo modelo, mas uma nova categoria de computadores portáteis.

De fato, ainda segundo a Intel, a primeira das três grandes evoluções dos micros pessoais ocorreu nos idos de 1995, quando os computadores de mesa receberam os primeiros discos óticos e ofereceram um suporte decente a multimídia, na época uma novidade que exerceu grande impacto no uso e disseminação dessas máquinas. A segunda ocorreu por volta de 2003 com a mobilidade conectada: micros portáteis capazes de acessar a Internet com facilidade mudaram novamente o perfil do mercado. Pois bem, a empresa agora afirma que a terceira, que exercerá igual impacto, ocorrerá agora, com o advento dos Ultrabooks.

Senão vejamos.

O Ultrabook

De acordo com um dos slides exibidos na sessão de abertura, "Ultrabook é uma nova categoria de computadores que foi criada para você não precisar abrir mão de nada. Ele tem tudo o que você precisa: altamente portátil, você pode levar para qualquer lugar. Está sempre conectado, liga em um instante, tem alta performance e bateria de longa duração".

Repare que em nenhum momento foi dado qualquer destaque à espessura do micrinho. E olhe que um micro portátil com processador Core i7, como alguns modelos apresentados na sala de exposições dos fabricantes, cuja espessura máxima não excede os 18 mm é o tipo da coisa que merece destaque. Por que, então, não dar qualquer ênfase a esta característica?

A impressão que tive é que, embora a ache importante, a Intel não deseja que o Ultrabook seja conhecido por ser fino, mas por ser bom e incorporar tecnologia de ponta. E, de fato, pelo que pude perceber tanto na abertura do evento quanto na palestra apresentada por Ajay Bhatt sobre o Ultrabook, há muito eu não via um portátil com características tão inovadoras.

Figura 3: Tecnologias incorporadas ao padrão Ultrabook

Dentre as novas tecnologias incorporadas aos Ultrabooks a Intel destaca particularmente três delas: Smart Response, Rapid Start e Smart Connect. Vejamos do que se trata.

A primeira, Smart Response, faz com que o Ultrabook seja um micro diabolicamente rápido (na verdade ela pode – e segundo a Intel, deverá – ser usada também em micros de mesa, mas faz parte das especificações do Ultrabook). Este prodígio é alcançado interpondo-se entre o disco rígido do Ultrabook e sua UCP um disco de estado sólido, de menor capacidade porém de altíssimo desempenho (discos de estado sólido armazenam dados em circuitos de memória não volátil centenas de vezes mais rápidos que as superfícies magnéticas) que funciona como "cache", ou seja, armazena apenas uma cópia de arquivos acessados mais frequente ou recentemente. O resultado disto é um desempenho extraordinariamente rápido.

A segunda. Rapid Start, tem a ver com o desenvolvimento de uma novo conceito de "desligar" o micro. Isto porque Ultrabooks raramente são efetivamente desligados. Em vez disto, eles entram em um modo híbrido de hibernação e dormência, capaz de ser mantido por cerca de trinta dias pela bateria e no qual, ao ser "religado" (ou seja: despertado de seu estado letárgico quando precisarmos dele para trabalhar), demora menos de dois segundos para se pôr à disposição do usuário.

A terceira, Smart Connect, é um alvitre ainda mais engenhoso que permite ao sistema se manter sempre atualizado para quando o usuário precisar dele, sincronizando seu conteúdo com "a nuvem" independentemente da ação do usuário e permitindo um acesso quase imediato à Internet, dados e aplicativos quando ele precisar do micro.

Esta última tecnologia é tão engenhosa que vale a pena uma explicação mais detalhada. Tomemos como exempli um usuário que precisa recorrer frequentemente a seu correio eletrônico e que mantém seus arquivos mais importantes sincronizados com "a nuvem" usando um serviço semelhante, por exemplo, ao Dropbox ou Google Drive.

Para usufruir dos benefícios da tecnologia Smart Connect, tudo o que este usuário tem que fazer é simplesmente "fechar" seu Ultrabook abaixando a tampa sobre o teclado. Ao fazer isto o computador imediatamente entra em um estado denominado "standby", onde o dispêndio de energia é mínimo. Um temporizador, regulado pelo usuário, o mantém neste estado por um dado período após o qual, sem qualquer interferência do usuário, ele entra em estado ativo com economia de energia (uma economia razoável posto que não é preciso energizar a tela) e inicia sua busca por um ponto de acesso WiFi ou 3G nas proximidades, ao qual possa se conectar. Se encontrar, imediatamente habilita os aplicativos que efetuam a sincronização com a nuvem e, por exemplo, atualiza as pastas do Dropbox ou Google Drive e baixa as mais recentes mensagens do correio eletrônico. Isto feito, o sistema reinicializa o temporizador e retorna ao estado de "standby" até ser despertado novamente para fazer nova atualização. Como tudo isto consome muito pouca energia, o gasto da carga da bateria é mínimo. Portanto, de tempos em tempos, sem qualquer interferência do usuário, o micrinho se sincroniza com a nuvem e servidores de correio eletrônico. E quando o usuário reabrir a tampa de seu Ultrabook ele se oferecerá conectado (se estiver ao alcance de um ponto de acesso, naturalmente) e com correio eletrônico e tudo o mais absolutamente atualizado.

Realmente, é um novo conceito...

Além disto, o padrão Ultrabook admite o uso de dois sistemas extraordinariamente eficientes de proteção, um sistema antirroubo que trava a máquina caso ela tenha sido furtada e a tecnologia denominada Intel Identity Protection, que substitui, por exemplo, o sistema de "tokens" usados pelos bancos modernos para operações via Internet. Além de um sistema de registro ("logon") baseado em reconhecimento de fisionomias.

Mas deixemos tudo isto para mais tarde. Afinal, o IDF SP 2012 mal começou. E amanhã tem mais...


B. Piropo