Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
23/07/2001

< Leis da Ciência e da Natureza >


Dia desses, mestre Dauro Moura encaminhou-me um desses textos de autoria desconhecida que circulam pela internet: um conjunto de “leis” da ciência e da natureza que aparentemente nada mais são que brincadeiras mas que não deixam de ter lá sua substância (a Lei de Murphy, a mais famosa delas, é a base da implementação da redundância em sistemas à prova de falhas). Muitas, eu já conhecia. De outras nunca tinha ouvido falar. Como achei que seriam de interesse, selecionei algumas, alterei as que achei conveniente, inclui uma de minha própria lavra e a as transcrevo para vocês. Divirtam-se. Mas não deixem de ponderar sobre o verdadeiro sentido de cada uma e, sobretudo, tenham sempre em mente a mais importante delas, a Lei do Equilíbrio Universal, que deixei para o final.

Aqui vão elas, começando pela mais conhecida:

  1. Lei de Murphy: Se alguma coisa tem a menor chance de dar errado, por remota que seja, certamente dará.
  2. Comentário de O`Toole: Murphy era otimista.
  3. Axioma da Imperturbabilidade Irresponsável: Se você consegue manter o controle quando todos ao redor já perderam a cabeça, certamente é porque não conseguiu entender direito a situação.
  4. Lei do Unicórnio: Nunca brinque de pular carniça com um unicórnio.
  5. Hipótese Equivocada de ACM: É mais fácil obter o perdão que o consentimento.
  6. Guia prático da ciência moderna: Se é verde, é ecologia; se fede, é química; se não funciona, é física.
  7. Axioma da Inteligência Cibernética: Errar é humano, mas para fazer coisas realmente imbecis é imprescindível o concurso de um computador.
  8. Lei de RTFM: Quando tudo o mais falhar, leia o manual de instruções.
  9. Lei Fundamental da Mecânica: Nunca deixe qualquer objeto perceber que você tem pressa.
  10. Princípio de Shaw: Conceba um sistema que até um idiota pode usar e apenas um idiota se disporá a usá-lo.
  11. Lei da Gravidade Seletiva: Um objeto sempre cai de forma a causar o maior prejuízo possível.
  12. A Regra de Ouro: Quem tem o ouro, dita as regras.
  13. Marco de Mark: Amor é uma questão de química. Sexo é uma questão de física.
  14. Conclusão de Korman: O que torna especialmente difícil resistir às tentações é a possibilidade de que elas jamais voltem a se manifestar.
  15. Lei de Segall: Um homem com um relógio sabe que horas são. Um homem com dois relógios nunca tem certeza.
  16. Lei da Compensação Divina: O produto da Beleza pela Inteligência é igual a uma constante.
  17. Corolário de Piropo: Aqueles que não conseguirem entender a Lei da Compensação Divina devem se consolar com o fato de que, muito provavelmente, hão de ser pessoas bonitas.
  18. Lei do Equilíbrio Universal: Tudo depende.

PS: Cora Rónai me ensinou a ser complacente com os tradutores indicando meu nome para traduzir um livro. Sentindo na própria pele como é dura sua faina passei a ter a devida complacência com seus eventuais tropeços. Mas há um limite nas coisas. Como não tenho acesso ao original para confirmar minhas suspeitas, me abstenho de citar a editora – por sinal, das mais respeitáveis – e a responsável pela tradução, uma empresa que teve o desplante de incluir em seu nome a expressão “Traduções Técnicas”. Mas estou lendo um livro sobre C++ no qual encontro às dezenas barbaridades como “A listagem... que andaremos através de algum detalhe” (talvez “walk through”, “percorreremos”), “e então chama (a função) se qualquer” (ao que tudo indica “if any”, “caso exista”), “se quiser ver isso no trabalho” (quiçá “at work”, “em execução”). Mas há coisas piores, como a recomendação de “colocar (a variável) em uma janela de relógio do depurador” (ao que parece “watch window”, “janela de observação”), que transformam o texto em algo sem pé nem cabeça. Erros desse tipo em um romance talvez fossem toleráveis. Mas em um caro livro técnico sobre uma linguagem de programação já por si de difícil compreensão beira a irresponsabilidade. Como não acompanhei o processo de tradução, não posso garantir. Mas, pelo tipo dos erros, tudo indica que o original foi submetido a um desses programas “tradutores” e a revisão feita por quem fala mal o português, não entende inglês e não tem a menor noção de programação em C++. Um livro que compromete a editora. E que talvez leve alguns leitores a abandonar o aprendizado de C++ por acharem que a linguagem é incompreensível, quando na verdade a dificuldade de compreensão deriva da tradução irresponsável. Uma lástima.

B. Piropo