Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
12/11/2001

< O que eles dizem >


Semana passada descrevemos resumidamente as duas tecnologias empregadas nas impressoras a jato de tinta, a térmica, adotada por Canon, HP e Lexmark, e a piezoelétrica, usada pela Epson (se você deseja refrescar a memória, a coluna da semana passada, juntamente com todas as demais que publiquei, permanece disponível na seção “Escritos” de meu sítio, em <www.bpiropo.com.br>). Hoje abordaremos algumas vantagens e desvantagens de cada uma delas.

Como a tecnologia térmica usa altas temperaturas para produzir os jatos, a tinta deve necessariamente suportar calor. Isso, na pratica, descarta a possibilidade de gerar uma impressão resistente à água, já que a própria água deve obrigatoriamente ser usada como solvente. Além disso as gotas assim geradas apresentam um formato alongado, com uma “cauda” que tende a se partir em minúsculas gotículas que podem se espalhar sobre o papel e “borrar” a impressão. A tecnologia térmica demanda maior gasto de energia e tende a ser mais lenta divido à necessidade de esperar a câmara esfriar antes de gerar novo jato. Mas a característica que mais nos interessa é a durabilidade das cabeças: as freqüentes e bruscas oscilações de temperatura, provocadas pelo “esquenta/esfria” usado para gerar os jatos e sugar a tinta de volta para a câmara, submetem o material a esforços causados pelas sucessivas dilatações e contrações que tendem a deteriorar a qualidade da impressão após um tempo relativamente curto.

A tecnologia piezoelétrica não emprega calor. As primeiras impressoras a adotá-la usavam um cristal pizeoelétrico puro. As modernas o substituíram por um material denominado “atuador de camadas múltiplas” formado por duas finas lâminas justapostas, uma de cerâmica outra de material piezoelétrico, capaz de gerar uma pressão cem vezes maior consumindo menos energia e reduzindo significativamente o tamanho das cabeças. Essa tecnologia permite um controle mais preciso do tamanho, força e velocidade da gota, gera gotas mais esféricas que “borram” menos porque não produzem gotículas e pode imprimir mais depressa porque elimina a espera até a cabeça esfriar. A possibilidade de calibrar com grande precisão o tamanho e forma da gota enseja uma qualidade de impressão superior – particularmente em cores, onde as tonalidades são obtidas pela mistura de gotículas de três cores básicas. A tinta usada não precisa ser resistente ao calor, o que permite maior grau de liberdade na escolha do solvente e possibilita otimizar certas características, como absorção pelo papel e rapidez de secagem. E, finalmente, o mais importante: como não é submetida a bruscas e freqüentes mudanças de temperatura, a duração da cabeça piezoelétrica é extraordinariamente maior que a das térmicas.

Embora o rol de vantagens da tecnologia piezoelétrica seja grande, há outros fatores que devem ser considerados, inclusive e principalmente o custo muitíssimo mais elevado de suas cabeças de impressão. Esta razão justifica o fato da Epson, o único fabricante que usa essa tecnologia, manter a cabeça na impressora e quando a tinta se esgota trocar apenas o cartucho, nesse caso um mero reservatório de tinta. Por isso seus cartuchos são mais baratos (embora, na minha opinião, nem tanto quanto deveriam ser) que os das impressoras térmicas, já que estes incluem a cabeça. No entanto, se um dia você for obrigado a trocar a cabeça de impressão de uma impressora piezoelética não se surpreenda com o fato do preço da cabeça ser praticamente igual ao da própria impressora.

É justamente a menor durabilidade de suas cabeças de impressão a razão alegada pelos fabricantes de impressoras térmicas a jato de tinta para justificar o aparente desperdício de jogar as cabeças fora quando acaba a tinta do cartucho usado nas impressoras de baixo custo. Eles julgam ser mais econômico produzir cabeças simples, baratas e descartáveis que adotar processos caros e complexos para fabricar cabeças mais duráveis usando uma tecnologia que submete o material a tão grande variação de temperatura. Segundo eles, as cabeças são concebidas para durar apenas enquanto houver tinta no cartucho. Terminada esta, as cabeças ainda funcionam, mas já não produzirão uma impressão satisfatória. Por isso devem ser jogadas fora juntamente com o cartucho.

Essas são as alegações dos fabricantes. Semana que vem fecharemos essa série com alguns comentários de usuários, inclusive desse que vos fala. Até lá.

B. Piropo