Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
06/08/2001

< UPS >


Dentro do gabinete de seu micro há uma caixa metálica de onde saem alguns feixes de fios coloridos. Chama-se “fonte de alimentação” e serve para fornecer energia elétrica aos componentes internos. Seu nome, “fonte”, passa a idéia errônea que ela “cria” corrente elétrica quando na verdade apenas a retifica (transforma de alternada, fornecida pela rede pública, em contínua) e abaixa sua tensão até as usadas pelos componentes internos. Além disso, ela “estabiliza” a tensão, ou seja: mesmo que a “voltagem” da rede pública varie, as fornecidas pela fonte de alimentação são mantidas aproximadamente constantes por circuitos eletrônicos que detectam as variações e tomam providências para compensá-las. Ora, se a fonte fornece tensões de saída estáveis mesmo quando a da entrada varia, então para que servem os tão populares estabilizadores de voltagem usados pela maioria dos micros domésticos? A resposta é simples: para nada.

Então porque “todo mundo” usa? Ao que parece, por má informação. “Todo mundo” sabe que as tensões nas redes públicas de energia costumam variar. “Todo mundo” está ciente que os componentes eletrônicos usados nos micros são delicados e não suportam variações de tensão, portanto convém estabilizá-la. E como “ninguém” sabe que a própria fonte de alimentação do micro se encarrega disso, “todo mundo” conclui que os estabilizadores externos são necessários. Eu mesmo já os usei. Mas assim que descobri como realmente funcionam as fontes de alimentação, deixei-os de lado. Ou melhor: substitui-os por unidades de suprimento de energia ininterruptível (UPS, de “uninterruptible power supply”), também conhecidas pelo detestável nome de “no-breaks”.

Uma UPS se interpõe entre a rede elétrica e o micro. Em seu interior há um conjunto de circuitos elétricos controlados por componentes eletrônicos e ligados a um acumulador de energia, ou bateria. Ela recebe a corrente elétrica da tomada e a transfere para o micro. Em condições normais isso é tudo o que faz – ou seja, praticamente nada. Porém seus circuitos eletrônicos estão permanentemente monitorando o fornecimento de energia. Caso haja uma interrupção, ou seja, uma “falta de luz”, os circuitos de controle entram em ação em um tempo incrivelmente curto (da ordem de milissegundos) e ativam dispositivos que drenam corrente contínua da bateria, convertem-na em alternada, elevam sua tensão até o nível fornecido pela rede pública e passam a alimentar o micro com ela, evitando a interrupção do funcionamento do computador. Dependendo do número e da capacidade de armazenamento de suas baterias, uma UPS é capaz de manter o micro em funcionamento por um tempo que varia de alguns minutos a poucas horas. O suficiente para acionar um gerador, no caso de servidores cujo funcionamento não pode ser interrompido, ou para gravar os arquivos nos quais se estava trabalhando, fechar os programas e desligar os micros domésticos. Depois, quando o fornecimento de energia é restabelecido, a própria UPS se encarrega da recarga das baterias e volta à sua passividade habitual.

As unidades mais simples fazem apenas isso. As mais sofisticadas, além de monitorar o fornecimento de energia, observam o nível de carga das baterias e o funcionamento do micro. Na eventualidade de uma “falta de luz”, enquanto alimenta o micro a UPS monitora a carga remanescente nas baterias. Se a energia retorna, a UPS se recolhe a seu papel de observadora. Mas se a interrupção for longa a ponto de drenar toda a carga das baterias, o próprio software instalado com a UPS se encarrega de gravar os arquivos, fechar os programas abertos e desligar a máquina. O micro pára, é verdade, mas os dados são preservados.

Já há alguns anos eu uso UPS. Baratas (das que “seguram” a máquina por dez ou quinze minutos) e “burras” (incapazes de gravar arquivos ou fechar programas sozinhas), mas para mim é o que basta. E já me pouparam de muitos dissabores. Se você usa o micro para algo mais que joguinhos e se algumas horas de seu trabalho valem mais que um par de centenas de reais, é o tipo do investimento que compensa. Sobretudo nesses negros tempos em que tanto se fala de “apagões”.

PS: nesta quinta-feira, dia 9, às 19 horas, no Instituto de Arquitetos do Brasil, o Núcleo de Cinema Irmãos Segreto apresentará o sítio <www.rio.org.br> da arquiteta Tamara Cohen. Na ocasião será realizado um painel de debates sobre o tema “Rio Eletrônico”, com a mediação de Jorge Costa e participação de José Inácio Parente e desse escriba que vos fala, que continua aceitando desavergonhadamente convites para falar sobre o que não entende. O evento é grátis e aberto ao público. O IAB fica no Flamengo, Rua do Pinheiro 10. O sítio, que já está no ar, é belíssimo.

B. Piropo