Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
04/09/2000

< De Internet e outros assuntos >


Semana passada, em sua coluna “A Nova Economia”, o jornalista Nelson Vasconcelos comentou que o Ministério das Finanças da Alemanha está estudando uma forma de taxar as empresas pelo uso da Internet. E, acrescenta Nelson, a notícia provocou uma chiadeira geral. Provedores, internautas e uma boa parte da imprensa tedesca juntaram suas vozes para protestar. Há os que acham que a proposta se deve à compulsão do Governo alemão de deitar regras sobre tudo, há os que atribuem a coisa à visão curta dos burocratas, mas o fato é que ninguém apoiou a idéia. O que não é de admirar nem se restringe à Alemanha: afinal, em lugar algum do mundo há quem apóie a criação de novos impostos, exceto os burocratas que os idealizaram e os setores do governo que deles eventualmente venham a se beneficiar. Mas a coisa é sintomática. Será que o Governo alemão está, efetivamente, preocupado com os poucos trocados que iria arrecadar com esse tipo de imposto ou seria isso apenas uma forma disfarçada de tentar controlar a Internet?

A preocupação dos governos com a Internet não é novidade. Principalmente dos menos democráticos. A ojeriza que a Internet desperta nos velhos ditadores é conhecida. E justificada: um meio de comunicação capilar que se estende por todo o planeta e cujo tráfego é virtualmente impossível de controlar tem mesmo que ser o terror dos  caudilhos aboletados no poder. Mas será que é só deles? Ou não seriam eles os únicos que se manifestam por não precisarem posar de democratas, enquanto os demais compartilham das mesmas restrições mas são obrigados à disfarçar?

Prestem atenção e vejam se não tenho razão: volta e meia a imprensa destaca a preocupação de alguma “autoridade” com o uso da Internet para divulgar certos tópicos. Em geral tal preocupação é com um tema perfeitamente justificável e que todo o mundo é contra mesmo. Afinal, exceto os anormais que os mantêm e freqüentam, quem poderia apoiar sítios dedicados à disseminação de pedofilia? Ou ao neonazismo? Ou ao terrorismo internacional? Ou à discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza? (esclareço que o adjetivo “anormal” lá do começo não se restringe aos pedófilos). A preocupação, aparentemente, é justificada. Mas pense um pouco: alguma vez você já viu uma dessas “autoridades” manifestar sua preocupação com qualquer outro meio de comunicação usado para divulgar esses mesmos temas? Será que é mesmo o tema que os preocupa ou não seria o meio usado para propagá-lo? Porque parece que a manifestação de preocupação não passa de uma forma de chamar a atenção para os “perigos” da Internet, um meio anárquico, absolutamente incontrolável, capilar, planetário, instantâneo e brutalmente eficiente para veicular algo que é, isto sim, o pavor desse tipo de “autoridade”: novas idéias.

Portanto, mantenha o olho aberto. Da próxima vez que ouvir um comentário dessa natureza, examine a questão com senso crítico. Porque, por trás de uma preocupação aparentemente mais que justificável, pode se ocultar intenções inconfessáveis. E não me venham chamar de paranóico, que eu detesto…

Mudando de assunto: me escreve um leitor que “com referência à entrevista com J.P. Jacob, chamar  ‘Site’  de sítio é pior… O certo, o enriquecimento da língua, é abrasileirar o ‘site’ escrevendo, como eu escrevo, çaites. Você estará adicionando uma nova palavra ao português, um substantivo com significação precisa. Sem falar no começo com Ç. Sítio sempre poderá ser outra coisa. E-mail eu escrevo imeio”. A idéia é interessante. Vamos tentar, aproveitando para explorá-la um pouco e enriquecer o português mais um bocadinho: tze próblemi uíti déti, mai friendi, is déti litlo bai litlo uí uíu trânsformi tze pórtuguizi ina fu king lênguagi déti sáundis láiqui ínglix endi uráitis láike dize. Sei não, mas acho que não vai dar certo…

Finalmente: meu bom amigo Jean Carlos Ferreira escreve para lembrar que, na “Dica do Piropo” da semana passada eu esqueci de mencionar que, em máquinas com mais de um usuário (ou nas quais o usuário efetua “logon”), a via de diretório da pasta onde o Outlook Express guarda as mensagens de cada usuário tem o aspecto de “\WINDOWS\Application Data\Identities\{userid}\Microsoft\Outlook Express”, na qual “userid” é um código correspondente à identidade do usuário e varia para cada usuário. Obrigado, Jean.

B. Piropo