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B. Piropo

Jornal o Estado de Minas:
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02/06/2005

< DVD >


DVD é o acrônimo de “Digital Versatile Disk”, ou “disco digital versátil”. Parece um nome bobo. E é. Na verdade é um “quebra-galho” criado quando seus fabricantes descobriram que aquele padrão, desenvolvido especialmente para armazenar filmes e por isso batizado de “disco de vídeo digital” (“Digital Vídeo Disk”), era um produto versátil cujo nome poderia limitar as vendas fazendo o público pensar que servia apenas para vídeos.

Um DVD se parece muito com um CD. De fato, usa o mesmo princípio para armazenar e recuperar dados: um raio laser projetado sobre uma superfície refletora. Mas há diferenças. A começar pela capacidade. Usando menores deformações microscópicas que defletem o raio laser na superfície refletora e trabalhando com duas camadas de dados, uma acima da outra (DVD de dupla camada; a reflexão na camada superior é feita focalizando nela microscopicamente o feixe de raio laser), o DVD consegue aumentar a capacidade de armazenamento dos 700 MB que cabem em um CD para 4,7 GB usando uma única camada. E chega a 8,5 GB por face usando duas camadas (a camada superior não consegue armazenar dados com a mesma densidade que a inferior, alcançando apenas 3,8 GB). E se usar duas faces de duas camadas cada, pode armazenar até 17 GB em um único disco.

A maioria dos DVD disponíveis no mercado usa apenas uma face de uma só camada, armazenando portanto 4,7 GB, o suficiente para um filme de pouco mais de duas horas de duração com a definição (número de pontos luminosos na tela) usada pela TV comum e com um padrão de compressão de imagens não muito drástico. Ou seja: o suficiente para as necessidades do mercado no final do século passado, quando foi criado o padrão (1997, para ser exato). Mas acontece que de lá para cá as coisas mudaram. E apareceu a televisão de alta definição (HDTV) que, por usar uma tela maior, foi obrigada a aumentar significativamente a resolução das imagens. Para o mesmo trecho de filme HDTV, necessita-se de cinco vezes mais espaço de armazenamento que para um filme de TV comum. O que forçou a criação de padrões para DVD de maiores capacidades.

Se surgisse apenas um, seria ótimo. O problema é que já surgiram dois e um terceiro está a caminho. O que, para o usuário, pode representar um problema. Que padrão escolher? Um deles é o HD-DVD, adotado por um grupo de empresas capitaneadas por NEC, Sanyo e Toshiba. O sítio do padrão fica em < www.dvdsite.org/ >. O outro chama-se Blu-Ray. O sítio da Blu-Ray Disk Association está em < www.blu-ray.com >. Seu nome deriva do fato de adotar um feixe de raio laser de cor azul em vez do vermelho usado pelo CD e DVD comuns. E não se trata de escolher a cor mais bonita, mas a de menor comprimento de onda, que permite reduzir as marcas que desviam o raio laser, aumentando assim a densidade de armazenamento. O padrão HD-DVD também apela para esse recurso.

Discos Blu-Ray de uma só face e camada podem armazenar 25 GB, o suficiente para gravar duas horas de filme HDTV. Já o padrão HD-DVD consegue armazenar apenas 15 GB em uma face, porém adota uma tecnologia de fabricação mais barata e relativamente compatível com a dos DVD comuns, o que permite alcançar uma economia considerável através da adaptação de instalações industriais existentes. Uma característica tão interessante que atraiu empresas do porte de Dell, Hitachi, HP, JVC, LG, Mitsubishi, Panasonic, Pioneer, Philips, Samsung, Sharp, Sony e TDK, que aderiram ao padrão.

Ainda esse ano se poderá encontrar discos e acionadores de ambos os padrões. O que já seria dor de cabeça suficiente para o usuário. Como se não bastasse, a Iomega, conhecida fabricante dos discos Jaz e Zip, anunciou que acaba de patentear um “método e aparelho para armazenamento ótico de dados” (trocando em miúdos: um novo padrão para DVD) cuja capacidade pode atingir até 800 GB (sim, oitocentos). Se duvida, inspecione diretamente a patente US 6.879.556, em < CLIQUE >.

Negócio complicado. Pois no que toca a padrões, um é bom, dois é muito, três é demais.

 

B. Piropo