Sítio do Piropo

B. Piropo

Jornal o Estado de Minas:
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29/01/2009

< Ventoinhas >


Os primeiros computadores pessoais não usavam ventoinhas ou quaisquer outros dispositivos de ventilação forçada. Quando a IBM lançou a linha PC, a única ventoinha era a localizada na fonte de alimentação, que lançava o ar para fora impedindo o aquecimento dos componentes da própria fonte. Mas, como a fonte não era hermeticamente fechada e se comunicava com o interior do gabinete por fendas e aberturas em suas paredes inferior e traseira, o fluxo de ar que passava através da fonte para refrigerá-la era drenado do interior do gabinete. Que, por sua vez, o recebia do meio exterior. Portanto, aquela solitária ventoinha da fonte de alimentação dos computadores de antanho era suficiente para garantir a manutenção de uma temperatura aceitável não somente nos componentes da fonte como também nos demais contidos no interior do gabinete, inclusive os da placa-mãe, o que incluia o microprocessador.

Pois mesmo assim quem se desse ao trabalho de abrir o gabinete de um PC ligado há algumas horas e tocasse com o dedo a superfície do microprocessador, notaria que sua temperatura dificilmente poderia ser classificada como “quente”. “Morna” seria o máximo. E olhe lá.

Isso porque os fatores que influenciam a produção de calor por um circuito integrado são a frequência de operação, a tensão de alimentação e a espessura da camada de silício onde são fundidos seus transistores. E, apesar de usar uma camada de silício mais de duzentas vezes mais espessa que as atualmente empregadas e uma tensão cerca de cinco vezes superior, os velhos processadores 8088 usados no PC operavam com frequência menor que 5 MHz, quase mil vezes inferior às adotadas nos novos processadores. Portanto, hoje, quem se dispuser a repetir a experiência antes que o processador, literalmente, derreta, certamente queimará o dedo. Por isso, a partir do início dos anos noventa, os fabricantes foram obrigados a tomar providências visando melhorar a dissipação do calor gerado no interior do gabinete principalmente (mas não apenas) pelo microprocessador. E começaram a instalar ventoinhas.

Além da existente no interior da fonte, que foi mantida (assinalada com o número 1 na figura), as primeiras foram instaladas sobre dissipadores metálicos dotados de aletas e firmemente presos ao próprio processador, como assinalado na figura com o número 2. Que força o ar do gabinete a passar entre as aletas metálicas do dissipador e o sopra para longe do processador. Os bons gabinetes têm a parede lateral parcialmente perfurada bem em frente a esta ventoinha e uma espécie de “coifa” que canaliza o ar para fora do gabinete através das perfurações. Os gabinetes muito bons têm, na parede lateral e em frente a esta coifa, uma ventoinha adicional (que não aparece na figura) para ajudar a remover ar quente do gabinete.

Além destas, os gabinetes modernos sempre apresentam mais uma ventioinha, na parede traseira, assinalada com o número 3 na figura. Sua função é lançar para fora do gabinete o calor produzido pelos demais componentes, inclusive discos rígidos e circuitos auxiliares.

Note que todas as ventoinhas até aqui mencionadas sopram ar quente para fora do gabinete.

Então, como o ar frio entra no gabinete? Ora, com tanta ventoinha expulsando ar de lá, a pressão interna do gabinete cai. O que faz com que o ar externo penetre nele pelas aberturas que o comunicam com o exterior. Em alguns casos, mais uma ventoinha (assinalada com o número 4) é instalada na face frontal do gabinete soprando para dentro, mas esta é opcional.

Mas, atenção: esta deve ser a única que joga ar externo (da frente do gabinete, que deve estar desimpedida e onde o ar é mais limpo e fresco) para dentro do micro. Todas as demais, inclusive quaisquer ventoinhas auxiliares que o usuário venha a instalar na traseira ou lateral do gabinete, devem soprar para fora. Acostume-se a verificar, até mesmo pelo ruído que fazem, se as ventoinhas estão funcionando. Especialmente a do microprocessador (nr. 2). Esta é vital. Se ela parar, você ficará sem processador em não mais que alguns minutos.

 

Figura 1

B. Piropo