Sítio do Piropo

B. Piropo

< O Globo >
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11/04/2005

< O WinXP SP2 volta à baila >


Em 16 de agosto do ano passado a Microsoft lançou o que talvez tenha sido a mais importante atualização da história de seus sistemas operacionais: o Windows XP Service Pack 2, ou SP2 (a versão em português foi liberada na primeira quinzena de setembro). E, embora mais de 170 milhões de cópias tenham sido instaladas, nunca se viu a oferta de uma atualização causar tanta polêmica.

Havia razão para tanto. Cansada de receber críticas sobre a vulnerabilidade de Windows, a MS decidiu focalizar o SP2 na questão da segurança. E seria inevitável que uma atualização deste tipo apresentasse algumas incompatibilidades com programas e dispositivos. Tanto assim que, na época do lançamento, eu escrevi um artigo ensinando o “caminho das pedras” para contornar esses problemas (publicado aqui mesmo no caderninho em 27/09/2004 e disponível na seção “Escritos / Artigos em O Globo” de meu sítio, em < www.bpiropo.com.br >). Não obstante, eu não somente instalei a atualização em minhas máquinas como recomendei aos leitores que também o fizessem, já que a instalação poderia ser desfeita. Se tudo corresse nos conformes, o sistema operacional tornar-se-ia melhor, mais estável e, sobretudo, mais seguro. Mas se algo desse errado e surgisse uma incompatibilidade incontornável, bastaria desfazer a instalação.

Fiz isso porque a maioria de meus leitores é composta por usuários domésticos e não chefes do setor de TI de grandes empresas. Porque nesse caso é diferente. São responsáveis por dezenas, eventualmente centenas ou milhares de máquinas de cujo desempenho depende o funcionamento da empresa. E em um ambiente assim não tem isso de “se algo der errado é só desfazer”. Ali, nada pode dar errado. Portanto não é de surpreender que tenha partido justamente deste segmento a maior chiadeira contra a obrigatoriedade da instalação do SP2 (sim, pois tendo a MS classificado o SP2 como “essencial”, anunciou que não daria suporte aos sistemas que não o instalassem). A chiadeira foi tão justa que, entendendo o problema, a MS ofereceu um “período de clemência” para que as empresas providenciassem as adaptações necessárias à instalação. E mesmo enfatizando a importância do SP2, ela pôs à disposição dos usuários   uma ferramenta que alterava uma chave do Registro de Windows XP de modo a permitir que futuras atualizações críticas fossem instaladas, manual ou automaticamente, mesmo na ausência do SP2. Mas deixou claro que isso seria uma solução temporária, que vigeria apenas por quatro meses. Período que posteriormente foi ampliado para 240 dias. E que vence em 12 de abril de 2005. Ou seja: depois de amanhã.

E parece que desta vez é sério. Não haverá nova prorrogação. Pelo menos é o que se depreende de uma vista à página “Windows XP Service Pack 2 Deployment Information” em
< www.microsoft.com/technet/prodtechnol/winxppro/deploy/xpsp2dep.mspx >
onde consta, em destaque, o “ Windows XP Service Pack 2 Automatic Update Blocker Expiry Reminder ” (lembrete do término do bloqueador de atualização automática do SP2 de Windows XP) que confirma o prazo final. Daqui a três dias, toda máquina ajustada para efetuar o procedimento de atualização automática instalará inapelavelmente o SP2.

Tudo bem, pensará o incauto leitor. Afinal, as empresas tiveram oito meses para tomar as providências devidas. Nesta altura dos acontecimentos tudo haverá de estar nos conformes e elas receberão alegremente a atualização em seus micros.

Será?

Para apurar, entre 5 de janeiro e 10 de março deste ano, a AssetMetrix, uma consultora sediada no Canadá, efetuou uma pesquisa para avaliar “o nível da penetração do SP2 no ambiente empresarial”. Para isso indagou a 251 corporações americanas que, em conjunto, utilizavam 136 mil PCs, quantas de suas máquinas haviam instalado o SP2. E detectaram um surpreendentemente minguado porcentual de meros 24% (veja a íntegra da pesquisa em
< www.assetmetrix.com/news/pressReleases/press2005-04-05.asp >).
Pior: 40% das empresas não instalaram a atualização em uma máquina sequer. Apenas 7% delas instalaram em todas as máquinas. E as restantes 52% adotaram uma política dúbia, instalando em algumas máquinas e não em outras e hoje enfrentam problemas de suporte técnico devido à coexistência de máquinas com diferentes versões do sistema operacional em sua infra-estrutura de informática.

Se as coisas se mantiverem nesse pé, as empresas que não instalaram o SP2 brevemente enfrentarão problemas. Começando com o fato de que o suporte oferecido pela MS às máquinas com SP1 vigerá apenas até setembro do próximo ano. Porém é provável que antes disso surjam incompatibilidades com futuros produtos da MS, como o mui esperado Internet Explorer 7 (que, dizem, à exemplo do Firefox, virá com múltiplas janelas).

O que a AssetMetrix tem recomendado a suas clientes é que, após testarem a compatibilidade com seus programas e máquinas, instalem o SP2 de preferência antes de 12 de abril.

Então é bom andarem depressa, porque só faltam dois dias...

B. Piropo