Sítio do Piropo

B. Piropo

Jornal o Estado de Minas:
< Coluna Técnicas & Truques >
Volte
04/05/2006

< Partida Limpa >


O procedimento de partida de um computador é conhecido por “inicialização”. Há quem o chame de “boot”, “botina” em inglês, devido a um ditado americano que dá a entender que se quer realizar uma tarefa impossível sem ajuda externa: “rising oneself up pulling their own bootstraps”, ou seja, levantar-se no ar puxando para cima os cordões das próprias botinas. Pois é algo parecido que o computador faz ao ser ligado: aciona por si mesmo seus circuitos, testa cada um deles, carrega o sistema operacional e se põe à disposição do usuário, tudo isso sem ajuda externa. Daí o uso do termo.
O processo de inicialização atravessa diversas fases. A primeira é o “autoteste de partida” (Power On Self Test, ou POST), quando o micro testa cada um dos componentes internos. Depois que constata que tudo está em ordem, carrega o sistema operacional. E, finalmente, são carregados os “drivers” e programas auxiliares.
Drivers são extensões do sistema operacional destinadas a controlar dispositivos periféricos. E programas auxiliares em geral servem para detectar ocorrências que os farão acionar outros programas. Ocorre que o número de periféricos é tão grande, os programas auxiliares são tantos e sua interação é tão complexa que algumas vezes isto resulta em incompatibilidades que causam o travamento do micro ou, pelo menos, o comportamento irregular do sistema operacional ou de algum programa.
Aparentemente a solução é simples: descobrir que módulo causou a incompatibilidade e removê-lo da seqüência de inicialização. Porém as possibilidades são tantas que se não for feita com método, a tarefa é virtualmente impossível. A técnica correta consiste em efetuar uma “partida limpa” (“clean boot”), na qual são carregados apenas os componentes essenciais do sistema operacional e, em seguida, agregar um a um os demais componentes até que o problema se manifeste. O responsável seria então mais recente componente adicionado e para resolver o problema basta impedir sua carga.
Windows simplifica a execução de uma inicialização limpa com o uso do “Utilitário de configuração do sistema”. Nas versões mais antigas ele se escondia no menu “Ferramentas” do “Utilitário de configuração do sistema” (Menu Iniciar, entrada “Programas”, opção “Acessórios”, entrada “Ferramentas de sistema” e aplicativo “Informações sobre o sistema”). Em Windows XP ele é carregado clicando na entrada “Executar” do menu Iniciar, entrando com “msconfig” na caixa de dados e teclando ENTER (procedimento que também funciona nas demais versões).
Se você está diante de um problema que desconfia ser causado por um dos módulos carregados na inicialização, carregue o utilitário, passe para a aba “Geral”, clique no botão “Inicialização seletiva” e desmarque todas as caixas de dados abaixo dele. Reinicialize a máquina (Menu Iniciar, “Desligar”, “Reiniciar”) e verifique se as caixas permanecem desmarcadas (algumas podem ser automaticamente remarcadas por certos aplicativos). Se permanecerem, você conseguiu executar uma partida limpa.
Para encontrar o culpado pelo problema remarque uma a uma as caixas da aba “Geral” e execute sucessivas reinicializações. Após cada uma, procure reproduzir a situação em que o problema se manifestava e prossiga, carregando cada item até que ele volte a se manifestar – o que significa que o responsável pertence ao último grupo marcado.
Localizado o grupo, vá para a aba correspondente (System.Ini, Win.Ini, ou as demais) e inspecione seus componentes para identificar responsável e eliminar sua carga. Repita o procedimento: desmarque todos e vá remarcando um a um e reinicializando a máquina. Identificado o responsável, basta impedir permanentemente sua carga.
Resolvido o problema, recupere a inicialização normal voltando à aba “Geral” do Utilitário de configuração do sistema e marcando o botão “Inicialização normal”.
Dá trabalho e demora, mas se o problema é fruto de alguma incompatibilidade, é quase certo que este procedimento ajudará a encontrar a solução.

 

Figura 1

B. Piropo