Sítio do Piropo

B. Piropo

Jornal o Estado de Minas:
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08/01/2009

< Devo ou não desativar o antivírus? >


Acontece com todo o mundo, portanto já deve ter acontecido com você: durante a instalação de um novo programa, aparece uma caixa de mensagem com um aviso solicitando desativar o programa antivírus. Ora, todos estamos cansados de saber a importância destes programas e dos ardis, artifícios e chicanas aos quais apelam os mequetrefes que desenvolvem vírus e similares. E conhecemos os perigos de desativá-los. Mas o programa que faz a solicitação parece ser coisa séria, desenvolvido por fonte segura. Diante de tudo isso, fazer o que?

Bem, antes de tudo convém saber as razões daquela aparentemente estranha solicitação.

Antigamente, nos tempos em que a escola era risonha e franca e o sistema operacional dos micros da linha PC era o DOS, não havia isso de “instalar um programa”. Programas eram meros arquivos executáveis simplesmente copiados para o disco rígido. No máximo, se o usuário fosse amante da organização, ele mesmo criava um diretório (que hoje, nos tempos das interfaces gráficas chamamos de “pasta”) onde, além de copiar o arquivo executável do programa, gravava os documentos por ele produzido. E isto era tudo.

Depois veio Windows e suas complicações. Programas agora, além do tal arquivo executável, são formados por dezenas, por vezes centenas de arquivos auxiliares, sejam as famosas bibliotecas de ligação dinâmica (dlls), sejam arquivos de configuração e mais um mundo de badulaques, por vezes distribuídos por diversas pastas. Sem esquecer que muitos dos arquivos que integram o programa não são gravados em nenhuma de suas pastas, mas sim nas pastas “de sistema”, como C:\WINDOWS e seus penduricalhos. E quando se instala um programa todas estas pastas e seus arquivos são criados e distribuídos em seu disco rígido.

Além de gravar arquivos durante a instalação, em geral o programa cria ou altera um número razoável de “entradas” e “chaves” do Registro de Windows, um banco de dados interno de uso exclusivo do sistema que contém dados de configuração dos programas instalados. Mais que isso: muitos programas, ao serem instalados, agregam entradas ou atalhos às pastas “Iniciar” e outros tantos recursos de configuração que fazem, por exemplo, o programa – ou alguns de seus componentes – serem automaticamente carregados durante a inicialização do sistema operacional. E, finalmente, há casos em que o programa precisa alterar o comportamento de rotinas internas do sistema denominadas “serviços” de Windows.

Em suma: instalar um programa hoje em dia é uma tarefa incomensuravelmente mais complicada do que fazer o mesmo há um par de décadas. E, dependendo do nível de complexidade do programa a ser instalado, pode mexer fundo nas entranhas do sistema.

Mas o que tem tudo isto a ver com o pobre do programa antivírus?

Bem, é que grande parte destas atividades – se não a maioria delas – são rigorosamente idênticas àquelas desempenhadas por um vírus, cavalos de Tróia ou programas espiões ao se instalarem. E nem o sistema operacional nem o programa antivírus têm como distinguir se quem está se preparando para praticar tais atividades é um programa instalado com a ciência e consentimento do usuário ou se é um programa mal intencionado que está tentando se infiltrar na máquina “por baixo dos panos”. Mesmo porque, se houvesse uma maneira de criar esta distinção, os malfeitores imediatamente se aproveitariam dela para fazer seus programas mal intencionados se passar por inocentes.

Portanto, não há alternativa: é o usuário quem deve decidir. Se o programa que está sendo instalado é de fonte confiável, desative o antivírus (e de quebra os demais programas tipo anti-spyware e similares). E, se desativá-los durante a instalação, não se esqueça de voltar a ativá-los depois do programa instalado. E que amanhã se abra um novo ano que traga toda a felicidade que você merece e espera. Até a próxima semana – ou até 2009.

B. Piropo