Sítio do Piropo

B. Piropo

Jornal o Estado de Minas:
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06/08/2009

< Wolfran Alpha >


Stephen Wolfran é um gênio. Talvez sua biografia oficial não use este adjetivo e prefira, por exemplo, “cientista famoso”. Até recentemente era conhecido por suas façanhas científicas no campo dos autômatos celulares e pelo desenvolvimento do programa “Mathematica”. Daqui para frente, provavelmente, será também conhecido pelo Wolfran Alpha, um novo sítio de pesquisas como o Google. Quer dizer: Wolfran Alpha é um novo sítio de pesquisas, mas não é como o Google. Melhor ainda: embora pareça, Wolfran Alpha não é um novo sítio de pesquisas e nada tem a ver com o Google. Mas fornece respostas para praticamente tudo. Até para a “mãe de todas as perguntas”: qual o sentido da vida, do universo e de todas as coisas?

Complicou? Destrinchemos. Segundo o próprio Stephen, que o criou, Wolfran Alpha “é o primeiro passo de um projeto de longo prazo para pôr todo o conhecimento sistematizado ao alcance de qualquer pessoa”. Parece impossível? Afinal, “todo o conhecimento sistematizado” abrange todo aquele que a humanidade amealhou durante milênios. Pôr isso ao alcance de “qualquer pessoa” é uma façanha digna de um gênio. O que nos remete ao início desta.

Por enquanto o Wolfran Alpha (em < http://www.wolframalpha.com/ >) existe apenas em inglês. Mas, como logo veremos, em alguns casos isto não faz a menor diferença.

O sítio responde qualquer pergunta em linguagem corrente sobre fatos objetivos. Ou seja: pergunte se BH “é melhor” que Brasília (“Is Belo Horizonte better than Brasília?”) e o programa responderá que não entendeu. Mas entre com “Belo Horizonte versus Brasília” (assim mesmo, com ou sem aspas) e receberá uma boa comparação entre as cidades. Ou pergunte qual a distância entre Belo Horizonte e New York (“how far is Belo Horizonte from New York?”) e descobrirá que terá que viajar 7.394 km em linha reta para ir de uma cidade à outra, que quando em BH é meio dia em NY são onze da manhã, que a população de BH é de 2,376 milhões de almas (5,396 na região metropolitana) enquanto a de NY é de 8,143 milhões (18,61 na RM) e que suas altitudes são, respectivamente, 866m e 10m acima do nível do mar.

Para “fatos objetivos” não conheço igual. Pergunte onde é BH (“where is Belo Horizonte”) e verá a posição da cidade em um mapa com atalhos que permitem conhecer suas coordenadas geográficas, visualizá-la em uma imagem de satélite, receber o mapa em formato PDF e consultar a Wikipedia. Entre com um nome próprio como “Benito” (não gostou? entre com o seu, ora...) e descobrirá que nos EUA ele é o 1.923º preferido para batizar um filho (não admira...), que provavelmente eu tenho 9.832 xarás vivos por lá, que correspondem a 0,0041% da população e que a maioria deles têm 14 anos. E eu pensando que era o último...   
Mas onde o Wolfran Alpha brilha mesmo é em tudo o que diz respeito à matemática (o que não espanta, dada a sua origem). Razão pela qual eu afirmei que há situações em que o fato de receber entradas apenas em inglês não faz diferença: afinal, números são números...

Entre com uma operação qualquer, como 123^5 (123 elevado à 5ª potência) e não somente descobrirá que vale 28.153.056.843 como receberá mais um bocado de informações (como por exemplo que representa menos de 1% do total de estrelas em nossa galáxia). Entre com um valor em reais (na forma R$ nnn) e descubra quanto vale ao câmbio do dia em euros, dólares americanos, yuans chineses, pesos mexicanos, argentinos e em nairas nigerianos (?). Entre com um valor em qualquer unidade (use ponto como separador decimal) e o receba convertido nas unidades equivalentes mais comuns. E experimente entrar com qualquer equação – sugiro, pela beleza da curva, a da lemniscata: “((x-3)^2+y^2)(((x+3)^2+y^2))=3^4” – e receba de volta todas as soluções para a variável “y”, suas derivadas e a curva em um plano.

Incidentalmente: a resposta do Wolfran Alpha para a pergunta: qual o sentido da vida? (“what is the meaning of life?”), evidentemente, é “42”. Mas disto estão fartos de saber os leitores do “Guia do Mochileiro das Galáxias” (“The Hitchhiker's Guide to the Galaxy”) de Douglas Adams.

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B. Piropo