Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
11/02/2002

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Quando comprei meu primeiro PC, lá pela metade da década de oitenta, podia escolher entre três sistemas operacionais: MS DOS, da Microsoft, PC DOS, da IBM, e DR DOS, da Digital Research. Todos baseados em linha de comando, muito parecidos e capazes de rodar os mesmos programas. Mas cada um desenvolvido por uma empresa diferente.

Hoje, para os PCs, além de Windows temos apenas o Linux. O problema é que ele não roda programas Windows e, pelo menos por enquanto, seu elenco de aplicativos não é suficiente para que um usuário que dependa do micro para viver, como eu e muitos de vocês, se sinta confortável. Por isso, e correndo o risco de ferir os sentimentos da aguerrida tribo dos admiradores do pingüim que tanto estimo, sou obrigado a afirmar que, em minha humilde opinião, seu dia ainda não chegou. Resultado: em termos práticos, o usuário do PC pode escolher hoje entre quatro sistemas operacionais, 98 SE, Me, 2000 e XP, todos Windows. Um a mais que há quinze anos, porém desenvolvidos pela mesma empresa. O que fazer?

Bem, para exercer uma opção consciente há que entender a confusa estratégia da MS, derivada da tentativa de satisfazer ao mesmo tempo dois anseios dos usuários: a estabilidade (obrigatória para as aplicações corporativas) e a compatibilidade com o que havia antes, incluindo o DOS (imprescindível para o usuário individual). Como tais anseios são mutuamente exclusivos, ela se viu forçada a manter no mercado duas linhas de sistemas operacionais. A primeira, para usuários domésticos, nasceu com Windows 3 (houve  versões anteriores, mas não dava para levá-las a sério) e evoluiu para Windows 95, 98, 98 SE e Me. A segunda, para corporações, é a linha NT, cujo exemplar mais atual é o Windows 2000. Do XP e seus dois sabores, falaremos adiante.

Sobre o Windows Me não há muito de bom a ser dito. Das mensagens que recebo de leitores relatando problemas, um número significativo e inteiramente desproporcional à fatia de mercado do Win Me vem de seus usuários. Portanto minha opinião sobre ele não há de ser das mais encomiásticas. E parece que o responsável pela seção de cartas da revista PC Upgrade (que usa o pseudônimo “The Doctor”) não pensa diferente. Tanto assim que, respondendo a um de seus leitores, afirma: “Minha primeira propensão é perguntar o que o levou a trocar Windows 98 SE, um sistema operacional altamente estável e facilmente configurável, pelo muito menos desejável Windows Me”. Sendo assim, sobre o Win Me não posso ir além de recomendar que, se em sua máquina ele funciona nos conformes (sim, às vezes acontece), deixe-o lá. Porém, se não o usa ou se está dando problemas, fuja dele.

Mas fugir para onde? Bem, minha experiência com o Windows XP ainda não é suficiente para forjar uma opinião sobre seu desempenho (mas admito que tenho ouvido alguns comentários positivos sobre ele). Porém, honestamente, não me sinto à vontade para recomendar um produto que adota o odioso procedimento da “ativação compulsória” (se você não sabe do que se trata e pensa em migrar para o XP, sugiro veementemente uma consulta às colunas que escrevi sobre o assunto a partir de 13 de agosto de 2001, disponíveis na seção Escritos/Trilha Zero de meu sítio em <www.bpiropo.com.br>).

Restam as versões 2000 e 98 SE (de Second Edition). Win 2000, concebido para uso corporativo, é extremamente estável. Mas padece de uma certa falta de drivers (especialmente para periféricos antigos) e o rigoroso controle que exerce sobre a máquina e a falta de compatibilidade com software antigo faz com que não seja ideal para uso doméstico – principalmente para quem gosta de jogos e similares. Já a versão 98 é mais flexível, embora menos estável. Então, em linhas gerais, minha recomendação é a seguinte: se você usa Win 98 SE e está satisfeito, fique com ele. Do contrário, e se procura um sistema mais estável, migre para o 2000 (eu o uso e estou muito satisfeito). Se ele não atender às suas expectativas e se a ativação compulsória não o incomoda (como certamente incomodará a quem costuma alterar freqüentemente a configuração de hardware), experimente o XP Home Edition, para um micro isolado, ou o Professional, se quiser trabalhar em rede. Do resto, fuja como o diabo da cruz.

Pelo menos até que o Linux tenha se firmado como um sério contendor no mercado. Então, quem sabe, a concorrência forçará a MS a abandonar a abominável prática da ativação compulsória e teremos maior liberdade de escolha.

Ah, e quase ia me esquecendo: evoé, Momo!

B. Piropo