Sítio do Piropo

B. Piropo

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26/03/2013

< A invasão dos conversíveis >


Um tablete é um tablete. Um dispositivo leve, com tela relativamente pequena (as maiores andam na casa das dez polegadas), longa duração da carga de bateria porém baixa capacidade de processamento, que cabe sem dificuldade em uma pasta ou bolsa. Não dispõem de teclado (exceto o teclado virtual que aparece na tela sensível ao toque), oferecem uma capacidade de armazenamento limitada e, talvez sua característica mais importante, é um dispositivo conectado. Inclusive à rede de telefonia celular. Pode ser consultado e operado na mão, em pé em uma fila de espera ou sentado em um ônibus, metrô ou avião. Para ler notícias quase em tempo real, manter contato atualizado via correio eletrônico, enviar mensagens curtas de qualquer lugar onde se esteja, consultar mapas e descobrir onde se está e qual o melhor trajeto para seguir até onde se pretende ir usando o GPS não tem coisa melhor. Já para escrever textos mais longos, ainda que seja uma carta ou relatório resumido usando o teclado virtual, definitivamente não é a melhor solução.

Um "notebook" é um "notebook". Mais pesado que um tablete – se bem que, alguns, nem tanto – com telas que podem chegar a vinte polegadas (e neste ponto convém notar que a área de uma tela de 20" não é o dobro da de uma tela de 10", mas quatro vezes maior), que só cabe em uma pasta ou bolsa se for bem ajeitadinho, com capacidade de processamento relativamente grande e, em consequência disto, menor duração de bateria. E, além de uma capacidade de armazenamento significativamente grande devido a seu disco rígido e, na maioria dos modelos, acionador de discos óticos, dispõe de um teclado real, com teclas "de verdade", que pode ser bem confortável. Em geral aceita conexões via "bluetooth" e WiFi mas, tanto quanto eu saiba, não se conecta à rede de telefonia celular, o que limita bastante sua capacidade de comunicação quando se está em trânsito. E, embora possa ser operado no colo quando se está sentado, a melhor forma de usá-lo é apoiado em uma mesa com o usuário sentado em frente a ele, Em contrapartida, o conforto oferecido pelo teclado e pela tela maior permite que se escreva uma enciclopédia com ele.

Compará-los não faria muito sentido. São máquinas diferentes, concebidas para cumprir diferentes tarefas em situações distintas. Mas a simples leitura dos dois parágrafos acima permite facilmente concluir que o tablete é uma máquina ágil, para ser usada em movimento sem perder a conexão porém sem o conforto de um teclado, enquanto um "notebook" é um dispositivo mais poderoso, de uso mais confortável devido a seu teclado, porém com limitações de conectividade e portabilidade. E cada um deles apresenta uma grande vantagem sobre o outro: o tablete se destaca pela duração da bateria e o "notebook" pelo conforto oferecido pelo teclado.

É claro que não faltou muito para que alguém tivesse a ideia de conceber um dispositivo funcionalmente equivalente a um tablete, mas que pudesse ser encaixado em uma peça que contivesse não apenas um teclado, mas também uma bateria auxiliar.

São os tabletes conversíveis.

A ideia não é nova. Há uns dois ou três anos eu mesmo já tive um bichinho desses, um dos primeiros modelos do ASUS Transformer. Acabei me desfazendo dele devido ao peso (o tablete encaixado no teclado pesava mais que alguns novos modelos de "Ultrabook") e ao fato de que não dispunha (pelo menos o modelo que eu possui) de conexão com a rede de telefonia sem fio. Pela experiência que tive com ele, a impressão que ficou é que era um "netbook" com tela sensível ao toque.

Mas as coisas estão mudando. Um artigo da equipe de redação do "COMPUTEX Taipei Show Preview", publicação de divulgação da COMPUTEX 2013, afirma que "O panorama dos 'notebooks' está mudando rapidamente, com computadores portáteis conversíveis que também funcionam como tabletes encontrando seu lugar no mercado, oferecendo mais escolhas aos consumidores ... A explosão de conversíveis pode ser encarada como uma evolução lógica dos dispositivos portáteis que lutam para recuperar o território que lhes foi tomado pelos populares tabletes".

E o mercado está sendo invadido por conversíveis de diversos tipos e formatos. Há os "swivel", cuja tela gira em torno de um eixo horizontal e que, quando fechado, oculta o teclado e pode ser operado exclusivamente via tela sensível ao toque (como o modelo < http://www.youtube.com/watch?v=fOVVs4EJpEA > Inspiron Duo Swivel da Dell), os "twist", semelhantes aos "swivel", porém com a diferença que a tela gira em torno de um eixo vertical (como o modelo < http://www.lenovo.com/products/us/laptop/thinkpad/thinkpad-twist/ > Thinkpad Twist da Lenovo), os "flip", cuja tela abre totalmente até um ângulo de 360º, o que permite não apenas ser operado como um tablete comum (o teclado fica no lado de baixo) como abrir a tela até um ângulo apenas suficiente para que a maquineta fique sobre uma mesa na forma de um "V" invertido, posição excelente para assistir vídeos e filmes (como o < http://www.lenovo.com/products/us/laptop/ideapad/yoga/yoga-13/ > IdeaPad Yoga 13, também da LeNovo) e os modelos "slide", em que a tela desliza sobre o teclado, encobrindo-o parcial ou totalmente, como o novo < http://pandapad.ru/pads/tablet_samsung_sliding_pc_7_series_32gb.htm  >  Samsung Sliding PC 7 que aparece na figura que ilustra esta coluna).

Muitos destes modelos permitem não apenas que a tela se movimente e dê ao micrinho o formato de um tablete porém ainda preso ao teclado, como também que a parte que contém a tela, ou seja, o tablete propriamente dito, seja removida inteiramente do conjunto – o que permite que o dispositivo seja usado como um tablete quando se precisa de um tablete e, encaixando a parte que contém o teclado, como um "notebook" quando se precisa de um "notebook".

Pois bem: estes modelos estão começando a se tornarem populares. E, graças às suas telas sensíveis ao toque e o lançamento relativamente recente de Windows 8, um sistema operacional totalmente utilizado para este tipo de operação, deverão se multiplicar rapidamente.

Acredito que na COMPUTEX 2013 assistiremos uma invasão dos tabletes conversíveis...

Figura 1



B. Piropo